"Nunca ninguém apresentou uma proposta de redesenho urbano como nós estamos apresentando", disse o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo; o plano é extinguir o "bairro-dormitório" ao desenvolver regiões marginais, o que evitaria tanto deslocamento pela cidadde
247 - O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, apresentou nesta segunda-feira seu "arco do futuro", como apelidou o marqueteiro João Santana o programa de governo petista para a capital paulista. O plano (clique aqui para conhecê-lo na íntegra) se baseia no replanejamento urbanístico da cidade e pretende descentralizar a lógica de São Paulo, que girará em torno de um novo eixo: a começar pela Avenida Cupecê (zona sul) e seguir pelas marginais Pinheiros e do Tietê -- fechando na Avenida Jacu Pêssego (zona leste).
"A análise dos números e a visualização dos mapas dos principais indicadores de São Paulo mostram que se trata de uma cidade profundamente desigual e desequilibrada", introduz o plano. "As desigualdades e os desequilíbrios se constituíram ao longo do próprio processo histórico da formação da cidade. Foram poucas as autoridades estaduais e os prefeitos que pensaram e agiram na cidade a partir do planejamento. Muitos dos planos elaborados foram ficando amarelados ao longo no tempo, jazendo nas gavetas da burocracia e da ineficiência. Mudar os rumos e os sentidos dessa história não é fácil, mas é o que se propõe a candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura Municipal de São Paulo", continua o texto.
O plano prevê investimento de R$ 20 bilhões em obras viárias nos próximos quatro anos e espera a colaboração do governo federal. "Nunca ninguém apresentou uma proposta de redesenho urbano como nós estamos apresentando. É a primeira vez que rompemos com o paradigma de Prestes Maia", disse Haddad durante a apresentação do programa -- no modelo de Prestes Maia, que tem 80 anos, a metrópole se divide em cidade-dormitório e área de trabalho.
A reorganização deve ser estimulada por meio de incentivos fiscais. Haddad promete reduzir de 5% para 2% o ISS das empresas que forem para as regiões alvo e avalia zerar o IPTU das iniciativas que se deslocarem das regiões de maior para menor demanda imobiliária. "Ninguém vai morar mais em bairro-dormitório", disse o candidato. "O projeto promove a descentralização do desenvolvimento da cidade de maneira a levar esperança para a população do extremo sul e leste de forma que eles terão uma cidade ao seu alcance", completou.
A ideia, grosso modo, é evitar tanto deslocamento, que chega a parar a cidade nos horários de pico. No plano estratégico, também os projetos de educação, saúde e cultura devem seguir essa lógica e escapar das regiões do centro e das Avenidas Faria Lima, Paulista e Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Vingando o sistema, as subprefeituras voltam a cumprir seu papel de administrar 'pequenas cidades'.
"O fato é que, desde a década de 1940 até hoje, a cidade de São Paulo vem crescendo baseada em um modelo de desigualdade socioterritorial, conhecido por espoliação urbana, no qual o desigual acesso à infraestrutura urbana, serviços públicos, mobilidade e empregos agrava a exclusão gerada pela baixa remuneração do trabalho", diz o texto. "Esse quadro é marcado por um processo de concentração da habitação popular nas periferias desqualificadas, o que constitui o pior cenário para as grandes metrópoles modernas", segue o programa. "Nos últimos anos, com a retomada do crescimento econômico do País, aumento do emprego, maior acesso ao crédito e implantação dos programas sociais, a situação econômica da população melhorou, mas a falta de uma política urbana, fundiária e habitacional no município, associada a um intenso processo de especulação imobiliária, agravou os processos de exclusão territorial", critica o texto.
Mobilidade
Além de reorganizar a cidade, o plano prevê a construção de 150 quilômetros de corredores de ônibus em faixas exclusivas. Também está nele a já apresentada proposta do bilhete único mensal e semanal. "Tem no mundo inteiro, mas aqui é um retrocesso (a proposta)", ironizou Haddad, aludindo às críticas do PSDB ao projeto. Há no plano ainda a sugestão ao governo estadual de estender a Linha 3-Vermelha do metrô da Barra Funda à Lapa, integrar por via subterrânea as estações Barra Funda e Brás, antecipar a inauguração da estação Pirituba da Linha 6-Laranja do Metrô, estender a Linha 2-Verde da Vila Madalena até Cerro Corá e ampliar da linha 5-Lilás de Capão Redondo até o Jardim Ângela.
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