sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Compra de haras complica situação de Arruda


Durval acusa governador de ter comprado imóvel por meio de laranja. Rádio CBN informa que a propriedade, que não possui registro em cartório da zona rural do DF, foi adquirida a preço muito menor que o de mercado


Fábio Góis

A situação do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), protagonista do chamado mensalão do DEM (distribuição de dinheiro público entre aliados do GDF), parecia não ter como piorar. Mas piorou: segundo a rádio CBN, foi descoberto que Arruda comprou um haras (espécie de rancho para criação e treinamento de equinos) em nome de “laranja” e por baixo preço. A acusação foi feita à Polícia Federal pelo pivô do escândalo, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que aceitou delação premiada e gravou dezenas de vídeos e áudios comprometedores.

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De acordo com a reportagem (escute aqui o áudio), o haras mede 100 hectares, fica localizado na zona rural do DF e teria sido obtido por preço muito inferior ao praticado pelo mercado.

O estabelecimento teria sido comprado por Severo Araújo Dias em setembro de 2008, ao preço de R$ 492 mil, pagos em três parcelas. O hectare na região custa R$ 10 mil. Severo é considerado amigo de Arruda, e tem um filho, Rodolfo Carvalho Dias, que é assessor especial da Secretaria de Governo. Severo admite ter adquirido a propriedade, mas garante que a negociação não foi feita em nome do governador do DF. Ele diz também ser apenas “conhecido” de Arruda.

Moradores da região, que deram entrevista à rádio sem saber se tratar de conversa gravada, disseram que a propriedade é mesmo de Arruda, e que o governador e sua esposa Flávia já visitaram o local por diversas vezes. Muitas vezes, asseguraram os populares, o casal foi ao haras de helicóptero.

Uma funcionária do haras cuja identidade foi mantida em sigilo disse que a negociação foi realizada a portas fechadas, e que o antigo dono vendeu o estabelecimento com cavalos, equipamentos, veículos, mobília e demais bens incluídos no pacote. "Foi uma venda de porteira fechada", disse a mulher.

Severo não apresentou à reportagem da CBN os documentos que comprovariam a negociação, mas admitiu que o contrato firmado é "de gaveta". Não existe qualquer registro da propriedade no cartório da região. A assessoria de Arruda diz que ele nega qualquer relação com o haras.

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