9 DE JUNHO DE 2009
Na pesquisa CNI-Ibope, divulgada nesta terça-feira (9), o governador tucano José Serra crava 38% das intenções de voto para presidente, mais que o dobro dos 18% da ministra petista Dilma Rousseff. Boa notícia para a oposição? Por que então os sites oficiais do PSDB e do DEM não deram uma palavra sobre o tema? A resposta está na popularidade de Lula. A direita brasileira ainda tateia em busca de uma via como a da direita europeia, que faturou com a crise na eleição deste domingo.
Por Bernardo Joffily
Na pesquisa CNI-Ibope, divulgada nesta terça-feira (9), o governador tucano José Serra crava 38% das intenções de voto para presidente, mais que o dobro dos 18% da ministra petista Dilma Rousseff. Boa notícia para a oposição? Por que então os sites oficiais do PSDB e do DEM não deram uma palavra sobre o tema? A resposta está na popularidade de Lula. A direita brasileira ainda tateia em busca de uma via como a da direita europeia, que faturou com a crise na eleição deste domingo.
Por Bernardo Joffily
Os dois cenários eleitorais pesquisados pelo Ibope trazem os seguintes resultados:
Com Serra como candidato tucano
Serra 38%
Dilma 18%
Ciro 12%
Heloísa 7%
Com o governador mineiro, Aécio Neves, como candidato tucano
Aécio 12%
Ciro 22%
Dilma 21%
Heloísa 11%
Uma foto e não um filme
Foi a primeira edição da pesquisa CNI-Ibope que perguntou sobre a eleição presidencial de 2010. Portanto, não é possível fazer comparações e apontar tendências. Temos uma foto e não um filme – e uma foto tirada 15 meses antes da eleição.
Por isso a vantagem de Serra não tirou os arraiais demotucanos da fossa. De que vale bater Dilma 20 por pontos percentuais, se a diferença se reduziu em oito pontos, entre as duas últimas edições da pesquisa Datafolha (de 31/5), e 13,5 pontos, no caso das sondagens CNT-Sensus?
Em contraste, os resultados sobre popularidade do governo Lula e especialmente sobre a crise econômica podem ser comparados, pois somam uma série de 26 edições, no primeiro caso, e três edições no segundo. E é a curva, mais que os números absolutos, que desanima os demotucanos.
Uma barriga e não uma tendência
A avaliação do governo Lula atingiu seu pico na edição da CNI-Ibope de dezembro passado: 67 pontos de saldo positivo (Respostas "bom" e "ótimo" menos respostas "ruim" e "péssimo"). Este saldo caiu para 54 pontos em março, sob o impacto do baque econômico na virada do ano. Agora, porém, o saldo voltou a crescer, para 60 pontos. Portanto, março foi uma barriga, não uma tendência.
Pior ainda – para a oposição –, alguns dos maiores avanços foram justo nos segmentos menos favoráveis ao governo: mulheres (+6), faixa acima dos 50 anos (+17), educação universitária (+7), Regiões Sudeste e Sul (+ 6 em ambas), faixas de renda de cinco a dez salários mínimos (+10) e acima de dez (+8).
A curva se repete quando a pergunta é se o entrevistado "aprova ou desaprova a maneira como o presidente Lula está governando o Brasil". O saldo positivo era de 70 pontos em dezembro, 59 pontos em março e agora passou para 64. Idem para a nota média do governo, 7,8, 7,4 4 7,5, respectivamente.
O Brasil "mais preparado"
A parte do capítulo sobre a crise econômica é de absoluta coerência com os números acima. A porcentagem que tem conhecimento da crise subiu de 75% em dezembro para 81% em março e 87% em junho. Mas fatia que considera a crise "grave" ou "muito grave" foi de 84% para 83% e 78%. Os que acham que a economia brasileira será "muito prejudicada" eram 37% em dezembro, 40% em março e 30% em junho. E os que responderam "pouco prejudicada" foram 46%, 44% e 53%.
"O brasileiro está mais otimista em relação à crise econômica e aos seus eventuais efeitos. A população está com menos medo de ser afetada pela crise, espera que o Brasil seja pouco atingido e pensa cada vez menos em mudar seus hábitos de consumo. Além disso, cresce a aprovação à forma como o governo brasileiro vem enfrentando o problema", diz o relatório da pesquisa.
Este último ponto é o mais desanimador para os planos oposicionistas. Os entrevistados que acham o Brasil "mais preparado" para enfrentar a crise somaram, nas três edições, 23%, 39% e 48%. E os que acham as medidas anticrise do governo Lula "corretas" foram de 62% para 59% e 69% (responderam "incorretas" 15%, 22% e 16%).
Portanto, as respostas sobre a crise explicam com precisão quase matemática a "barriga" de março na popularidade de Lula, assim como sua recuperação em junho. Ora, a oposição entrou em 2009 depositando na crise suas maiores esperanças para 2010. Em março, festejou o que parecia ser uma inflexão de tendência. Agora, desaponta-se com a recuperação.
Hipóteses para futuros Ibopes
Não há nenhuma garantia de que a curva continue ascendente. Pelo contrário, esta hipótese é remota, pois o governo acha-se próximo do seu teto de popularidade estatisticamente possível. A melhor hipótese, para Lula e seus plano eleitorais, é que os números continuem a oscilar em torno das marcas de junho. Porém frustrou-se ao menos em junho a melhor hipótese para a oposição, de uma queda persistente, mesmo que lenta, da popularidade do governo.
Não admira que o noticiário sobre esta pesquisa tenha sido tão seco e lacônico. Nem que os sites do PSDB e DEM tenham preferido o completo mutismo. A longos 15 meses de distância, a eleição presidencial se anuncia bipolarizada e difícil, mas os números da CNI-Ibope são o que Lula e Dilma queriam.
Veja aqui o relatório completo da pesquisa CNI-Ibope
Ciro 22%
Dilma 21%
Heloísa 11%
Uma foto e não um filme
Foi a primeira edição da pesquisa CNI-Ibope que perguntou sobre a eleição presidencial de 2010. Portanto, não é possível fazer comparações e apontar tendências. Temos uma foto e não um filme – e uma foto tirada 15 meses antes da eleição.
Por isso a vantagem de Serra não tirou os arraiais demotucanos da fossa. De que vale bater Dilma 20 por pontos percentuais, se a diferença se reduziu em oito pontos, entre as duas últimas edições da pesquisa Datafolha (de 31/5), e 13,5 pontos, no caso das sondagens CNT-Sensus?
Em contraste, os resultados sobre popularidade do governo Lula e especialmente sobre a crise econômica podem ser comparados, pois somam uma série de 26 edições, no primeiro caso, e três edições no segundo. E é a curva, mais que os números absolutos, que desanima os demotucanos.
Uma barriga e não uma tendência
A avaliação do governo Lula atingiu seu pico na edição da CNI-Ibope de dezembro passado: 67 pontos de saldo positivo (Respostas "bom" e "ótimo" menos respostas "ruim" e "péssimo"). Este saldo caiu para 54 pontos em março, sob o impacto do baque econômico na virada do ano. Agora, porém, o saldo voltou a crescer, para 60 pontos. Portanto, março foi uma barriga, não uma tendência.
Pior ainda – para a oposição –, alguns dos maiores avanços foram justo nos segmentos menos favoráveis ao governo: mulheres (+6), faixa acima dos 50 anos (+17), educação universitária (+7), Regiões Sudeste e Sul (+ 6 em ambas), faixas de renda de cinco a dez salários mínimos (+10) e acima de dez (+8).
A curva se repete quando a pergunta é se o entrevistado "aprova ou desaprova a maneira como o presidente Lula está governando o Brasil". O saldo positivo era de 70 pontos em dezembro, 59 pontos em março e agora passou para 64. Idem para a nota média do governo, 7,8, 7,4 4 7,5, respectivamente.
O Brasil "mais preparado"
A parte do capítulo sobre a crise econômica é de absoluta coerência com os números acima. A porcentagem que tem conhecimento da crise subiu de 75% em dezembro para 81% em março e 87% em junho. Mas fatia que considera a crise "grave" ou "muito grave" foi de 84% para 83% e 78%. Os que acham que a economia brasileira será "muito prejudicada" eram 37% em dezembro, 40% em março e 30% em junho. E os que responderam "pouco prejudicada" foram 46%, 44% e 53%.
"O brasileiro está mais otimista em relação à crise econômica e aos seus eventuais efeitos. A população está com menos medo de ser afetada pela crise, espera que o Brasil seja pouco atingido e pensa cada vez menos em mudar seus hábitos de consumo. Além disso, cresce a aprovação à forma como o governo brasileiro vem enfrentando o problema", diz o relatório da pesquisa.
Este último ponto é o mais desanimador para os planos oposicionistas. Os entrevistados que acham o Brasil "mais preparado" para enfrentar a crise somaram, nas três edições, 23%, 39% e 48%. E os que acham as medidas anticrise do governo Lula "corretas" foram de 62% para 59% e 69% (responderam "incorretas" 15%, 22% e 16%).
Portanto, as respostas sobre a crise explicam com precisão quase matemática a "barriga" de março na popularidade de Lula, assim como sua recuperação em junho. Ora, a oposição entrou em 2009 depositando na crise suas maiores esperanças para 2010. Em março, festejou o que parecia ser uma inflexão de tendência. Agora, desaponta-se com a recuperação.
Hipóteses para futuros Ibopes
Não há nenhuma garantia de que a curva continue ascendente. Pelo contrário, esta hipótese é remota, pois o governo acha-se próximo do seu teto de popularidade estatisticamente possível. A melhor hipótese, para Lula e seus plano eleitorais, é que os números continuem a oscilar em torno das marcas de junho. Porém frustrou-se ao menos em junho a melhor hipótese para a oposição, de uma queda persistente, mesmo que lenta, da popularidade do governo.
Não admira que o noticiário sobre esta pesquisa tenha sido tão seco e lacônico. Nem que os sites do PSDB e DEM tenham preferido o completo mutismo. A longos 15 meses de distância, a eleição presidencial se anuncia bipolarizada e difícil, mas os números da CNI-Ibope são o que Lula e Dilma queriam.
Veja aqui o relatório completo da pesquisa CNI-Ibope
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