O chefe de governo do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, realiza nesta segunda-feira (23) a primeira visita de um presidente iraniano ao Brasil, em meio a críticas de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva estaria oferecendo apoio a um líder isolado pelas principais potências ocidentais. Contudo, para o especialista em Relações Internacionais Pio Penna Filho, a decisão de receber Ahmadinejad tem um "caráter pragmático": o Brasil está de olho no potencial do comércio entre as duas nações.
A bandeira do Irã é formada por três faixas de mesma largura, uma verde, uma branca e uma vermelha. O emblema nacional - a palavra Allah (deus) com uma caligrafia em forma de tulipa - é estampado ao centro da bandeira, na faixa branca, em vermelho. A expressão Allah Akbar (deus é grande), escrita em branco, é repetida 11 vezes na parte superior da faixa vermelha e 11 vezes na parte inferior da faixa verde
"O Irã é um país com petróleo, um país em desenvolvimento. É do interesse do Brasil aumentar o comércio com o Irã, fornecer alimentos, máquinas, e o Irã tem interesse na América Latina", afirmou Penna, doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e professor da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao UOL Notícias.
"O Irã vê o Brasil como país despontando em termos econômicos e políticos, um país emergente - precisamos lembrar que nós somos emergentes e o Irã não é", analisa Penna, acrescentando que Teerã busca formar "laços duradouros" na região, "mas não com todos os países latino-americanos, porque o Irã não tem fôlego para isso".
O foco do Irã, portanto, está em dois países: "Um é a Venezuela, uma parceria que se aprofundou no governo Hugo Chávez e agora já é uma relação tradicional; e o segundo país é o Brasil, que seria o seu novo parceiro na região", explica o professor.
"A diferença é que uma relação econômica com a gente é muito mais interessante, porque Brasil e Irã são economias complementares. No caso Irã-Venezuela, temos duas economias baseadas em petróleo, mas o Brasil tem capacidade para oferecer ao Irã bens dos quais ele precisa: alimentos, commodities, carros, máquinas", destaca Penna.
Atualmente, o intercâmbio comercial entre Brasil e Irã, apesar de largamente favorável ao Brasil, tem pouco peso no quadro geral do comércio exterior do país. De acordo com números oficiais, as vendas do Brasil para o Irã - com destaque para carne, óleo de soja, açúcar, milho, minério de ferro, papel, peças automotivas - alcançaram o montante de US$ 1,1 bilhão em 2008, o que representa aproximadamente 0,5% de todas as exportações brasileiras naquele ano.
Já as importações brasileiras de produtos iranianos - principalmente enxofre, frutas (uvas secas, figos secos, pistache), tapetes e peles - ficaram em US$ 14,7 milhões, menos de 0,01% do total das importações do Brasil de 2008. Com esse montante, as vendas do Brasil para o Irã foram 76 vezes maiores do que as compras feitas do país asiático.
Para o especialista em relações internacionais, a pauta de exportações do Brasil para o Irã mostra que é realista imaginar que esse intercâmbio pode superar os números atuais. "Existe potencial para o comércio ser muito mais do que isso. E por que a gente não vai explorar esse mercado?", aponta Penna.
Antes de sua surpreendente vitória nas eleições presidenciais de 2005, Mahmoud Ahmadinejad foi prefeito da capital Teerã.
Filho de um ferreiro, mudou-se do norte do Irã para a capital com sua família durante a infância; mais tarde, doutorou-se em engenharia civil.
Durante a corrida eleitoral de quatro anos atrás, Ahmadinejad prometeu dedicar aos pobres o dinheiro que o país consegue com o petróleo, mas durante seu governo o país encontrou graves problemas econômicos, em parte devido a sanções internacionais.
Ahmadinejad, 52, casado, pai de três filhos, ficou conhecido por seus comentários polêmicos, entre os quais a negação do Holocausto, o desejo de "tirar Israel do mapa" e declarações homofóbicas.
Ele reivindica o direito de enriquecer urânio no Irã para gerar energia elétrica, um programa que Israel e os Estados Unidos acusam de ter fins bélicos.
Foi reeleito em 12 de junho deste ano para seu segundo mandato presidencial, com quase 63% dos votos.
O principal motivo - apontado por parte dos empresários, por representantes israelenses e judeus, e pelos grupos políticos de oposição no Brasil - é que o presidente do Irã é um personagem marcado por declarações antissemitas, chefe de um governo que estaria desenvolvendo um programa nuclear potencialmente voltado a fins militares, e responsável pela repressão às manifestações públicas que se seguiram a uma reeleição de caráter duvidoso.
"É claro que negar o Holocausto é um absurdo, mas em geral a polêmica com o presidente iraniano é uma bobeira. Se fosse para levar isso a sério, o Brasil não poderia receber representantes israelenses [acusados de crimes de guerra], não poderia receber [o ex-presidente dos Estados Unidos] George W. Bush, que era considerado um tirano", questiona o analista.
Com relação às denúncias de autoritarismo, o pesquisador brasileiro responde: "De fato, o Irã não é um regime plenamente democrático. Mas quem é uma democracia plena? Quando George W. Bush foi eleito, não houve aquela aura de suspeição com os resultados? É preciso desmistificar essa história".
"No Afeganistão, os Estados Unidos acabaram de reconhecer a reeleição de [Hamid] Karzai, que lidera um governo corrupto e foi eleito com fraude, e ninguém fala nada", acrescenta Penna.
"Os Estados Unidos e a Europa ainda têm uma visão de ordem mundial que é uma bobagem. O Irã descende do império persa, tem uma tradição milenar de comércio internacional, porque era um centro mundial antes mesmo de existir o Ocidente", recorda Penna.
"Acreditar em todas as acusações contra o Irã é comprar propaganda norte-americana", acrescenta. "As polêmicas com Ahmadinejad não são impedimento para que o Brasil tente diversificar seu comércio. Um dos principais parceiros comerciais do Irã é o Japão, e não se ouve críticas a esse respeito".
Para o analista, a aproximação do Brasil com o Irã não deve ser motivo de preocupação. "A não ser que os iranianos percam o juízo e desenvolvam armas nucleares mesmo, mas esse não é o cenário agora", pondera Penna. UOL.
A bandeira do Irã é formada por três faixas de mesma largura, uma verde, uma branca e uma vermelha. O emblema nacional - a palavra Allah (deus) com uma caligrafia em forma de tulipa - é estampado ao centro da bandeira, na faixa branca, em vermelho. A expressão Allah Akbar (deus é grande), escrita em branco, é repetida 11 vezes na parte superior da faixa vermelha e 11 vezes na parte inferior da faixa verde
"O Irã é um país com petróleo, um país em desenvolvimento. É do interesse do Brasil aumentar o comércio com o Irã, fornecer alimentos, máquinas, e o Irã tem interesse na América Latina", afirmou Penna, doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e professor da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao UOL Notícias.
"O Irã vê o Brasil como país despontando em termos econômicos e políticos, um país emergente - precisamos lembrar que nós somos emergentes e o Irã não é", analisa Penna, acrescentando que Teerã busca formar "laços duradouros" na região, "mas não com todos os países latino-americanos, porque o Irã não tem fôlego para isso".
O foco do Irã, portanto, está em dois países: "Um é a Venezuela, uma parceria que se aprofundou no governo Hugo Chávez e agora já é uma relação tradicional; e o segundo país é o Brasil, que seria o seu novo parceiro na região", explica o professor.
"A diferença é que uma relação econômica com a gente é muito mais interessante, porque Brasil e Irã são economias complementares. No caso Irã-Venezuela, temos duas economias baseadas em petróleo, mas o Brasil tem capacidade para oferecer ao Irã bens dos quais ele precisa: alimentos, commodities, carros, máquinas", destaca Penna.
Atualmente, o intercâmbio comercial entre Brasil e Irã, apesar de largamente favorável ao Brasil, tem pouco peso no quadro geral do comércio exterior do país. De acordo com números oficiais, as vendas do Brasil para o Irã - com destaque para carne, óleo de soja, açúcar, milho, minério de ferro, papel, peças automotivas - alcançaram o montante de US$ 1,1 bilhão em 2008, o que representa aproximadamente 0,5% de todas as exportações brasileiras naquele ano.
Já as importações brasileiras de produtos iranianos - principalmente enxofre, frutas (uvas secas, figos secos, pistache), tapetes e peles - ficaram em US$ 14,7 milhões, menos de 0,01% do total das importações do Brasil de 2008. Com esse montante, as vendas do Brasil para o Irã foram 76 vezes maiores do que as compras feitas do país asiático.
Para o especialista em relações internacionais, a pauta de exportações do Brasil para o Irã mostra que é realista imaginar que esse intercâmbio pode superar os números atuais. "Existe potencial para o comércio ser muito mais do que isso. E por que a gente não vai explorar esse mercado?", aponta Penna.
Antes de sua surpreendente vitória nas eleições presidenciais de 2005, Mahmoud Ahmadinejad foi prefeito da capital Teerã.
Filho de um ferreiro, mudou-se do norte do Irã para a capital com sua família durante a infância; mais tarde, doutorou-se em engenharia civil.
Durante a corrida eleitoral de quatro anos atrás, Ahmadinejad prometeu dedicar aos pobres o dinheiro que o país consegue com o petróleo, mas durante seu governo o país encontrou graves problemas econômicos, em parte devido a sanções internacionais.
Ahmadinejad, 52, casado, pai de três filhos, ficou conhecido por seus comentários polêmicos, entre os quais a negação do Holocausto, o desejo de "tirar Israel do mapa" e declarações homofóbicas.
Ele reivindica o direito de enriquecer urânio no Irã para gerar energia elétrica, um programa que Israel e os Estados Unidos acusam de ter fins bélicos.
Foi reeleito em 12 de junho deste ano para seu segundo mandato presidencial, com quase 63% dos votos.
O principal motivo - apontado por parte dos empresários, por representantes israelenses e judeus, e pelos grupos políticos de oposição no Brasil - é que o presidente do Irã é um personagem marcado por declarações antissemitas, chefe de um governo que estaria desenvolvendo um programa nuclear potencialmente voltado a fins militares, e responsável pela repressão às manifestações públicas que se seguiram a uma reeleição de caráter duvidoso.
"É claro que negar o Holocausto é um absurdo, mas em geral a polêmica com o presidente iraniano é uma bobeira. Se fosse para levar isso a sério, o Brasil não poderia receber representantes israelenses [acusados de crimes de guerra], não poderia receber [o ex-presidente dos Estados Unidos] George W. Bush, que era considerado um tirano", questiona o analista.
Com relação às denúncias de autoritarismo, o pesquisador brasileiro responde: "De fato, o Irã não é um regime plenamente democrático. Mas quem é uma democracia plena? Quando George W. Bush foi eleito, não houve aquela aura de suspeição com os resultados? É preciso desmistificar essa história".
"No Afeganistão, os Estados Unidos acabaram de reconhecer a reeleição de [Hamid] Karzai, que lidera um governo corrupto e foi eleito com fraude, e ninguém fala nada", acrescenta Penna.
"Os Estados Unidos e a Europa ainda têm uma visão de ordem mundial que é uma bobagem. O Irã descende do império persa, tem uma tradição milenar de comércio internacional, porque era um centro mundial antes mesmo de existir o Ocidente", recorda Penna.
"Acreditar em todas as acusações contra o Irã é comprar propaganda norte-americana", acrescenta. "As polêmicas com Ahmadinejad não são impedimento para que o Brasil tente diversificar seu comércio. Um dos principais parceiros comerciais do Irã é o Japão, e não se ouve críticas a esse respeito".
Para o analista, a aproximação do Brasil com o Irã não deve ser motivo de preocupação. "A não ser que os iranianos percam o juízo e desenvolvam armas nucleares mesmo, mas esse não é o cenário agora", pondera Penna. UOL.
Um comentário:
AMIGO VEJA ISSO!
ABRAÇOS
http://raimafontenele.blogspot.com/2009/11/quem-e-lula-ele-e-o-filho-do-brasil.html
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