A vitória acachapante de Evo Morales à reeleição na Bolívia e a maioria de dois terços que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), obteve na Assembléia Legislativa Plurinacional permitirão que o primeiro presidente indígena de um país de maioria indígena leve adiante as mudanças que vem introduzindo com sucesso.
A trajetória eleitoral de Evo Morales é muito interessante. Na primeira vez em que foi eleito, em 2005, teve 53,7% dos votos, e pouco depois, em janeiro de 2006, o Congresso convocou uma Assembléia Constituinte, na qual seu partido teve mais de 50% dos votos. Mesmo assim, Morales foi levado a um referendo revogatório, em 2008, a pedido da oposição, e obteve 67,4% de apoio.
Esse ano, em janeiro, um referendo à Constituição obteve 61,4% de apoio, e agora, na reeleição, Evo chegou a 62,5%, uma votação estrondosa, que confirma a sua popularidade e a confiança dos bolivianos nos rumos que impõe ao país. Nos inúmeros adjetivos pejorativos que atribui a Morales, os setores conservadores do país e a mídia que o acompanha mundo afora não poderão lançar mão do título de antidemocrático, já que são poucos os políticos que se submetem a cinco pleitos em apenas quatro anos, com tamanho sucesso.
No domingo da eleição, o jornal O Globo estampou uma cândida chamadinha: “Bolivianos pobres devem consagrar Morales nas urnas”. Não vou nem entrar em juízo de valor sobre o que se podia subtender do título e prefiro tomá-lo ao pé da letra. Pois é exatamente isso. Os bolivianos pobres, que são maioria no país, votaram em Morales, porque pela primeira vez em muitos anos um governante olhou para eles. Isso se refletia no belíssimo título da matéria no interior do jornal, que tratava das camadas populares bolivianas, beneficiadas por suas políticas sociais: “Para quem Morales é só Evo”.
Da atenção que Morales dispensa aos menos favorecidos, cuja realidade conhece muito bem, pois é índio e um deles, advém outro adjetivo comum: populista. O presidente boliviano faria um governo irresponsável, aumentando os gastos públicos (para beneficiar os pobres) e gerando instabilidade econômica.
Para o desmonte de tal falácia, recorro ao artigo de Mark Weisbrot, do britânico The Guardian, que aponta a Bolívia como o país das Américas que terá o mais rápido crescimento pós-crise. E isso levando em conta que o país foi duramente atingido pela queda de valor dos seus principais produtos de exportação, gás e minério.
Nesse período, a Bolívia também não contava mais com preferências comerciais com os Estados Unidos, cortadas por Bush e ainda não retomadas por Obama. A Bolívia cresceu sem os EUA. Como bem observa o artigo do Guardian, a Bolívia seguiu por 20 anos os acordos com o FMI, e ao fim desse período sua renda per capita era menor do que a de 27 anos antes.
Morales retomou as rédeas do país, contrariou os ditames dos países centrais do capitalismo e com a renda proveniente da nacionalização do gás e do petróleo fez a Bolívia crescer com melhor distribuição de renda. Com a vitória de domingo, pretende aprofundar as mudanças com medidas fortes, que certamente irão despertar a reação dos conservadores, como a eleição de juízes e a ampliação da rede de proteção social desmantelada pela prevalência do Estado mínimo que o precedeu.
Mair Pena Neto, Direto da Redação
A trajetória eleitoral de Evo Morales é muito interessante. Na primeira vez em que foi eleito, em 2005, teve 53,7% dos votos, e pouco depois, em janeiro de 2006, o Congresso convocou uma Assembléia Constituinte, na qual seu partido teve mais de 50% dos votos. Mesmo assim, Morales foi levado a um referendo revogatório, em 2008, a pedido da oposição, e obteve 67,4% de apoio.
Esse ano, em janeiro, um referendo à Constituição obteve 61,4% de apoio, e agora, na reeleição, Evo chegou a 62,5%, uma votação estrondosa, que confirma a sua popularidade e a confiança dos bolivianos nos rumos que impõe ao país. Nos inúmeros adjetivos pejorativos que atribui a Morales, os setores conservadores do país e a mídia que o acompanha mundo afora não poderão lançar mão do título de antidemocrático, já que são poucos os políticos que se submetem a cinco pleitos em apenas quatro anos, com tamanho sucesso.
No domingo da eleição, o jornal O Globo estampou uma cândida chamadinha: “Bolivianos pobres devem consagrar Morales nas urnas”. Não vou nem entrar em juízo de valor sobre o que se podia subtender do título e prefiro tomá-lo ao pé da letra. Pois é exatamente isso. Os bolivianos pobres, que são maioria no país, votaram em Morales, porque pela primeira vez em muitos anos um governante olhou para eles. Isso se refletia no belíssimo título da matéria no interior do jornal, que tratava das camadas populares bolivianas, beneficiadas por suas políticas sociais: “Para quem Morales é só Evo”.
Da atenção que Morales dispensa aos menos favorecidos, cuja realidade conhece muito bem, pois é índio e um deles, advém outro adjetivo comum: populista. O presidente boliviano faria um governo irresponsável, aumentando os gastos públicos (para beneficiar os pobres) e gerando instabilidade econômica.
Para o desmonte de tal falácia, recorro ao artigo de Mark Weisbrot, do britânico The Guardian, que aponta a Bolívia como o país das Américas que terá o mais rápido crescimento pós-crise. E isso levando em conta que o país foi duramente atingido pela queda de valor dos seus principais produtos de exportação, gás e minério.
Nesse período, a Bolívia também não contava mais com preferências comerciais com os Estados Unidos, cortadas por Bush e ainda não retomadas por Obama. A Bolívia cresceu sem os EUA. Como bem observa o artigo do Guardian, a Bolívia seguiu por 20 anos os acordos com o FMI, e ao fim desse período sua renda per capita era menor do que a de 27 anos antes.
Morales retomou as rédeas do país, contrariou os ditames dos países centrais do capitalismo e com a renda proveniente da nacionalização do gás e do petróleo fez a Bolívia crescer com melhor distribuição de renda. Com a vitória de domingo, pretende aprofundar as mudanças com medidas fortes, que certamente irão despertar a reação dos conservadores, como a eleição de juízes e a ampliação da rede de proteção social desmantelada pela prevalência do Estado mínimo que o precedeu.
Mair Pena Neto, Direto da Redação
Um comentário:
Discurso de Ernesto Che Guevara, A influência da Revolução Cubana na América Latina, aos membros do Departamento de Segurança do Estado, 18 de maio de 1962.
Há outro grande país na América do Sul que se encontra numa situação bizarra e num equilíbrio instável: é o Brasil (...) Também no Brasil existem duas tendências nas forças de esquerda: as forças partidárias de uma revolução ou de uma via mais pacífica e legal para a tomada do poder (...)
Se no Brasil uma batalha decisiva fosse ganha, o panorama da América Latina seria rapidamente alterado. O Brasil tem fronteiras com todos os países da América do Sul, exceto com o Chile e o Equador (...) Por isso, exerce uma grande influência, é verdadeiramente o país ideal para se travar uma batalha (...)
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