Faltando menos de quatro meses para ir às urnas, as eleitoras se mostram cada vez mais dispostas a votar em Dilma Rousseff (PT) para presidente. O detalhamento da pesquisa Ibope divulgado hoje revela que Dilma e o candidato do PSDB, José Serra, estão empatados com 37% das intenções de voto do eleitorado feminino. O último levantamento do Ibope, realizado em março, mostrava Dilma com 29% das intenções de voto entre as mulheres, contra 40% do tucano.
Em outro levantamento, do instituto Vox Populi, realizado há um mês, a petista está bem colocada no voto masculino, com 41%, mas patinava entre as mulheres, grupo em que 33% declararam apoio à candidata.
Para reverter a situação, a convenção eleitoral do PT que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, no último dia 13 de junho, já vinha focando no eleitorado feminino. Com olhos e discursos postados sobre este público, o evento indicou o que deve ser a tônica da campanha para renovar a estadia no Palácio do Planalto por mais quatro anos. Para tentar avançar sobre o eleitorado feminino, que, segundo as estatísticas de então, pendia para o lado de José Serra, o marketing petista investiu em aproximar a candidata à imagem de personalidades que marcaram época, como Anita Garibaldi e Patrícia Galvão, a Pagú. Os discursos proferidos por Dilma e Lula também se concentraram nas mulheres. Maria da Penha, símbolo do combate à violência doméstica, foi a única pessoa de fora do meio político a participar da mesa principal. A convenção reuniu cerca de 2,5 mil pessoas.
O foco no público feminino provocou até uma mudança sutil na identidade da legenda. Comandada pelo marqueteiro João Santana, a estratégia vem inserindo, aos poucos, a cor lilás em bandeiras, antes norteada pelo vermelho tradicional. As imagens da convenção, gravadas para serem exibidas em propaganda partidárias, incluíram até a presença de diversas meninas, vestidas com réplicas da faixa presidencial.
O discurso proferido por Dilma na convenção também foi permeado por símbolos femininos. “Sei que esta festa não é para homenagear uma candidata. Aqui se celebra, em primeiro lugar, a mulher brasileira!”, anunciou. Ao citar exemplos dos progressos na distribuição de renda durante a gestão de Lula, em comparação com governos anteriores, a candidata recorreu a linguagens próximas do imaginário feminino. “Sempre diziam que tinha de melhorar a casa primeiro para depois melhorar a situação. Falavam, falavam e nunca melhoravam. É impossível arrumar a casa deixando dois terços dos filhos à margem, ao relento”, apontou. O discurso ficou quatro dias em gestação e teve pinceladas de assessores diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como Franklin Martins e Marco Aurélio Garcia, além dos coordenadores de campanha, Antônio Palocci e Fernando Pimentel, e de João Santana.
Versos do jingle de campanha, repetido à exaustão, também levavam o debate de campanha para o campo do gênero: “É a mulher e sua força verdadeira. Eu tô com Dilma, uma grande brasileira”.
Nos dois dias antecedentes à oficialização da candidatura, 300 mulheres do PT participaram de uma plenária, em Brasília, que discutiu as melhores estratégias para derrubar a resistência do eleitorado feminino. Treze pontos genéricos foram discutidos na plenária, entre eles ampliar a participação das mulheres nos espaços de poder e decisão.
“Em cada estado, devemos mobilizar as mulheres dentro e fora do partido. O objetivo é fortalecer o nome de Dilma”, afirmou Socorro Pimentel, 55 anos, que veio da Paraíba para participar da plenária de mulheres e para reforçar o time feminino na convenção nacional do PT.
Filiada ao PT do Pará, Adelaide Brasileiro, 61, reclamava do machismo dentro do partido. “Muitas mulheres se candidatam apenas para cumprir a cota de 30% instituída no partido. Essas mulheres acabam fazendo campanha para os companheiros homens.” A militante acredita que a candidatura de Dilma vai quebrar resistências na legenda. “Ela vai inverter essa lógica.”
Da redação Vermelho
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