Terça, 9 de junho de 2009
A instalação da CPI da Petrobras no Senado trará uma nova rotina para a estatal do petróleo brasileira. A de responder todas as acusações - de parlamentares e da imprensa - envolvendo as decisões e obras da empresa. O presidente José Sergio Gabrielli resume a situação:
- O que tiver de equívoco será avaliado. O que tiver de melhorar, vai melhorar. O que forem acusações infundadas, serão tratadas assim, como acusações infundadas.
Nesta segunda-feira, Gabrielli sentou no centro do cenário do programa Roda Viva, da TV Cultura, para responder às críticas que a oposição levanta sobre a estatal.
Questionado sobre o momento "pré-eleitoral" que impregna o Congresso Nacional, o presidente da Petrobras se esquiva:
- Não quero ficar respondendo sobre esse debate. (...) A questão é que nós temos uma CPI que precisamos responder as questões que sejam pertinentes.
Em entrevista a Terra Magazine, após a gravação do programa, Gabrielli deu justificativas sobre o aumento dos custos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do gasoduto Urucu-Manaus.
Na primeira, o Tribunal de Contas da União (TCU) aponta irregularidades e suspeitas de superfaturamento. Na segunda obra, o custo da obra quase dobrou em relação ao que se previa no começo da obra em 2006 - foi para R$ 4,5 bilhões.
A seguir, a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - Primeiramente, gostaria de saber uma coisa: o senhor considera essa CPI o início do debate eleitoral de 2010?
A instalação da CPI da Petrobras no Senado trará uma nova rotina para a estatal do petróleo brasileira. A de responder todas as acusações - de parlamentares e da imprensa - envolvendo as decisões e obras da empresa. O presidente José Sergio Gabrielli resume a situação:
- O que tiver de equívoco será avaliado. O que tiver de melhorar, vai melhorar. O que forem acusações infundadas, serão tratadas assim, como acusações infundadas.
Nesta segunda-feira, Gabrielli sentou no centro do cenário do programa Roda Viva, da TV Cultura, para responder às críticas que a oposição levanta sobre a estatal.
Questionado sobre o momento "pré-eleitoral" que impregna o Congresso Nacional, o presidente da Petrobras se esquiva:
- Não quero ficar respondendo sobre esse debate. (...) A questão é que nós temos uma CPI que precisamos responder as questões que sejam pertinentes.
Em entrevista a Terra Magazine, após a gravação do programa, Gabrielli deu justificativas sobre o aumento dos custos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do gasoduto Urucu-Manaus.
Na primeira, o Tribunal de Contas da União (TCU) aponta irregularidades e suspeitas de superfaturamento. Na segunda obra, o custo da obra quase dobrou em relação ao que se previa no começo da obra em 2006 - foi para R$ 4,5 bilhões.
A seguir, a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - Primeiramente, gostaria de saber uma coisa: o senhor considera essa CPI o início do debate eleitoral de 2010?
José Sergio Gabrielli - Não quero ficar respondendo sobre esse debate e sobre as interpretações pré-eleitorais do momento. A questão é que nós temos uma CPI que precisamos responder as questões que sejam pertinentes, que sejam factuais e pontuais. Estamos preparados para responder todas as questões que sejam apresentadas. Imediatamente aquelas que são do requerimento e as investigações que eventualmente apareçam.
Certo. Mas o fato da CPI está delimitado? Existe fato a se investigar?
Não podemos nos manifestar mais sobre isso. Eu fui ao Congresso Nacional, conversei com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), conversei com o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), propondo a eles que eu iria até lá quantas vezes quisessem para explicitar as investigações do Senado. E que não via fatos para justificar uma CPI. Mas, uma vez que ela foi instituída, estamos prontos para esclarecer o que for necessário.
Já apareceram diversas reportagens sobre aumentos de preços de obras ligadas à estatal, como os problemas na refinaria Abreu e Lima e no gasoduto Urucuri-Manaus. Existem irregularidades nesse aumento do custo das obras?
Estruturalmente, os dois casos tem justificativas semelhantes.
Sobre o gasoduto na Amazônia primeiro...
Construir um gasoduto no meio da floresta amazônica, com todas as preocupações ambientais, com todos os cuidados necessários, são condições completamente distintas de outras obras. Então, consequentemente, o que aconteceu no Amazonas é que, na medida que começávamos a obras, víamos que a tecnologia adotada tinha que ser completamente alterada. Ou seja, ao invés de fazer uma construção em período seco, como é tradicional em obras pequenas, vimos que era melhor fazer em período molhados. E isso exige tecnologias que são usadas em construções no mar. Você tem que usar equipes e tubulações transportadas por helicópteros. São condições distintas das anteriores. Quem fez obra sabe isso só ocorre na hora.
E com a refinaria?
O mesmo acontece com a refinaria. Ela tem equipamentos extremamente pesados que ficam estáveis, permanentemente ali. Não é a mesma coisa de uma rodovia. Não adianta comparar os custos de construção de uma refinaria com os custos de uma estrada. É um equívoco. Mas nos dois casos nós temos justificativas técnicas para as diferenças.
A Petrobras está imune ao aparelhamento político? Como ela lida com as indicações e pressões políticas?
A Petrobras tem um processo decisório interno que, em alguns casos, envolve centenas de comitês e deliberações. Nossos projetos passam por vários portões de decisão, temos fluxogramas pré-determinados para processos licitatórios. Há também vários níveis de aprovação distintos. Dificilmente você tem os processos de licitação com decisões irregulares. Portanto, a Petrobras constituiu nesses 54 anos um processo de governança que faz com que ela, do ponto de vista de sua estratégia e de seus negócios, tome decisões que caminham nessa direção. Portanto, dificilmente você vai conseguir que indicações políticas, que eventualmente ocorram, venham a alterar os rumos da companhia. O nosso rumo estratégico atual vai até 2013 e tem uma visão até 2020, portanto, vai além dos governos.
Existe tranqüilidade, então?
Acredito que as várias discussões políticas de Brasília, que podem influenciar as decisões do governo, afetando e influindo sobre o Conselho de Administração, dificilmente alteram os processos de decisões da companhia. Que são sempre decisões coletivas e colegiadas.
A Petrobras vai responder todas as acusações da CPI? A empresa está preparada para entrar nessa etapa de denúncias, legítimas ou não?
Sim. Ela está preparada para responder. Evidentemente que dizer isso não quer dizer que ela está se preparando para se defender de tudo. O que tiver de equívoco será avaliado. O que tiver de melhorar, vai melhorar. O que forem acusações infundadas, serão tratadas assim, como acusações infundadas. Então, cada caso é um caso.
Terra Magazine
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