Fernando de Barros e Silva
Folha de S. Paulo - 23/02/2010
SÃO PAULO - José Roberto Arruda pulou o Carnaval no xilindró. Gilberto Kassab se vê às voltas com a Justiça Eleitoral, que ameaça cassar seu mandato. Eram essas as estrelas do Democratas, em quem o partido até ontem depositava esperanças de renovação política.
As situações do governador preso e do prefeito em apuros são distintas. Kassab deve ficar no cargo. Mas ambas as crises, embora diversas, são sintomas do esfarelamento da legenda que pretendeu encampar valores de uma nova direita no país.
Antes mesmo de se tornar Democratas, em 2007, o PFL já buscava transitar da representação oligárquica e patriarcal, que marcou sua identidade histórica, para um conservadorismo de perfil mais moderno, capaz de disputar o poder nos centros urbanos da região Sudeste.
Imaginava-se um partido que pudesse galvanizar as camadas médias da sociedade contra os impostos excessivos ou a presença ostensiva do Estado na economia. Um partido francamente a favor da iniciativa privada, que viesse unir a defesa da ética e a primazia do indivíduo em torno de uma política liberal.
O papel aceita tudo. A realidade é que atrapalha. Kassab já era "Taxab" antes que as chuvas de verão transformassem São Paulo na Veneza do fim do mundo. E Arruda virou assunto para a polícia e os humoristas -nada mais.
No final dos anos 90, o antigo PFL tinha seis governadores e mais de cem deputados -quase o dobro do que o DEM reúne hoje. A geração júnior de Rodrigo Maia e ACM Neto parece nascer mais velha que seus antepassados. Os coxinhas da Câmara exibem o olhar triste e o semblante sempre alarmado.
O DEM, que imaginava migrar dos grotões do Nordeste para o Sudeste, ainda tem seu destino atrelado ao pasto. Sua fronteira é o Centro-Oeste, onde de fato vocaliza os interesses do agrobusiness. Kátia Abreu, a senadora do Tocantins, é a valente do Democratas. A dama do cerrado é o que resta como força viva de uma legenda que luta para sobreviver como satélite do tucanato .
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