domingo, 22 de julho de 2012

Corrupção, mensalão e eleição




Existem três tipos de corruptos.


1- o flagrado, filmado, gravado, testemunhado, documentado etc, 2 – o acusado, julgado e condenado sem nenhuma prova pela imprensa – seja pra vender mais jornal, seja para derrubar presidentes, e 3 – o corrupto desconhecido que, portanto, só vai nos interessar quando for descoberto.


Os 38 réus a serem julgados a partir de 2 de agosto pelo Supremo Tribunal Federal, foram reunidos num pacote de processos batizado de “mensalão” durante o festival pirotécnico de factóides promovido pela imprensa em 2005. Quem não se lembra que durante mais de 6 meses, acusações sem provas, palpitaria novelesca e uma enxurrada de sensacionalismo barato inundaram as páginas de todos os jornais, revistas e canais de TV acusando, julgando e condenando o governo Lula de cabo a rabo? Foi uma bola de neve sem pé nem cabeça que paralisou o governo, derrubou ministros e quase conduziu o país a um desastre institucional.


Nem impeachment, nem fracasso, Lula venceu, convenceu e manteve o projeto de governo avançando nas mãos de Dilma. 7 anos depois, num Brasil mudado para melhor, surgem muitos sinais da inconsistência do formato e conteúdo daquelas acusações.


O vídeo que detonou o festival de linchamentos batizado de “mensalão” em 2005, sabemos agora graças à CPI do Cachoeira, que foi produzido pelo bicheiro a pedido de Demóstenes Torres para incriminar José Dirceu, atingir o PT e dar um golpe de estado em Lula.


Hoje podemos acompanhar as sessões de uma CPI em nossos computadores. Até em nossos celulares! Qualquer um pode acessar o áudio de centenas de horas gravadas pela polícia federal envolvendo Cachoeira e Demóstenes. Gravações revelam a associação criminosa entre o bicheiro o editor da revista Veja!!! Só isso já merece uma CPI exclusiva! E que fosse corajosa, voltando no tempo até os acordos de concessão firmados entre a ditadura militar e Roberto Marinho na década de 60!


A cada dia que passa, a teoria do “mensalão” se sustenta menos. O Tribunal de Contas da União acaba de considerar regulares os contratos do Banco do Brasil com as agências de publicidade de Marcos Valério. Também ficou demonstrado que o PT fez empréstimos bancários legais para pagar dívidas de campanha. Suas e de outros partidos da base aliada. Essa decisão do TCU alivia o peso nas costas dos juízes do STF invalidando o argumento “desvio de dinheiro público” – que é um dos pilares da teoria do “mensalão”. Outro pilar – o de que havia periodicidade de pagamentos de acordo com votações a favor dos projetos do governo no congresso – nunca passou de uma fantasia. Ora, um governo eleito por uma coligação de partidos que formaram uma bancada aliada que recebeu cargos e ministérios, não precisaria pagar pelo apoio destes mesmos deputados. Não tem lógica!


Os réus do chamado “mensalão” respondem a diferentes acusações. Uns podem ser condenados ou parcialmente. Outros absolvidos ou parcialmente. Mas duvido que se prove o tal “esquema mensal”… que “desviava recursos públicos”, que era orquestrado por Lula, Genoíno ou Zé Dirceu … e que deixou algum deles rico. E é isso que interessa estabelecer de uma vez por todas.


Certamente os juízes do STF reconhecem, com seus botões, que este processo bizarro só encontra parâmetros na idade média quando bruxas ardiam em praça pública. Mais do que ao tal “mensalão e mensaleiros”, certo mesmo é que estarão julgando a si próprios. E à instituição que representam. Sucumbirá o Supremo à pressão do PiG, levando consigo nossa democracia ralo abaixo, direto ao esgoto? Pois se embarcarem no charlatanismo denuncista da grande imprensa melhor esquecermos de vez todas as conquistas pós regime militar e nos conformarmos em voltar a ser uma republiqueta de bananas, governada por uma elite estacionada na escravatura e sustentada por uma famiglia de mafiosos midiáticos.


Sabemos que o julgamento do mensalão será usado pelo PiG para defender os muros de São Paulo contra o que consideram um inimigo mortal: o PT. É somente disso que se trata. Impedir que Haddad seja eleito e, pior ainda, faça um bom governo. Impedir que o PT tome a cidadela e devolva a cidadania a 3/4 da população que o PSDB mantém enlatados em vagões de trem há duas décadas…



Segundo a última pesquisa Datafolha, 45% dos paulistanos não conhece Haddad. Dividem suas preferencias entre Serra e Russomano. É triste notar que um país continental como o nosso seja informado por essa imprensa podre e que um candidato da envergadura de Haddad – que ficou à frente de um ministério tão importante quanto o da Educação por 10 anos – não seja conhecido por 45% da população da maior cidade do Brasil. É triste admitir que Haddad depende da campanha obrigatória na TV pra se fazer ver. Um ministro que revolucionou a educação e promoveu a inserção de milhões de brasileiros pobres nas universidades.


Voltando ao tema “julgamentos”. Os inocentes do grupo dos “mensaleiros”, caso este seja o veredicto para alguns, serão justiçados, a mídia obrigada a retratar-se além de indenizá-los? É pedir muito? Você acha mesmo?


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