BRASÍLIA - Em discurso no 4º Congresso do PT de aclamação de Dilma Rousseff como pré-candidata do partido à presidência da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser prioridade de sua vida e de seu governo eleger a ministra sua sucessora. "Eleger a Dilma é a coisa mais importante do meu governo", disse. "Eleger a Dilma não é secundário para o presidente da República, é a coisa prioritária na minha vida neste ano."
O presidente negou que a candidatura Dilma seja "tampão" e que esteja preparando a sua volta em 2014, reafirmando entrevista publicada no Estadão de ontem. "Rei morto, rei posto", disse. "Eu quero eleger a Dilma Rousseff presidente da República para que ela governe um primeiro mandato extraordinário e ganhe autoridade política para um segundo mandato neste país", afirmou Lula, sob fortes aplausos, ao se contrapor à estratégia de políticos "perversos e não-sérios", que prefeririam eleger o candidato adversário.
Em quase 50 minutos de discurso, Lula mandou um recado aos partidos aliados dizendo que o programa de governo será discutido com todos e com a candidata. Lula reforçou objetivos estatizantes que estão presentes nas diretrizes do PT para o programa de um eventual governo de Dilma e recomendou que a candidata esteja preparada para os ataques da oposição durante a campanha eleitoral. Conforme destacou, Dilma "sabe fazer como poucos no nosso querido Brasil" com que o Estado seja um grande indutor e veiculador do desenvolvimento econômico.
"Vão dizer que a Dilma vai ser estatizante. Se prepare. Isso não é ruim, não, isso é bom", afirmou Lula, dirigindo-se a Dilma. "Claro que você não vai querer estatizar borracharia, bar, pizzaria, cervejaria. Mas aquilo que for estratégico para o país, não estiver funcionando e precisar colocar para funcionar, a gente não tem que ter medo de tomar decisões que são importantes para o nosso país", completou.
O presidente passou parte de seu discurso falando bem de seu governo, que, segundo ele, Dilma herdará. Ele citou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa Luz Para Todos, o programa habitacional, Minha Casa, Minha Vida, os aumentos do salário mínimo que não causaram inflação, entre outras realizações, e ressaltou a política externa de seu governo como a "mais ousada e mais diversificada".
Mencionou conversa com o vice-presidente José Alencar, segundo a qual o Brasil hoje é lembrado por sua política e sua economia e não pelo samba e pelo futebol.
Na linha dos elogios, Lula afirmou: "A principal qualidade dela é ser rigorosa na gestão púbica. Para conhecer a Dilma é preciso conviver, brigar e teimar com ela". O presidente afirmou que a petista tem coragem política de não tremer diante acusações de adversários. "Não faz como tartaruga. Não esconde o pescoço". Lula ressaltou que Dilma foi uma "menina que, aos 20 anos, colocou a vida em risco para garantir a democracia no país e, como mulher, fez um trabalho extraordinário em sua ação governamental".
Lula continuou nos elogios: "Às vezes ela nos surpreende pela inteligência. Não precisa ter medo ou preocupação de dar uma tarefa para Dilma. Mesmo que ela não conheça o assunto, se torna especialista em 24 horas". Como exemplo, Lula falou da discussão sobre o sistema nipo-brasileiro de TV digital. "A Dilma era tão analfabeta como eu, mas, em uma semana, se tornou especialista", disse.
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