Da Redação Sul 21
Os grupos de ativismo digital Anonymous e LulzSecBrasil divulgaram, na madrugada de domingo (7), uma série de documentos relacionados à Operação Satiagraha da Polícia Federal. No diretório, constam relatórios, transcrições de depoimentos, fotografias, gravações telefônicas e vídeos.
“Anonymous e LulzSec mostram o que as Organizações Globo escondem. A caixa de pandora está aberta”, disseram os hackers envolvidos no vazamento, por meio de contas no Twitter. Ainda que os resultados da investigação já tenham sido noticiados pela imprensa, é a primeira vez que a maior parte desses documentos fica ao alcance do público. Nenhum órgão federal se pronunciou, até o fechamento da matéria, sobre o vazamento.
O material foi divulgado por meio de uma página especialmente criada para a ocasião, chamada “SatiagrahaLeaks” – uma aparente homenagem à organização transnacional WikiLeaks. Há também um diretório no qual boa parte dos arquivos pode ser acessada. Na abertura do site, um texto assinado pelo grupo Anonymous justifica a liberação dos documentos como forma de combater as tentativas do governo brasileiro de restringir e controlar o acesso à Internet.
“O caminho para a verdade, esse é o significado de Satiagraha“, explica a nota. “Tais documentos vieram até nossa inteligência coletiva e agora devem ser expostos. A base da informação pertençe ao povo. Cada pensamento livre que você produz afasta os indignos de poder neste mundo. Desta forma, Anonymous repudia quaisquer ações que vão contra a liberdade de expressão e impedem a circulação de informações de maneira transparente”. Ao final, a nota dá o link para um abaixo-assinado contra a aprovação da chamada Lei Azeredo, apelidada pelos críticos de AI-5 Digital.
A Operação Satiagraha foi deflagrada pela Polícia Federal em 2008 para investigar os negócios do banqueiro Daniel Dantas, ligado ao grupo Opportunity. Conduzida pelo atual deputado federal Protógenes Queiroz, a Satiagraha cumpriu 24 mandados de prisão e 56 ordens de busca e apreensão em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, além da capital federal Brasília. Além de Daniel Dantas, foram presos o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, morto em 2009 em decorrência de um câncer, e o investidor Naji Nahas, entre outros. Os presos foram acusados de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, movimentando cerca de US$ 1,9 bilhão.
Em junho de 2011, as provas obtidas durante a investigação foram declaradas nulas pelo Superior Tribunal de Justiça, sob a alegação de que a participação de integrantes da Agência Nacional de Inteligência (Abin) nas investigações era ilegal. Com isso, a condenação de Daniel Dantas a 10 anos de prisão foi anulada.
Em nota divulgada por sua assessoria na semana passada, Dantas disse que a operação Satiagraha foi “uma fraude armada para atender a interesses pecuniários privados e políticos”, com o obejtivo de causar “grande estardalhaço na imprensa”. “A operação foi encomendada por pessoas com interesses específicos, às quais era fundamental abalar a reputação do Opportunity no mercado”, diz a nota.
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