quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

ESTA VEM DA TERRA DE CLOACA


Um peixe chamado Walna
Uma das gravações mencionadas na denúncia feita pelo PSOL contra o governo Yeda Crusius trata da distribuição de blocos de dinheiro para várias pessoas. Os beneficiários daquilo que, segundo o PSOL, alguém na fita classifica como "mensalinho", seriam pessoas de pouca expressão política. Não haveria deputados ou secretários recebendo o tal dinheiro.

O PSOL não detalha onde aconteceu a distribuição, mas afirma que é possível identificar a data da gravação; teria ocorrido depois da eleição de Yeda. A importância da fita, neste caso, fica por conta de quem estaria presente na distribuição do “mensalinho”: Delson Martini e Walna Villarins Meneses.

O primeiro personagem ficou conhecido pelas tentativas de fugir da CPI do Detran e por ser filho do homem que teria comprado o apartamento de Yeda em Capão da Canoa (aquele cuja situação cartorial era complicadíssima e que a governadora diz ter vendido para arrumar o dinheiro que lhe possibilitou comprar a mansão da rua Araruama). Martini presidia a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) no tempo em que Antonio Dorneu Maciel era diretor financeiro da empresa. Depois, Yeda deu status de secretário de Estado a Martini que assumiu a Secretaria Geral de Governo.

Quando admitiu que seu governo vivia uma crise ética, Yeda exonerou Martini. Aliás, no mesmo dia, exonerou Cézar Busatto e Marcelo Cavalcante. Martini acabou indo à CPI e foi categórico ao afirmar que não cuidava das finanças da governadora. Isso, apesar de ter comprado um Passat de Yeda e seu pai um apartamento... Seja como for, acabou-se sabendo bastante sobre o primeiro personagem, até mesmo que ele comprara um Jaguar 1999.

Mas e o segundo personagem que estaria na fita? Ninguém, até hoje, conseguiu sequer uma declaração de Walna Willarins Meneses, e muito menos uma foto ou imagem daquela que a colunista Rosane Oliveira, de Zero Hora, classificou de "toda-poderosa, com controle sobre a agenda da governadora e influência sobre as nomeações. Por ela passam todas as indicações para cargos em comissão, filtro que já gerou desgastes à Casa Civil, encarregada de costurar apoios na Assembléia em troca de participação no governo." Uma jornalista que trabalhou no Piratini recentemente, garante que Walna não pede, manda.

Nesta quarta-feira, um repórter tentou falar com Walna mas ficou 45 minutos esperando no Piratini sem ser atendido. Mais tarde, ligou diretamente para ela. Quando se identificou, o telefone lhe foi batido na cara. Outro repórter que cobre o Palácio rotineiramente, afirma nunca sequer ter visto a assessora especial de Yeda. Durante a CPI, deputados receberam a informação de que Walna seria o contato mais próximo de Chico Fraga no governo o que nunca chegou a ser confirmado.

Mas então, se a colunista de ZH estiver certa e se a fita que o PSOL diz existir, existir mesmo, Walna pode ser considerada um peixe grande nesta história toda. Não só pela suspeita que o PSOL joga sobre ela, mas pela proximidade que mantinha com Yeda e todos os demais envolvidos nas denúncias. Walna seria, inclusive, um dos contatos mais constantes do governo com a representação de Brasília chefiada por Marcelo Cavalcanti.A bancada do PT chegou a pedir, formalmente, que o governo explicasse porque pagava tantas diárias a Walna em viagens de final de semana para Brasília. O partido ainda não recebeu a resposta.

Marco Aurélio Weissheimer, do RS Urgente, que se encontra entre meus blogs favoritos.

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