domingo, 15 de novembro de 2009

O Brasil com Lula é diferente:1.000.000 de empregos em 10 meses


O que isso significa para o crescimento da economia neste ano e no próximo

Denize Bacoccina

No último trimestre, a economia rodou à taxa de 8% ao ano, o que já deve garantir expansão de 5% em 2010

O número ainda não é oficial, mas será confirmado nesta semana. Quando o governo soltar o balanço da geração de empregos até outubro, o Brasil deve superar a marca de um milhão de empregos com carteira assinada criados este ano. E não se trata de um número qualquer. Esses dados são a principal âncora da retomada do crescimento não apenas neste ano, mas também no próximo.

Com emprego em alta e inflação sob controle, voltou também o consumo e com ele a perspectiva de que a economia retome a trajetória interrompida durante a crise. "A demanda por crédito já voltou. Tanto que aumentamos em praticamente 50% os prazos para capital de giro", disse à DINHEIRO o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

Ele também comemora a redução da inadimplência e o aumento do crédito consignado. Os novos consumidores, com emprego e crédito, são o motor da retomada do crescimento. Além do crédito, o décimo terceiro salário vai irrigar a economia neste fim de ano. Serão R$ 84,8 bilhões, o equivalente a 2,8% do PIB.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou na semana passada que o País já cresceu, no terceiro trimestre, a uma taxa anualizada entre 8% e 10%. "Com esse resultado, o Brasil já cresce entre 4% e 5% ao ano, confirmando o dinamismo da economia, mesmo durante o período de crise internacional", afirmou o ministro na terça-feira 10. Internamente, o Ministério da Fazenda já trabalha com a previsão de expansão de 1% este ano e de 5% no próximo.

Mas há previsões ainda mais otimistas do que a do ministro da Fazenda. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, projeta um cenário com crescimento de até 7% em 2010. Os dados do mercado de trabalho também representam um acerto do ministro Carlos Lupi. Quando disse, ainda no início do ano, que mais de um milhão de empregos seriam criados em 2009, ele foi chamado de louco até pelos colegas do governo.


Obras e mais obras: construção é hoje o setor que mais gera postos no País
Na semana passada, ao receber os dados preliminares do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ele voltou ao assunto. "Em outubro, pelos dados preliminares, já tinham sido criados mais de cem mil postos e vamos fechar o ano com 1,1 milhão de vagas", disse Lupi.

O Brasil assume a liderança na criação de empregos no momento em que o mundo desenvolvido ainda está demitindo. Nos Estados Unidos foram perdidos 3,5 milhões de postos até outubro, e na Europa o desemprego disparou, especialmente no Leste.

"O bom desempenho do emprego foi a grande surpresa deste ano. Ninguém previu que pudesse subir tão pouco e já recuar tão rápido", disse à DINHEIRO o economista Fernando Sampaio, sócio-diretor da consultoria LCA Consultores. O emprego industrial, que ficou negativo durante boa parte do ano, voltou a oferecer vagas nos últimos meses.

A queda das exportações foi compensada pelo mercado interno, estimulado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados de alguns segmentos. A indústria paulista, mais afetada pela crise, contratou em setembro e outubro. "Há agora uma redução do estoque negativo de perda de postos de trabalho", avaliou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Francini.

A criação de nove mil vagas reduziu para 34 mil a perda acumulada no ano. Em todo o País, a tendência do emprego industrial é de recuperação, não apenas com a retomada das vagas perdidas no primeiro semestre como de contratação para novos investimentos. "Já vemos recuperação e a superação virá no primeiro trimestre de 2010", disse à DINHEIRO o economistachefe da Confederação Nacional da Indústria, Flávio Castello Branco.

"Uma projeção de 8% a 10% para a indústria em 2010 é modesta. O setor vai apresentar uma forte taxa de crescimento e recuperação do emprego no ano que vem", diz Francini. Num encontro com investidores em Londres, na outra semana, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, explicou por que o Brasil foi pouco afetado pela crise. "O crescimento não é baseado no estímulo fiscal, que foi temporário, mas na criação de empregos e no aumento de renda. O aumento de renda dá a base para o crescimento saudável do crédito", disse ele.


As boas previsões para a economia em 2010 são baseadas não apenas no dinheiro que as pessoas têm no bolso, mas também na confiança no futuro.

Durante todo o período da crise, as pesquisas de confiança mostravam confiança no presente, mas as pessoas evitavam gastar com medo do futuro. Com o tempo, conforme as previsões mais pessimistas não se confirmaram, foram readquirindo a confiança e voltaram a consumir.

"Por isso que a redução do IPI deu resultado. Se não houvesse confiança, não teria tido tanto efeito", diz Sampaio. "As contratações com carteira assinada mostram a confiança no futuro", diz o economista Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas. Com emprego, confiança no futuro e dinheiro no bolso, o consumidor deve ir às compras, mantendo o ciclo virtuoso da economia e garantindo a expansão do PIB, que foi brevemente interrompida neste ano. IstoÉ Dinheiro.

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