quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tucanos receberam mais doações do Rodoanel

Clayton Freitas e Andréia Sadi, do R7.


Viga que rachou antes de ser colocada em viaduto; imagem feita por assessoria de deputado do PT flagra inscrições contra o governador.
As construtoras OAS, Odebrecht, CR Almeida e Camargo Corrêa, algumas das que integram o consórcio responsável pelas obras do trecho sul do Rodoanel, doaram R$ 1,7 milhão para a campanha de 22 deputados estaduais de São Paulo nas eleições de 2006.

O valor se refere apenas aos que estão no cargo atualmente. Desse montante, os atuais parlamentares do PSDB receberam o maior valor - R$ 684 mil (40%) -, seguidos pelos petistas que tiveram R$ 465 mil (27%) do total. O líder do PT, Rui Falcão, preferiu não comentar o assunto. Para o PSDB, as doações não influenciam a posição do partido frente ao acidente.

No último dia 13, três vigas de um viaduto em construção do trecho sul do Rodoanel desabaram e deixaram três feridos. O MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo quer explicações da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa do governo do Estado, sobre o acidente.

Levantamento feito pelo R7 com base em dados de prestação de contas disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aponta que 22 dos 94 atuais deputados da Alesp (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) receberam recursos das construtoras durante suas campanhas, em 2006.

Desse total, cinco são do PT e outros dez do PSDB. Os outros são do DEM (dois), PMDB (dois), PPS (dois) e um do PTB. Individualmente, quem mais recebeu recursos foi Rui Falcão (PT), líder do partido na Casa. Foram R$ 150 mil da OAS, R$ 100 mil da CR Almeida e R$ 50 mil da Camargo Corrêa.

Doações de campanha feitas por construtoras são comuns e não são ilegais. Trata-se do setor que mais realiza doações para candidatos em campanhas eleitorais no país.

..CPI do Rodoanel - A oposição ao governo José Serra (PSDB) na Alesp tenta reunir assinaturas para abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar suspeita de superfaturamento nas obras do Rodoanel.

Até agora eles conseguiram 23 nomes (20 do PT, dois do PSOL e um do PC do B). Os tucanos já avisaram que não vão aderir à aprovação da comissão. Para protocolar um pedido de investigação, são necessárias 32 assinaturas. Somente depois disso é que o pedido entra numa "fila". Na Alesp, podem funcionar até cinco CPIs ao mesmo tempo.

Em entrevista ao R7, o deputado Ênio Tatto (PT), autor da proposta de CPI sobre o Rodoanel, disse que a oposição quer que suspeitas de superfaturamento, prorrogação de contratos e também problemas ambientais da obra sejam investigados.

Para Tatto, a chance de conseguir reunir todas as assinaturas é pequena. Uma análise dos pedidos de comissões nos últimos anos revela que ele pode estar correto.

Das 86 CPIs pretendidas pela oposição na Alesp, apenas seis foram abertas, cinco delas após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). E somente uma delas - a CPI sobre suspeitas de irregularidades na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) - contou com apoio da base aliada de Serra na Alesp.

Temas importantes como as suspeitas de irregularidades de compras de trens para o Metrô de São Paulo e a tragédia nas obras de construção da estação Pinheiros da linha 4-Amarela do Metrô, que deixou sete mortos, não prosperaram.

Outro lado - Procurado por intermédio da assessoria de imprensa da liderança do PT, o deputado Rui Falcão preferiu não comentar as doações das empreiteiras. Já o líder do PSDB na Casa, Samuel Moreira, disse ao R7 que o fato de os deputados terem recebido verbas “não tem absolutamente nada a ver”.

- Tivessem eles [construtoras] não doado ou doado muito mais do que isso, nada seria fator que iria determinar a posição do PSDB.

Moreira afirmou que o PSDB não irá apoiar a CPI, porque considera que o governo paulista adotou medidas frente ao problema.

- Todas as providências [sobre o acidente] estão sendo tomadas e foram determinadas de pronto pelo governador, que esteve no local e exigiu que tudo fosse apurado. O Ministério Público está apurando, o IC (Instituto de Criminalística), o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), e o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) está se manifestando. Não vamos permitir que isso se transforme num palanque político eleitoral.

Moreira diz que não é contrário ao comparecimento do secretário de Transportes, Mauro Arce, à Alesp para falar sobre o acidente. Ele só defende que essa ida deva acontecer no “momento certo”. Questionado sobre qual seria esse momento, ele disse que talvez após a conclusão de laudos que apontem as causas do desabamento.

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