sábado, 27 de fevereiro de 2010

O pagador de promessas


Petista revela que apelou até aos santos para se ver livre do caso da Máfia dos Vampiros. Ontem, ele conversou com o Diario. Falou do alívio que a notícia trouxe e os seus planos políticos.

O secretário das Cidades, Humberto Costa (PT), tem duas promessas que terá pagar. A dívida não é com seus eleitores, mas com Nossa Senhora da Conceição, padroeira do morro que leva o mesmo nome da santa, e com Santo Expedito, o patrono das causas impossíveis.

O petista espera apenas a absolvição do Tribunal Regional Federal da 5ª Região sobre o envolvimento do seu nome no caso da Máfia dos Vampiros para quitar o débito. Humberto revelou que logo seu processo chegue ao fim, ele sairá direto para o Morro da Conceição. "Depois que o processo terminar tenho que subir o morro. Me tornei devoto nesses últimos tempos. Tenho que pagar muitas coisas à Nossa Senhora e a Santo Expedito", contou.

A rotina do petista um dia após o Ministério Público Federal declarar que não existem provas suficientes para incriminá-lo começou com status de celebridade. Foram mais de cem telefonemas ao longo do dia, além de mensagens de solidariedade via e-mail, twitter e torpedos em seu celular. A demanda foi tanta que Humberto não teve tempo de atender a todos, mas garantiu que ontem à noite responderia aos que faltaram. Entre as lideranças nacionais que ligaram para Humberto estavam o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT Nacional, Ricardo Berzoini. Também telefonaram lideranças do PSB, PCdoB, do PT, PTB, o conselheiro Romário Dias, ex-DEM e o ex-secretário de Defesa Social de Romero Menezes, além de amigos e parentes.

Humberto contou que estava dando aula em Petrolina quando recebeu a ligação de um dos advogados do processo, Eduardo Coelho, para dar-lhe a notícia. "Quando o telefone tocou fiquei com medo de atender. Mas atendi. Quando soube do resultado chorei e voltei para terminar a aula. Até agora minha ficha não caiu. Nunca me senti inteiramente a vontade no ambiente político enquanto essa coisa perdurou. Agora me sinto igual a todo mundo", revelou.


Entrevista // Humberto Costa


Primeiro houve a entrevista coletiva. Para mim foi muito emocionante. Depois saímos à noite para fazer uma comemoração. Dar vazão a tensão. Fomos num restaurante em Boa Viagem, tomamos umas garrafas de vinho, cerveja. Depois vim dormir. Saímos de lá um pouco tarde, era mais de meia-noite.

Dia seguinte

Meu primeiro compromisso era um café da manhã com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, mas acabei perdendo a hora. O atraso foi porque fiquei respondendo as dezenas de entrevistas e telefonemas. Quando cheguei o café já tinha acabado. Só cheguei 10h10. Acho que era mais para o almoço (risos). Acordei cedo com o pessoal ligando, a primeira entrevista foi por volta das 6h10. Fiquei atendendo telefonemas. Recebi mais de cem ligações. Depois do almoço tive outra reunião do diretório estadual.

Conversa com Dutra

Foi uma conversa do nosso grupo com ele. Procuramos situá-lo como estava o quadro aqui, a relação com Eduardo, a aliança para eleição. Colocamos nosso ponto de vista de como as coisas estavam no partido.

Senado

Explicamos para Dutra que essa aspiração vem independente de minha absolvição. Eu tinha tomado a decisão de que não seria esse fato (Operação Vampiro) que iria me impedir de disputar uma eleição majoritária. Vejo que desde o primeiro momento a população nunca acreditou nesse história (escândalo). Tirando o período da eleição, que de certa forma fui agredido pelas forças da direita, nunca fui hostilizado. O governador deu uma grande demonstração de confiança me convidando para fazer parte do governo mesmo eu estando indiciado por esse episódio. O próprio presidente Lula em 2008 me disse que eu fosse candidato a prefeito na eleição do Recife. Também foi uma demonstração de confiança dele. Do ponto de vista de vista eleitoral, as pesquisas mostram que meu nome tem um grau de competitividade.

João Paulo

Minha disposição de conversar com ele é total. Eu tenho com João Paulo uma melhor relação pessoal possível. Temos divergências de condução da política dentro do partido e divergência políticas, mas mesmo nos momentos mais difíceis temos um diálogo. Ontem (anteontem) ele me telefonou e deixou uma mensagem pela minha absolvição. Ele disse que estava solidário e feliz com o parecer do Ministério Público. Tenho com ele a melhor relação possível. Quando José Eduardo me falou da conversa com João Paulo eu disse de imediato não ter problema. Se a gente conseguir um caminho consensual para o posicionamento do PT será melhor para todo mundo.

Prévias

O que José Eduardo falou é que o esforço da direção nacional será total para encontrar uma solução que não leve às prévias, mas se for necessário é um instrumento democrático. O que a gente precisa é deixar que essa disputa interna fique dentro do partido e não seja feita pelos jornais. A gente fica na verdade trazendo um debate que é interno para a sociedade. Isso termina fragilizando quem quer que seja o candidato indicado para o Senado. Diário de Pernambuco.

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