Em que mundo vive o candidato oposicionista José Serra, do PSDB? As dificuldades que encontra para escolher seu candidato a vice-presidente dão a dimensão dos obstáculos que sua campanha enfrenta.
Seu vice dos sonhos era o ex-governador mineiro Aécio Neves para compor uma chapa “puro sangue” que exprimiria uma aliança tucana Minas/São Paulo. Não deu certo, como se viu. O chororo tucano pela chapa “puro-sangue” durou até as vésperas da convenção do partido que oficializou a candidatura de José Serra, em 12 de junho. Ela acabou adotando uma chapa incompleta, apenas com o nome do titular, deixando em branco o espaço destinado a um vice que ainda não existia.
O que se assistiu nas duas semanas seguintes foi a crescente exposição pública de uma crise interna que os tucanos tentaram disfarçar. O quintal tucano ficou ainda mais agitado após a divulgação da pesquisa do Ibope que confirmou a dianteira da candidata da esquerda, dos progressistas, democratas e patriotas, Dilma Rousseff vantagem que já havia sido indicada por sondagens anteriores dos outros institutos.
A dificuldade, e o desalento dos tucanos, cresceram ante a ameaça de debandada de aliados que preferiram afastar-se de uma derrota que desponta no horizonte. O comportamento do PP é o melhor exemplo – este partido, que inclusive estava no páreo para indicar o vice de Serra (o senador carioca Francisco Dornelles) preferiu declarar-se oficialmente neutro e dar um apoio informal a Dilma.
Nos últimos dias sucederam-se, nos cálculos políticos, os nomes dos eventuais companheiros de chapa de José Serra, e cada um deles escondia uma crise e uma avalanche de mágoas represadas: do PSDB são citados os senadores Sérgio Guerra (de Pernambuco, presidente nacional do partido) e Álvaro Dias (do Paraná); o DEM tenta impor um nome entre o deputado José Carlos Aleluia (BA), o senador José Agripino (RN) e a ex-governadora do Pará, Valéria Pires Franco. Entre os prováveis candidatos a vice sem mandato circulou, com força, o nome da presidente do Flamengo, a nadadora Patrícia Amorim, que foi vereadora no Rio de Janeiro pelo PSDB.
Vários sinais indicam o tamanho da encrenca tucana. O senador Sérgio Guerra foi abatido pelo mesmo veneno que a oposição conservadora usa contra seus desafetos quando a imprensa o acusou de empregar irregularmente oito parentes em seu gabinete, que receberiam salários sem trabalhar. Outro sinal foi a reação à ao anúncio feito na tarde da sexta feira (dia 25), através da internet pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB, que apoia Serra para a presidência), da escolha do senador Álvaro Dias para ser seu vice. A direção do PSDB correu para quebrar o impacto do anúncio, assegurando que a escolha sairia de uma consulta aos partidos coligados em torno de José Serra ((DEM, PPS e PTB), e que o nome será anunciado até domingo (dia 27).
Há ainda a insistência do DEM pela vice, embora a crise que envolveu o governo de seu correligionário José Roberto Arruda, do Distrito Federal, e as acusações de envolvimento do presidente nacional do partido, Rodrigo Maia, com desvio de dinheiro público, tenha esvaziado suas pretensões.
Para o DEM esta questão é estratégica para minimizar o previsível derretimento do ex-PFL na eleição deste ano. Ocupar a vice na chapa tucana seria uma forma de garantir algum brilho a este que já foi um dos maiores, senão o maior, partido da direita brasileira e que se encontra, em 2010, literalmente à beira do abismo. Serra fica entre dois riscos. Se escolher não atender a esta demanda pode perder o apoio de prefeitos que o DEM ainda controla; se atender pode trazer para sua campanha a lama de que esta legenda é acusada.
O nome de Patrícia Amorim foi acariciado por caciques tucanos que procuram, fora da política, um “fato novo”, atraindo a torcida do Flamengo, que ela dirige. Não seria, entretanto, um “fato novo” mas a repetição de velhos truques a que o desespero oligárquico recorre quando a ameaça de derrota se avizinha. Quem não se lembra da tentativa de lançamento do nome de Sílvio Santos, na eleição de 1989, para fazer frente a Lula?
O candidato tucano enfrenta dificuldades de quem não entendeu que, com o governo Lula, muita coisa mudou no Brasil. A consciência do eleitor avançou, crescendo o número dos que são refratários às manipulações tradicionais dos partidos conservadores e da direita. Além disso, partidos como o DEM, herdeiro da ditadura militar de 1964, ou o PPS, desaguadouro dos que renegaram o comunismo, parecem ter esgotado seu eventual papel histórico e tendem a definhar.
Finalmente, não tendo compreendido as mudanças ocorridas, Serra ficou sem discurso e oscila entre uma frágil máscara de continuidade para encobrir a face neoliberal e conservadora que os brasileiros derrotaram em 2002 e 2006. Serra, que tentou se apresentar como o pós-Lula, na verdade vive num mundo pré-Lula, preso num passado que o eleitorado vai deixando para trás. Portal Vermelho.
Seu vice dos sonhos era o ex-governador mineiro Aécio Neves para compor uma chapa “puro sangue” que exprimiria uma aliança tucana Minas/São Paulo. Não deu certo, como se viu. O chororo tucano pela chapa “puro-sangue” durou até as vésperas da convenção do partido que oficializou a candidatura de José Serra, em 12 de junho. Ela acabou adotando uma chapa incompleta, apenas com o nome do titular, deixando em branco o espaço destinado a um vice que ainda não existia.
O que se assistiu nas duas semanas seguintes foi a crescente exposição pública de uma crise interna que os tucanos tentaram disfarçar. O quintal tucano ficou ainda mais agitado após a divulgação da pesquisa do Ibope que confirmou a dianteira da candidata da esquerda, dos progressistas, democratas e patriotas, Dilma Rousseff vantagem que já havia sido indicada por sondagens anteriores dos outros institutos.
A dificuldade, e o desalento dos tucanos, cresceram ante a ameaça de debandada de aliados que preferiram afastar-se de uma derrota que desponta no horizonte. O comportamento do PP é o melhor exemplo – este partido, que inclusive estava no páreo para indicar o vice de Serra (o senador carioca Francisco Dornelles) preferiu declarar-se oficialmente neutro e dar um apoio informal a Dilma.
Nos últimos dias sucederam-se, nos cálculos políticos, os nomes dos eventuais companheiros de chapa de José Serra, e cada um deles escondia uma crise e uma avalanche de mágoas represadas: do PSDB são citados os senadores Sérgio Guerra (de Pernambuco, presidente nacional do partido) e Álvaro Dias (do Paraná); o DEM tenta impor um nome entre o deputado José Carlos Aleluia (BA), o senador José Agripino (RN) e a ex-governadora do Pará, Valéria Pires Franco. Entre os prováveis candidatos a vice sem mandato circulou, com força, o nome da presidente do Flamengo, a nadadora Patrícia Amorim, que foi vereadora no Rio de Janeiro pelo PSDB.
Vários sinais indicam o tamanho da encrenca tucana. O senador Sérgio Guerra foi abatido pelo mesmo veneno que a oposição conservadora usa contra seus desafetos quando a imprensa o acusou de empregar irregularmente oito parentes em seu gabinete, que receberiam salários sem trabalhar. Outro sinal foi a reação à ao anúncio feito na tarde da sexta feira (dia 25), através da internet pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB, que apoia Serra para a presidência), da escolha do senador Álvaro Dias para ser seu vice. A direção do PSDB correu para quebrar o impacto do anúncio, assegurando que a escolha sairia de uma consulta aos partidos coligados em torno de José Serra ((DEM, PPS e PTB), e que o nome será anunciado até domingo (dia 27).
Há ainda a insistência do DEM pela vice, embora a crise que envolveu o governo de seu correligionário José Roberto Arruda, do Distrito Federal, e as acusações de envolvimento do presidente nacional do partido, Rodrigo Maia, com desvio de dinheiro público, tenha esvaziado suas pretensões.
Para o DEM esta questão é estratégica para minimizar o previsível derretimento do ex-PFL na eleição deste ano. Ocupar a vice na chapa tucana seria uma forma de garantir algum brilho a este que já foi um dos maiores, senão o maior, partido da direita brasileira e que se encontra, em 2010, literalmente à beira do abismo. Serra fica entre dois riscos. Se escolher não atender a esta demanda pode perder o apoio de prefeitos que o DEM ainda controla; se atender pode trazer para sua campanha a lama de que esta legenda é acusada.
O nome de Patrícia Amorim foi acariciado por caciques tucanos que procuram, fora da política, um “fato novo”, atraindo a torcida do Flamengo, que ela dirige. Não seria, entretanto, um “fato novo” mas a repetição de velhos truques a que o desespero oligárquico recorre quando a ameaça de derrota se avizinha. Quem não se lembra da tentativa de lançamento do nome de Sílvio Santos, na eleição de 1989, para fazer frente a Lula?
O candidato tucano enfrenta dificuldades de quem não entendeu que, com o governo Lula, muita coisa mudou no Brasil. A consciência do eleitor avançou, crescendo o número dos que são refratários às manipulações tradicionais dos partidos conservadores e da direita. Além disso, partidos como o DEM, herdeiro da ditadura militar de 1964, ou o PPS, desaguadouro dos que renegaram o comunismo, parecem ter esgotado seu eventual papel histórico e tendem a definhar.
Finalmente, não tendo compreendido as mudanças ocorridas, Serra ficou sem discurso e oscila entre uma frágil máscara de continuidade para encobrir a face neoliberal e conservadora que os brasileiros derrotaram em 2002 e 2006. Serra, que tentou se apresentar como o pós-Lula, na verdade vive num mundo pré-Lula, preso num passado que o eleitorado vai deixando para trás. Portal Vermelho.
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