Finalmente, Nelson Jobim foi demitido do Ministério da Defesa. O episódio derradeiro da sua presença no governo foram novas declarações desastradas e provocadoras, em que achincalha o desempenho de duas ministras do núcleo político do governo, precisamente aquelas que a presidente nomeou em junho último, numa trabalhosa reorganização da equipe ministerial após a queda de Antonio Palocci da Casa Civil.
A defenestração de Jobim já era esperada e mesmo reivindicada ao menos pelas forças progressistas que apoiam o governo Dilma, como apoiaram o de Lula, na expectativa de que se realizem mudanças de fundo no país no sentido da ampliação da democracia, da defesa da soberania nacional e na promoção da justiça social.
Nelson Jobim foi um fiel servidor do governo neoliberal e conservador do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que o indicou depois para o Supremo Tribunal Federal.
Em 2007, num ambiente de insegurança e comoção nacional criado por dois desastres aéreos e pelo caos na aviação civil, que no Brasil está sob comando militar, e em meio a uma campanha de desmoralização do então ministro da Defesa, instrumentalizada pela mídia e por setores oportunistas dentro do próprio governo, Lula nomeou Jobim para a pasta, que a assumiu com teatralidade e histrionismo. Tendo percorrido longa trajetória como civil, ex-deputado, ex-ministro da Justiça, ex-integrante da Suprema Corte, assumiu ares de caricata figura em trajes de caserna e campanha.
À frente de uma área sensível, pois o militarismo nunca foi extirpado da vida republicana brasileira, mesmo depois de decorrido mais de um quarto de século desde o fim da ditadura militar, Jobim incompatibilizou-se com o sentimento e as aspirações democráticas das forças progressistas, ao assumir, dentro do governo, o papel de principal ponta de lança dos militares para inviabilizar a revisão da Lei de Anistia, que permitiria a punição de sicários, assassinos e torturadores. O ex-ministro também fez o que pôde para dificultar a instalação de uma autêntica Comissão da Verdade, instrumento indispensável para promover reparações e a justiça em relação aos crimes cometidos durante os chamados anos de chumbo. Os seus despautérios foram de tal ordem, que chegou a fazer declarações em que era indisfarçável o sentimento de regozijo pela destruição de documentos que revelariam crimes da ditadura.
Ultimamente, Jobim pavimentou o caminho que levou à sua demissão fazendo afirmações que atestam sua condição de estranho no ninho num governo que tem no horizonte as transformações políticas e sociais. Fez juras de amor a FHC, em cuja festa de aniversário aludiu ao estilo supostamente suave do ex-presidente, em contraste com uma propalada conduta reprovável da atual mandatária no trato com auxiliares. E ainda fez cavilosas afirmações sobre “idiotas” que teriam perdido a “modéstia”, irritando setores do petismo, pois a interpretação que ficou no ar era que ele aludia a quadros do partido de Lula e Dilma. Para cumular a sua opção pela demarcação de campos com as forças progressistas, fez ruidosas afirmações de que votou em José Serra na última disputa eleitoral, em que o ex-governador de São Paulo foi derrotado por Dilma Rousseff. O menoscabo com as ministras Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti revelado na última quinta-feira foi, assim, uma gota d’água para a saída de Jobim do governo.
Há um tom geral de lamento da mídia em relação à demissão de Nelson Jobim. “Bom ministro”, “botou a casa em ordem”, “o verdadeiro ministro da Defesa”, teria sido “traído” pelo “temperamento” e por ter “tropeçado nas palavras”. Estas são as primeiras abordagens vindas a público nos panfletos televisivos, radiofônicos e nas páginas impressas dos jornalões.
Nelson Jobim no ministério era um dos bolsões de conservadorismo no seio de um governo que lida com imensas pressões e ainda é tímido na realização das mudanças necessárias para o avanço democrático e progressista do país. Sua demissão, embora tardia, é salutar e a nomeação do ex-chanceler Celso Amorim como seu substituto é uma boa notícia. Editorial Vermelho
A defenestração de Jobim já era esperada e mesmo reivindicada ao menos pelas forças progressistas que apoiam o governo Dilma, como apoiaram o de Lula, na expectativa de que se realizem mudanças de fundo no país no sentido da ampliação da democracia, da defesa da soberania nacional e na promoção da justiça social.
Nelson Jobim foi um fiel servidor do governo neoliberal e conservador do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que o indicou depois para o Supremo Tribunal Federal.
Em 2007, num ambiente de insegurança e comoção nacional criado por dois desastres aéreos e pelo caos na aviação civil, que no Brasil está sob comando militar, e em meio a uma campanha de desmoralização do então ministro da Defesa, instrumentalizada pela mídia e por setores oportunistas dentro do próprio governo, Lula nomeou Jobim para a pasta, que a assumiu com teatralidade e histrionismo. Tendo percorrido longa trajetória como civil, ex-deputado, ex-ministro da Justiça, ex-integrante da Suprema Corte, assumiu ares de caricata figura em trajes de caserna e campanha.
À frente de uma área sensível, pois o militarismo nunca foi extirpado da vida republicana brasileira, mesmo depois de decorrido mais de um quarto de século desde o fim da ditadura militar, Jobim incompatibilizou-se com o sentimento e as aspirações democráticas das forças progressistas, ao assumir, dentro do governo, o papel de principal ponta de lança dos militares para inviabilizar a revisão da Lei de Anistia, que permitiria a punição de sicários, assassinos e torturadores. O ex-ministro também fez o que pôde para dificultar a instalação de uma autêntica Comissão da Verdade, instrumento indispensável para promover reparações e a justiça em relação aos crimes cometidos durante os chamados anos de chumbo. Os seus despautérios foram de tal ordem, que chegou a fazer declarações em que era indisfarçável o sentimento de regozijo pela destruição de documentos que revelariam crimes da ditadura.
Ultimamente, Jobim pavimentou o caminho que levou à sua demissão fazendo afirmações que atestam sua condição de estranho no ninho num governo que tem no horizonte as transformações políticas e sociais. Fez juras de amor a FHC, em cuja festa de aniversário aludiu ao estilo supostamente suave do ex-presidente, em contraste com uma propalada conduta reprovável da atual mandatária no trato com auxiliares. E ainda fez cavilosas afirmações sobre “idiotas” que teriam perdido a “modéstia”, irritando setores do petismo, pois a interpretação que ficou no ar era que ele aludia a quadros do partido de Lula e Dilma. Para cumular a sua opção pela demarcação de campos com as forças progressistas, fez ruidosas afirmações de que votou em José Serra na última disputa eleitoral, em que o ex-governador de São Paulo foi derrotado por Dilma Rousseff. O menoscabo com as ministras Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti revelado na última quinta-feira foi, assim, uma gota d’água para a saída de Jobim do governo.
Há um tom geral de lamento da mídia em relação à demissão de Nelson Jobim. “Bom ministro”, “botou a casa em ordem”, “o verdadeiro ministro da Defesa”, teria sido “traído” pelo “temperamento” e por ter “tropeçado nas palavras”. Estas são as primeiras abordagens vindas a público nos panfletos televisivos, radiofônicos e nas páginas impressas dos jornalões.
Nelson Jobim no ministério era um dos bolsões de conservadorismo no seio de um governo que lida com imensas pressões e ainda é tímido na realização das mudanças necessárias para o avanço democrático e progressista do país. Sua demissão, embora tardia, é salutar e a nomeação do ex-chanceler Celso Amorim como seu substituto é uma boa notícia. Editorial Vermelho
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