quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A imprensa e o “mensalão”, Gurgel e Gilmar tem hora marcada com a verdade

Texto longo, mas vale a pena ler.



Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
foto correio braziliense
STF mostrará à imprensa que quem julga são os juízes e não os jornalistas.
Roberto Gurgel, o prevaricador-geral da República, “deu” a sua “sentença” e não “leu” simplesmente o relatório que deveria ser a peça de acusação que ele apresentou no plenário do STF. Percebeu, entretanto, que sua vontade de acusar, denunciar, condenar e dar entrevistas para a imprensa golpista antes do julgamento, como ocorreu no decorrer deste semestre, está a se transformar em um frágil castelo de areia à beira das ondas do mar. A ação penal 470 chamada de "mensalão" jamais deveria ser usada como trunfo de uma imprensa que tomou a vez e o lugar da oposição ao governo e que se transformou em um partido político não oficial, mas que se torna público e ativo por intermédio de suas manchetes de conotação político-ideológica e de caráter francamente oposicionista.

O procurador Gurgel, o Prevaricador, sentou em cima dos processos da Operação Monte Carlo da PF durante quase três anos. A operação investigou o senador cassado do DEM, Demóstenes Torres, o porta-voz do bicheiro Carlinhos Cachoeira, bem como o “procurador” dos interesses do criminoso tanto na esfera privada quanto na pública. Demóstenes, cria da imprensa burguesa de negócios privados, deixou de ser o arauto da moral, da ética e dos bons costumes e voltou a ser o que ele sempre foi: boy de luxo de bicheiro, moleque de recado e político sem a mínima noção do que é ser republicano para poder cuidar do País e da sociedade.
foto correio braziliense
O trio conservador e oposicionista ao governo: Peluso, Gilmar e Marco Aurélio.
Gurgel, o procurador condestável se mostra alinhado à oposição partidária (tucanos e congêneres) ao governo e no momento, como todo mundo sabe, encontra-se de joelhos e por isso precisa de aliados políticos de ideologia de direita na mídia monopolista, que a embala há dez anos, bem como em setores do setor público de poder e influência como o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República.

E é exatamente isto o que está a ocorrer quando homens como Gurgel, Gilmar, Peluso e Marco Aurélio de Mello procuram os holofotes, os microfones e as canetas da imprensa historicamente conservadora e golpista para tratar das coisas da República, imiscuindo-se em assuntos não pertinentes às suas esferas e com isso cooperar com uma oposição derrotada eleitoralmente três vezes e que não tem um programa de governo e propostas alternativas ao do PT e de seus aliados para apresentar ao povo brasileiro.
foto correio braziliense
Gurgel (E) fez acusações e se baseou em notícias, mas não tem provas concretas.
Para compensar a incompetência política e administrativa dos tucanos e dos demos, Gurgel, não satisfeito, deu continuidade à sua conduta equivocadamente partidarizada e pediu a abertura de investigação sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), mas não exigiu o mesmo procedimento em relação ao governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, que, como se observa, está envolvido até a medula com a quadrilha do bicheiro, bem como acusado de fazer negócios até de interesse pessoal com Carlinhos Cachoeira que, no momento, encontra-se preso.

Como é público e notório, Agnelo Queiroz foi vítima de conspiração e de outros crimes que visavam derrubá-lo do poder, como ocorreu, por exemplo, com os ministros Orlando Silva e Carlos Lupi, somente para ficar nesses, e, de forma transparente, mostrou na CPMI para todo o Brasil que ele não teve contato com tal quadrilha assim como abriu seus sigilos fiscais, telefônicos e bancários, ações essas que o tucano Perillo não se dispôs a fazer, porque gravações de PF demonstram que o governador goiano pode estar seriamente envolvido com o esquema criminoso, que, a bem da verdade, teve como cúmplices e conspiradores as revistas Época e Veja, cujos diretores e também editores, Eumano Silva e Policarpo Jr. “aparentemente” se associaram ao bicheiro.


Álvaro Dias, Demóstenes Torres e Roberto Gurgel: aliados da oposição.
Contudo, a imprensa continua sua ode à conspiração e trata o julgamento do “mensalão” como um show de quinta categoria, é verdade, mas que acarreta confusão e dúvida à sociedade brasileira, porque os barões da imprensa combatem o governo trabalhista de Dilma ao tempo em que odeiam, literalmente, o ex-presidente Lula, que se fez estadista e é reconhecido mundialmente por causa de seu governo eminentemente de perfil e propósitos sociais.

O que se percebe é que os conservadores deste País necessitam do “mensalão” como oxigênio para sobreviver politicamente, e, consequentemente, tirar o foco do escândalo Cachoeira, bem como usar o caso como arma nas eleições para as prefeituras deste ano, principalmente no que concerne à Prefeitura de São Paulo. O estado paulista e sua capital são os bastiões dos tucanos e seus aliados, como, por exemplo, o maior deles, os barões da imprensa, que querem pautar os governos e impor a vontade dos grupos econômicos os quais representam, notadamente os banqueiros e os grandes trustes internacionais de petróleo.


O jornalismo investigativo da Veja virou jornalismo bandido da Veja. Aliada do PSDB.
Autoridades como o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e juízes do STF, a exemplo de Gilmar Mendes, atacaram, antes de começar o julgamento, personagens envolvidos no processo do “mesalão”. Um absurdo. O juiz Gilmar e o procurador Gurgel são partes intrínsecas desse julgamento e jamais poderiam se comportar como adversários de pessoas que respondem à sociedade na condição de réus e não de condenados, o que é evidente. A imprensa de oposição ao governo, além de dar espaço para as sandices dessas duas personalidades nefastas à ordem jurídica do País, contraditoriamente tentou afastar do julgamento o juiz do Supremo, Dias Toffoli, por ele ter no passado trabalhado para o PT. Desfaçatez e sordidez na veia.

Gilmar e Gurgel há anos se aproveitam de seus cargos para agir de forma sectária, partidária e com viés direitista. Extrapolam suas funções para se tornarem pivôs de polêmicas que não cabem no papel daqueles que deveriam ser discretos, sucintos, assertivos, ponderados e dessa forma capazes de discernir com melhor precisão sobre os fatos e acontecimentos que porventura chegam às suas mãos para que eles possam dar continuidade aos trâmites dos processos e, consequentemente, proteger a sociedade e os interesses do Brasil.

Gilmar Mendes, Roberto Gurgel e Antônio Cezar Peluso são autoridades do Judiciário que se tornaram políticos, porém, sem votos, porque nunca disputaram eleições. Dois deles, Gurgel e Peluso, foram escolhidos por Lula, que, para mim, deu tiros nos pés. Gostaria de saber quem indicou essas pessoas ao presidente trabalhista, porque eles prejudicaram o processo democrático brasileiro e envergonharam o STF e a PGR.


Marco Aurélio é de oposição e questionou se Dias Toffoli poderia julgar. E o Gilmar?
Sobre Gilmar Mendes a única coisa que eu posso dizer é que o considero a herança maldita de FHC — o Neoliberal, que recentemente deitou falação sobre o “mensalão” e esqueceu que vendeu o Brasil, foi acusado de comprar votos no Congresso para emendar a Constituição e com isso se reeleger, além de ir ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires na mão, dentre muitos outros escândalos e desmandos praticados pelo pseudossociólogo e sua turma que se divertiu com a privataria tucana, nome muito sugestivo quando se trata, inclusive, de ser o título de um livro campeão de vendas e que foi boicotado pela imprensa cartelizada e monopolista.

No momento, a imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) está a banho-maria no que é referente ao “mensalão”. O motivo não é porque os barões e seus empregados de confiança estão a fazer um jornalismo que ouve os lados envolvidos ou porque ficaram mais prudentes ou responsáveis. Nada disso. É porque eles sabem que para haver a punição dos envolvidos no caso tem de haver provas. E é exatamente isto que não está a acontecer para o desespero e a frustração deles, ainda mais que depois de a PF descobrir que parte dessa imprensa se associou ao submundo do crime e os leitores e telespectadores perceberam que o jornalismo investigativo da Veja e da Época é na verdade um jornalismo bandido.

A verdade é que os advogados dos réus do “mensalão” estão a derrubar os castelos de areia erguidos pelo procurador Roberto Gurgel e os ministros e juízes Gilmar Mendes e Cezar Peluso, além de, evidentemente, a cúpula tucana, nas pessoas de FHC, José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Sérgio Guerra e o midiático Álvaro Dias, senador do Paraná e que há anos replica no Congresso a partir das terças-feiras o que a imprensa golpista publica e repercute nos fins de semana. Se não fosse a imprensa burguesa, os tucanos e os demos, que estão quase extintos, não teriam mais voz, porque ninguém escuta aqueles que não criaram sequer empregos para o povo.
foto divulgação
O PIG pressiona o STF, mas percebeu que juiz condena se somente houver provas.
Além disso, engana-se o cidadão ou o leitor que o “mensalão” vai ajudar os tucanos ou se tornar uma pauta irremediavelmente destrutiva para o governo trabalhista de Dilma Rousseff ou para o Lula ou para o PT ao ponto de influenciar nas eleições de outubro ou para presidente em 2014. O PT depois desse caso venceu as eleições de 2006 e 2010 e vai continuar sua luta em prol da inclusão social dos brasileiros e do desenvolvimento econômico do Brasil, apesar da demonização promovida pela imprensa alienígena, a mesma que foi cúmplice e protagonista do golpe militar de 1964 que levou João Goulart à morte no exílio, que fez Getúlio Vargas cometer suicídio, que perseguiu sem trégua e ferozmente Leonel Brizola, que tentou, em 2005, dar um golpe branco em Lula, além de atacá-lo duramente até hoje.

Para quem não sabe, a imprensa entreguista e de negócios privados faz com o PT o que fez com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) nos anos 40, 50 e 60. O problema da imprensa é que no julgamento do STF as pessoas tem o direito de defesa garantido, bem como o contraditório é a essência de qualquer julgamento que se baseia em um estado democrático de direito. Quero ver se os juízes do STF vão ter coragem de condenar, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu sem provas e sem ouvir seus advogados. Quem julga o "mensalão" são os juízes e não os jornalistas e seus patrões. A imprensa tem hora marcada com a verdade. É isso aí.

Um comentário:

Anônimo disse...

PONTO FINAL

"Vou ser claro: teve pagamento ilegal de recursos para políticos aliados? Teve. Ponto final. É ilegal? É indiscutível? É. Nós não podemos esconder esse fato da sociedade.”

José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça da Dilma, em 2008