Em ato de apoio informal e aos gritos de “olé, olê, olé, olá, Dilma, Dilma” cerca de mil militantes entre dirigentes, parlamentares, prefeitos e convidados recepcionaram a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, nesta quinta (8) à noite, no Centro de Convenções Ulysses Guimarãs, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A tônica dos discursos foi a crítica aos governos neoliberais do PSDB e a necessidade de avançar nas mudanças.
Referindo-se à militância do PCdoB, Dilma disse que são pessoas sabedoras de que “é preciso lutar para que as forças do atraso não voltem”. “Lutar para que não voltem aqueles que, incapazes de ter um projeto para o Brasil, venderam o patrimônio público e sempre querem desfazer o que está sendo feito”, discursou.
No ato político e festivo, Dilma foi recepcionada no palco ao som de “Aquarela” cantada por Martinho da Vila, Netinho e Lecy Brandão, todos filiados ao PCdoB. Jorge Mautner, também do partido, e Nelson Jacobina tocaram “Bandeira Vermelha”, composição de 1958. Zezinho Corrêa, ex-integrante do Carrapicho, fechou o evento com a música “Vermelho”.
A ex-ministra afirmou que o PCdoB está ao lado de um governo que provou que é possível crescer distribuindo renda, garantindo a estabilidade econômica, as liberdades democráticas e a paz social. Ela lembrou que o partido foi o único que esteve ao lado de Lula em todas as eleições, desde 1989.
“Foi assim, queridos companheiros e companheiras que vocês estiveram junto com o presidente Lula numa sólida aliança. É assim que tenho a honra de estar hoje aqui construindo junto com vocês a aliança para essa nova etapa histórica. E se esta aliança se mantém sólida, por tanto tempo, é porque há afinidade e identidade de propostas”, disse.
Torturada no regime militar, Dilma ficou bastante emocionada e chorou ao lembrar de antigos dirigentes do partido e vítimas da ditadura. “Vejo nos olhos de cada um de vocês a mesma chama que animou o heroísmo patriótico de um João Amazonas, de um Maurício Grabois de um Pedro Pomar e de uma Elza Monnerat. A mesma coragem e entrega de muitos que morreram no Araguaia, sonhando em construir um Brasil melhor.”
O vice-presidente José Alencar também foi recebido com carinho pelos comunistas. “Alencar! Guerreiro! Do povo brasileiro!”, gritavam os militantes antes da sua fala. “Eu me sinto em casa quando estou com o PCdoB. Vocês têm um coração muito grande, amor ao próximo. Vocês estão ligados às causas das pessoas mais humildes. Gosto tanto do PCdoB que eu gostaria de ser do PCdoB”, disse.
Lula destaca lealdade
O presidente Lula também enfatizou a necessidade de continuidade. “Nós temos obrigação de fazer com que o projeto que recuperou este país continue para que a gente possa fazer mais e melhor. Quando a gente entregar o mandato vamos comparar o Brasil que encontramos e o Brasil que deixamos”, disse.
Quanto ao apoio do PCdoB, Lula destacou a lealdade do partido. Disse ele a Dilma: “Eu posso te garantir, sem medo de errar, de que os que estão aqui e os milhares que não vieram serão de uma lealdade extraordinária”. O presidente também prestou homenagem ao ex-presidente do partido, João Amazonas.
Aos militantes do PCdoB, Lula disse que eles fariam campanha para uma mulher que tem uma a história que é motivo de orgulho para todos os brasileiros. “Eu conheço essa mulher, tive oportunidade de trabalhar com ela oito anos. E posso dizer a vocês, se eu conhecesse ela como conheço hoje, antes de ser presidente, eu teria indicado ela”, brincou.
No longo discurso, Lula elogiou o trabalho do ministro do Esporte, Orlando Silva, falou sobre a geração de empregos no país, mesmo diante da crise financeira, política externa, defendeu reforma política e das Nações Unidas.
Provocou risos na plateia ao contar que numa das viagens internacionais, o ex-presidente dos EUA, George W. Bush, ao entrar numa sala, todos presidentes de outros países levantaram, com exceção dele. “Quando entrei ele não levantou, porque eu iria levantar”, brincou. Também chegou a cantar trecho de uma música de Martinho da Vila.
Renato critica tucanos
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que a pré-candidata Dilma é a que melhor representa e expressa o projeto Lula, porque esteve no centro do governo e foi protagonista principal em sua aplicação. Para ele, isso é a garantia da continuidade e da possibilidade dos avanços.
Rabelo diz que não há como fugir do caráter plebiscitário das eleições. “Desesperadamente, tucanato, oposição e mídia monopolista tudo fazem para passar um borrão na comparação desses dois períodos, querendo zerar o jogo, como se fosse possível extrair Dilma do contexto do governo Lula. Enquanto isso, o seu candidato é apresentado como pós-Lula, como se nada tivesse a ver com o fracasso anterior”, afirmou. (clique aqui para ler a íntegra do discurso de Renato Rabelo).
Nos governos do PSDB, o presidente do partido lembrou que o Brasil estava inadimplente, quebrou três vezes, racionou energia em longo período, a infraestrutura atingiu um nível de extremo sucateamento, período de desemprego aberto, crescimento e renda per capita estagnada e pesada vulnerabilidade externa.
São quatro os ensinamentos mais importantes, na argumentação de Rabelo, concentrados nos dois governos Lula: A definição de um novo projeto nacional de desenvolvimento voltado para a defesa da soberania nacional; ampla frente política que congregue a maior parte dos partidos participantes da base atual do governo; liderança do presidente Lula com amplo prestígio nacional e internacional; e extenso respaldo e sustentação popular ao programa de governo que deve ser ajustado às aspirações da maioria da nação.
O presidente do partido disse que a continuidade é Dilma, mas, como ela já havia assinalado, “é preciso avançar, avançar e avançar”, porque ainda são grandes as exigências e os desafios a serem resolvidos.
Apresentou várias propostas como a necessidade de o Brasil chegar a uma taxa de investimento de 21% do PIB, ampliar ainda mais o crédito, intensificar o incremento à inovação tecnológica; persistir no aumento real do salário-mínimo; garantir e aperfeiçoar o planejamento que vem se estruturando através da execução dos PACs; realizar uma reforma tributária progressiva e de equilíbrio federativo; avançar na reforma política e; persistir elevando os investimentos para a conquista de educação e saúde universais e de elevado padrão.
Com auditório lotado, o ato contou ainda com a presença de diversos ministros e parlamentares de outros partidos. No palco estiveram o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra e os ministros Orlando Silva (Esporte) e Carlos Luppi (Trabalho).
Da Sucursal Vermelho de Brasília,
Iram Alfaia
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