A uma semana do início do julgamento do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), foi absolvida, por falta de provas, a ex-ministra chefe da Casa Civil da
Presidência da República, Erenice Guerra. A grande imprensa praticamente ignorou
o fato. Ao invés das manchetes de primeira página nos principais jornais, das
capas das principais revistas semanais e dos destaques nos principais
noticiários de rádio e televisão do país, como ocorreu quando eclodiu o
“escândalo” em que ela se viu envolvida, as notícias, agora, foram de meio de
página, longe das capas, sem alarde.
Pode-se afirmar que, ao contrário da efusividade das denúncias acusatórias,
do período da campanha eleitoral, a notícia da absolvição, divulgada agora, foi
dada quase que de forma envergonhada. As provas “cabais” e “irrefutáveis”, que
os principais veículos de imprensa do país diziam possuir, sequer foram aceitas
pela Justiça. E tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes, a menos que
Erenice cumpra a promessa que fez, em desabafo, ao final do julgamento, de
processar por calúnia e difamação os veículos que a acusaram sem ter provas para
tal.
Na verdade, para a maior parte dos veículos da grande imprensa brasileira, os
objetivos visados com a divulgação, com alarde, das denúncias contra Erenice
Guerra foram alcançados à época das denúncias. Eles pretendiam e conseguiram
provocar um segundo turno na disputa eleitoral para a Presidência da República.
Dilma Rousseff liderava com folga a campanha e, se não houvesse um fato novo e
relevante, a eleição se resolveria ainda no primeiro turno. José Serra precisava
de um empurrãozão e a grande mídia fez o serviço.
Sucessora de Dilma Rousseff como titular da Casa Civil da Presidência da
República, Erenice Guerra tornou-se o alvo da vez, mas a mira maior fora feita
sobre Dilma. Alvejando Erenice alvejavam Dilma também. Foi o que ocorreu.
Acusada de tráfico de influência, Erenice foi exonerada da chefia da Casa Civil
e Dilma, que fora “omissa” e “incompetente”, por manter Erenice como sua
“segunda” na Casa Civil e depois indicá-la para titular, foi empurrada a uma
disputa eleitoral de segundo turno.
José Serra e Marina Silva agradeceram. O primeiro foi para o segundo turno,
quando tudo indicava que já estava derrotado. A segunda se viu transformada em
“celebridade” instantânea daquela eleição mas, passada a votação, viu-se lançada
no rol das candidaturas cometa (que brilham por instantes e passam rápido), ao
lado de Heloisa Helena, a “celebridade” instantânea da eleição anterior.
No início da semana em que começará o julgamento do caso do “mensalão”, o
Sul21 chama a
atenção para o fato de que os que são alvo de acusações espalhafatosas nem
sempre são os reais culpados dos fatos que lhes são imputados. Muitas vezes, o
barulho da acusação serve para ocultar os reais interesses dos acusadores que,
como aconteceu no caso de Erenice Guerra e Dilma Rousseff, podem ser muito
diferentes daqueles da maioria da população. Dilma e Erenice, que foram
vilipendiadas, sagraram-se vitoriosas. A primeira venceu a eleição por uma larga
margem de votos e faz um governo que bate recordes de aprovação popular. Erenice
teve suas acusações arquivadas por falta de provas. A grande imprensa,
desmascarada, calou-se ou, ao menos, falou tão baixo que ficou quase inaudível.
Com relação ao “mensalão”, recomenda-se, ao menos, cautela.Sul21
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