Escrevo logo após a derrota do Brasil e o adiamento do sonho do ouro olímpico. Qual a relação entre o desastre da seleção olímpica com a CPI do Cachoeira?
Denúncia estampada na capa da revista Carta Capital desta semana traz mais provas do relacionamento da quadrilha do bicheiro com a revista Veja. Mostra mais uma vez que a publicação sempre esteve ao lado e serviu a interesses de grupos mafiosos e golpistas. O discurso de Fernando Collor ontem no senado, também reforça a necessidade de desmascarar estes bandidos travestidos de jornalistas. O futebol é mais uma das frentes onde atuam: assim como a Veja tinha Cachoeira em seu conselho editorial, a Globo tem Ricardo Teixeira em seu “conselho comercial”.
Desde a derrota na África do Sul, sob o comando do (não por isso menos vencedor) Dunga, a seleção principal de futebol (e agora a olímpica) perdeu o rumo. Muito se deve disso à Rede Globo, que manda, inclusive, no futebol brasileiro. Como jogador, Dunga foi capitão e campeão mundial pela seleção, capitão e campeão das Copas América e Confederações. Sob o Dunga treinador, ganhamos quase todos os amistosos, Copa América, Copa das Confederações e ficamos em primeiro lugar nas eliminatórias para a Copa da África do Sul. Dunga deu alma, raça, espírito de equipe à seleção brasileira. E por esse espírito peitou a Globo e foi demitido pelo comparsa da emissora, Ricardo Teixeira.
O motivo da demissão de Dunga, para quem não enxergou na época, foi o interesse financeiro da Globo que vende publicidade praticamente em todos os espaços possíveis na cobertura das Copas. Na copa da África do Sul a emissora extrapolou: qualquer entrevista de jogador levava o “oferecimento” de um patrocinador. Qualquer pum… e lá estava o microfone global. A marcação cerrada da Globo transformou os jogadores em bonecos do seu marketing voraz, perseguindo-os desde o momento em que acordavam até a hora de dormir. Dunga resolveu então proibir as entrevistas em dias de jogos. Limitou o assédio dos repórteres à concentração, hotéis etc. Fez tudo isso para poupar seus jogadores daquele espírito fofoqueiro de paparazzi dos repórteres.
Se pudesse, a Globo mudaria as regras do futebol para enxertar mais propaganda. Dividiria o jogo em quatro partes com intervalos de 10 minutos para entupir-nos de porcarias e chamadas de novela. Aliás é por isso que o futebol “não pega” nos EUA. É um sacrilégio para as TVs americanas dar 45 minutos de programação sem intervalos comerciais.
Com a limitação do acesso aos jogadores, a Globo perdeu “negócios” na África do Sul. “Culpa” de Dunga. Depois de elegê-lo como um dos melhores técnicos de toda a história, inclusive criando o termo “A Era Dunga”, a emissora o execrou e desmereceu todas as suas conquistas. Obedecendo à Globo, Ricardo Teixeira trouxe Mano Meneses – que na época estava “em alta” por ter levado o Corinthians da segunda divisão para o título de campeão brasileiro. Mas na seleção Meneses mostrou-se um fiasco total. Não ganhou NADA.
Bicheiros, empresários, grupos de direita e seus partidos políticos têm cadeira cativa no esgoto das redações do PiG. A imprensa que se coloca a seu serviço publica ou omite o que bem entender em nome da “liberdade de imprensa”. Impérios de comunicação construídos a princípio para apoiar a ditadura militar, são hoje a ditadura das comunicações. A Globo detém o monopólio dos direitos de transmissão de quase todos os eventos esportivos até 2025. Sua rede na TV aberta, rádios, jornais e revistas, suas emissoras no segmento da TV paga – tudo isso é inconstitucional. Para não prejudicar sua grade de programação e consequentemente seu faturamento, impõe aos clubes, jogadores e torcedores horários cruéis para os jogos. Principalmente durante a semana, quando obriga o torcedor a voltar para casa de madrugada.
O editor da Veja, Policarpo Junior, terá que comparecer à CPI para ser interrogado. Embora o dono da Abril e os filhos de Roberto Marinho tenham firmado um pacto para evitar a todo custo incriminar a revista, Veja sera desmascarada e seu dono provará de seu próprio veneno. Os desdobramentos da CPI do Cachoeira prometem muitas outras CPIs. Certamente a parceria da mídia com mafiosos não pára aí, na Veja. Âncora da Globo já foi denunciado como informante da CIA pelo Wikileaks. O mesmo em relação a outro jornalista da Folha. E isso, é claro, é só a ponta do iceberg.
A Globo já está buscando um novo treinador para a Seleção. Quem aceitar o cargo terá que se submeter às regras da emissora. Ou então, rua!
Fonte:O que será que me dá?
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