8/6/2009
Por João Vicente Goulart - de Brasília
Quando se instituiu na América Latina a triste e bem montada operação Condor sabíamos que os urubus estavam a serviço das ditaduras latino-americanas – dentro dos quartéis, nos DOI-CODI, nos CENIMAR da vida, melhor dizendo, da morte –, que nos trouxeram os desaparecimentos, os assassinatos premeditados, os seqüestros ilegais, as torturas e a imposição da força bruta contra a humanidade. Intuíamos que esta orquestração era muita bem planejada e com o apoio externo da política norte-americana, através da CIA, que operava e opera clandestinamente em favor dos grandes grupos multinacionais que dominavam e dominam a economia. Os agentes dos diversos serviços secretos pegavam carona nas costas da prepotência e do extermínio.
À espera de Justiça, os processos identificados e com pedido de abertura de ação civil pública dormem na morosidade da burocracia, enquanto os urubus que pertenceram à ditadura caminham impunemente ao lado das vítimas que fizeram. Quando voando nas asas do Condor, mataram políticos, de todas as nacionalidades, exilados em terras estrangeiras, através de venenos, bombas e seqüestros premeditados.
Este é o caso do pedido de investigação da morte do presidente João Goulart, que corre em Porto Alegre, encaminhado à Procuradoria da República pelo Instituto João Goulart, sob o N° MPF/PGR 1.00.000.011824-34. Até hoje não teve resposta para a sociedade brasileira, que deseja e quer o esclarecimento da participação do governo ditatorial do Brasil envolvendo o delegado Fleury, a CIA e o serviço secreto uruguaio na sub-operação chamada de Escorpião que terminou com a vida de Jango.
Estamos convictos que o silêncio e o retardamento desta investigação se deve ao reflexo que ela traria no debate da tão necessária revisão da Lei da Anistia em nosso país. Seu esclarecimento permitiria, na carona, outros esclarecimentos: Os corpos do Araguaia, a participação direta dos altos escalões militares nas ações de extermínio, o aparelhamento e a instrução de torturas da CIA através de agentes norte-americanos no país dos vários Dan Mitrione, a entrega do sub-solo nacional, ou seja a entrega da soberania do nosso país.
Não mais é possível que não se puna definitivamente os agentes da ditadura que embarcaram nas asas do Condor. Nossa sociedade, que já alcançou a maturidade política e consolidou a democracia, deve seguir o exemplo de outros países como o Uruguai, Argentina, Chile e até o Paraguai, que fizeram esta revisão, impedindo a prescriptibilidade e impunidade destes crimes. Colocaram na cadeia e processaram criminalmente aqueles que cometeram atos considerados de “lesa-humanidade”.
O Brasil não pode mais adiar a revisão desta ferida. Seus cidadãos e cidadãs necessitam, imperiosamente, conhecer o seu passado e punir seus agressores.
Pode-se anistiar atitudes e pode-se perdoar erros, mas não podemos renunciar ao entendimento da Justiça não punindo os atos cometidos contra a Pátria. Em nome da soberania, da liberdade e da verdadeira justiça devemos ir adiante com esta revisão.
Alguém antes lutou e perdeu a vida nas mãos destes urubus, carniceiros da morte e da tortura.
É em seus nomes que lutaremos.
É em seus nomes que limparemos a alma.
Vamos rever esta Lei da Anistia!
João Vicente Goulart é filósofo, presidente do Instituto Presidente João Goulart.
Por João Vicente Goulart - de Brasília
Quando se instituiu na América Latina a triste e bem montada operação Condor sabíamos que os urubus estavam a serviço das ditaduras latino-americanas – dentro dos quartéis, nos DOI-CODI, nos CENIMAR da vida, melhor dizendo, da morte –, que nos trouxeram os desaparecimentos, os assassinatos premeditados, os seqüestros ilegais, as torturas e a imposição da força bruta contra a humanidade. Intuíamos que esta orquestração era muita bem planejada e com o apoio externo da política norte-americana, através da CIA, que operava e opera clandestinamente em favor dos grandes grupos multinacionais que dominavam e dominam a economia. Os agentes dos diversos serviços secretos pegavam carona nas costas da prepotência e do extermínio.
À espera de Justiça, os processos identificados e com pedido de abertura de ação civil pública dormem na morosidade da burocracia, enquanto os urubus que pertenceram à ditadura caminham impunemente ao lado das vítimas que fizeram. Quando voando nas asas do Condor, mataram políticos, de todas as nacionalidades, exilados em terras estrangeiras, através de venenos, bombas e seqüestros premeditados.
Este é o caso do pedido de investigação da morte do presidente João Goulart, que corre em Porto Alegre, encaminhado à Procuradoria da República pelo Instituto João Goulart, sob o N° MPF/PGR 1.00.000.011824-34. Até hoje não teve resposta para a sociedade brasileira, que deseja e quer o esclarecimento da participação do governo ditatorial do Brasil envolvendo o delegado Fleury, a CIA e o serviço secreto uruguaio na sub-operação chamada de Escorpião que terminou com a vida de Jango.
Estamos convictos que o silêncio e o retardamento desta investigação se deve ao reflexo que ela traria no debate da tão necessária revisão da Lei da Anistia em nosso país. Seu esclarecimento permitiria, na carona, outros esclarecimentos: Os corpos do Araguaia, a participação direta dos altos escalões militares nas ações de extermínio, o aparelhamento e a instrução de torturas da CIA através de agentes norte-americanos no país dos vários Dan Mitrione, a entrega do sub-solo nacional, ou seja a entrega da soberania do nosso país.
Não mais é possível que não se puna definitivamente os agentes da ditadura que embarcaram nas asas do Condor. Nossa sociedade, que já alcançou a maturidade política e consolidou a democracia, deve seguir o exemplo de outros países como o Uruguai, Argentina, Chile e até o Paraguai, que fizeram esta revisão, impedindo a prescriptibilidade e impunidade destes crimes. Colocaram na cadeia e processaram criminalmente aqueles que cometeram atos considerados de “lesa-humanidade”.
O Brasil não pode mais adiar a revisão desta ferida. Seus cidadãos e cidadãs necessitam, imperiosamente, conhecer o seu passado e punir seus agressores.
Pode-se anistiar atitudes e pode-se perdoar erros, mas não podemos renunciar ao entendimento da Justiça não punindo os atos cometidos contra a Pátria. Em nome da soberania, da liberdade e da verdadeira justiça devemos ir adiante com esta revisão.
Alguém antes lutou e perdeu a vida nas mãos destes urubus, carniceiros da morte e da tortura.
É em seus nomes que lutaremos.
É em seus nomes que limparemos a alma.
Vamos rever esta Lei da Anistia!
João Vicente Goulart é filósofo, presidente do Instituto Presidente João Goulart.
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