VALDO CRUZ
Folha de S. Paulo - 22/02/2010
Depois da ruína do DEM no Distrito Federal, com o escândalo que levou à prisão o governador Arruda, agora é o prefeito Gilberto Kassab (SP) em apuros com a Justiça Eleitoral.
Não é possível comparar judicialmente os dois casos, por serem distintos, mas politicamente são, ambos, desastrosos para o principal parceiro do tucano José Serra na eleição presidencial de 2010.
Muito provavelmente Kassab terá melhor sorte que Arruda. Mas a cassação temporária de seu mandato é mais um revés para um partido que corre o sério risco de definhar eleitoralmente.
Os democratas apostavam seu futuro em dois nomes. José Roberto Arruda, tratado até pouco tempo como queridinho endinheirado, agora é renegado pelo partido. A fonte política brasiliense secou.
Kassab, aliado de Serra e comandante da maior cidade do país, era apontado como a chance de o DEM se firmar no eixo Sudeste, num partido praticamente nordestino.
Agora, não bastasse a perda de capital político com o caos das enchentes em São Paulo, surge a encrenca com a Justiça Eleitoral. Tempo para se recuperar Kassab tem. Enfrenta eleição somente daqui a dois anos.
Seu partido, o Democratas, contudo, não goza de mesma sorte. Terá de enfrentar uma eleição nacional daqui a oito meses, num cenário amplamente desfavorável. Já foi eleito, inclusive, como um inimigo a ser varrido da política pelo presidente Lula.
O petista não esconde de ninguém que, entre seus objetivos na eleição de 2010, está impedir a reeleição de boa parte dos senadores democratas, que infernizaram sua vida durante seus dois mandatos. Com grandes chances de sucesso.
Só falta o governador paulista José Serra, potencial candidato tucano na disputa com Dilma Rousseff, tentar esconder estrategicamente sua parceria com o DEM. Por sinal, se Serra perder a eleição, aí podem encomendar a missa de sétimo dia dos democratas.
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