Desde o início deste ano, os demo-tucanos vem tratando o processo eleitoral como se fosse uma gincana escolar. Longe de serem construtivos para o debate, suas ações e seu discurso mostram total desordem mental e tática. Não estão sendo coerentes nem com sua própria ideologia.
A brincadeira começou na birra de José Serra em não assumir sua candidatura e, ao mesmo tempo, impedir a convenção interna do seu partido. A dúvida ali era se a soberba devia-se à certeza de “já estar eleito” de longa data pelas pesquisas e pela facilidade com que deslizou para a prefeitura e de lá para o governo de São Paulo – ou se, realmente, vivia uma crise existencial, indeciso entre garantir o pássaro da reeleição na mão, sem sair da poltrona de seu gabinete, ou se aventurar a buscar os dois voando fora dos muros midiáticos que separam a aldeia paulista do “resto”. Como vimos, sua “natureza” falou mais alto – coisa que Lula previu de longe, conhecedor da vaidade descomprometida com o Brasil dos paulistas do PSDB.
Enquanto o PT trabalhava com seriedade, apresentando à sociedade a Ministra-chefe da Casa Civil, responsável direta pelo PAC e demais programas em andamento e profundamente íntima de todos seus processos, como legítima candidata a sucessão – Serra inaugurava maquetes e brincava de solista do PSDB, reduzindo seus parceiros de partido a meros coadjuvantes de suas coreografias megalomaníacas.
Depois que Aécio Neves deu uma figa para sua pretensão de tê-lo como vice, Serra e os seus sentiram o drama que se avizinhava. O pastelão cresceu com lavagens de roupa suja em público, com as trapalhadas no episódio “procura-se um vice” e resultou finalmente no que parecia ser o ponto mais alto da comédia: a nomeação do tal Índio da Costa – que Serra mal conhecia – para o cargo de vice. O deslumbrado debutante, focado pelos holofotes midiáticos pela primeira vez, roubou a cena, fez pose de estrela para os fotógrafos, agarrou-se aos microfones e entoou uma verborragia infantil, repleta de palavras de ordem do ensebado cardápio da velha direita. O que dois dias depois lhe rendeu um cala-boca público do próprio partido e o emudeceu para sempre – acessório insosso que é no tabuleiro eleitoral.
A essa altura, Dilma já buzinava, pedindo passagem ao carro eleitoral de Serra para em seguida, engatar uma quarta marcha e passar por fora, assobiando. (E ainda teria muitas marchas para engatar…)
Enfim, quando se começa uma campanha deste modo jocoso, não dando ao processo sucessório a seriedade que sua dimensão impõe, é impossível manter algum respeito como candidato. Serra tornou-se uma espécie Enéas Carneiro invertido. Patina de uma lambança para outra, se reinventando diariamente, sem encontrar identidade convincente por ser uma fraude monumental.
Passou a maior parte de seu governo paulista no colo de um eleitor obtuso e avaliado como favorito para vencer em 2010. Por isso supôs que não tinha obrigação alguma em fazer um bom governo – sequer governar. Preso a estratégias arcaicas, bastaria investir maciçamente em publicidade para manter-se na “crista da onda” midiática e alimentando o ilusionismo de estar fazendo alguma coisa palpável em mais um mandato que não iria cumprir. Estratégia arrogante, que contava com a burrice do eleitor do resto do país – supostamente tão fácil de manipular quanto o eleitor paulista.
Agora, em função das evidências, Serra partiu para o jogo perigoso do golpismo que, ironicamente, é o mesmo que conheceu, do lado oposto, na época de estudante. De vítima em 64, tenta ser o algoz em 2010. Apesar de não sermos mentalmente o mesmo povo, nem país, a disposição ao enfrentamento armado, antes exclusiva de uma minoria de cães raivosos anti-petistas, chegou a se manifestar nos eleitores pró-Dilma nos últimos dias. E isso mostra o quão perigosa pode ser essa trama. Não se sabe, ainda, a quem e até que ponto, Serra conseguirá vender sua “hora da virada” golpista. O que faz dos nossos próximos 30 dias, um período de provação: seremos capazes de resguardar nosso ainda jovem estado de direito democrático, conquistado depois de tantos sacrifícios? Ou sucumbiremos às forças do retrocesso que acenam com a tomada do poder pela força, travestida de tapetão? Será preciso chegarmos a este impasse?
Até agora, o PIG fez a campanha de Serra abertamente e de forma vil, através da manutenção da audiência aos factoides e à retórica enganosa da oposição. Queremos acreditar que o TSE e STF continuarão a não se deixarem contaminar por este jogo rasteiro do PSDB e seus aliados.
Mas, seja qual for o desfecho deste processo, só o fato da mídia brasileira dar voz aos flertes golpistas de um candidato visivelmente desequilibrado – flertes que nos remeteram às terríveis lembranças dos tempos da ditadura – já nos revela, a nós mesmos e ao mundo, como uma democracia frágil, muito distante ainda do ideal que privilegia o debate honesto, plural e civilizado.
A brincadeira começou na birra de José Serra em não assumir sua candidatura e, ao mesmo tempo, impedir a convenção interna do seu partido. A dúvida ali era se a soberba devia-se à certeza de “já estar eleito” de longa data pelas pesquisas e pela facilidade com que deslizou para a prefeitura e de lá para o governo de São Paulo – ou se, realmente, vivia uma crise existencial, indeciso entre garantir o pássaro da reeleição na mão, sem sair da poltrona de seu gabinete, ou se aventurar a buscar os dois voando fora dos muros midiáticos que separam a aldeia paulista do “resto”. Como vimos, sua “natureza” falou mais alto – coisa que Lula previu de longe, conhecedor da vaidade descomprometida com o Brasil dos paulistas do PSDB.
Enquanto o PT trabalhava com seriedade, apresentando à sociedade a Ministra-chefe da Casa Civil, responsável direta pelo PAC e demais programas em andamento e profundamente íntima de todos seus processos, como legítima candidata a sucessão – Serra inaugurava maquetes e brincava de solista do PSDB, reduzindo seus parceiros de partido a meros coadjuvantes de suas coreografias megalomaníacas.
Depois que Aécio Neves deu uma figa para sua pretensão de tê-lo como vice, Serra e os seus sentiram o drama que se avizinhava. O pastelão cresceu com lavagens de roupa suja em público, com as trapalhadas no episódio “procura-se um vice” e resultou finalmente no que parecia ser o ponto mais alto da comédia: a nomeação do tal Índio da Costa – que Serra mal conhecia – para o cargo de vice. O deslumbrado debutante, focado pelos holofotes midiáticos pela primeira vez, roubou a cena, fez pose de estrela para os fotógrafos, agarrou-se aos microfones e entoou uma verborragia infantil, repleta de palavras de ordem do ensebado cardápio da velha direita. O que dois dias depois lhe rendeu um cala-boca público do próprio partido e o emudeceu para sempre – acessório insosso que é no tabuleiro eleitoral.
A essa altura, Dilma já buzinava, pedindo passagem ao carro eleitoral de Serra para em seguida, engatar uma quarta marcha e passar por fora, assobiando. (E ainda teria muitas marchas para engatar…)
Enfim, quando se começa uma campanha deste modo jocoso, não dando ao processo sucessório a seriedade que sua dimensão impõe, é impossível manter algum respeito como candidato. Serra tornou-se uma espécie Enéas Carneiro invertido. Patina de uma lambança para outra, se reinventando diariamente, sem encontrar identidade convincente por ser uma fraude monumental.
Passou a maior parte de seu governo paulista no colo de um eleitor obtuso e avaliado como favorito para vencer em 2010. Por isso supôs que não tinha obrigação alguma em fazer um bom governo – sequer governar. Preso a estratégias arcaicas, bastaria investir maciçamente em publicidade para manter-se na “crista da onda” midiática e alimentando o ilusionismo de estar fazendo alguma coisa palpável em mais um mandato que não iria cumprir. Estratégia arrogante, que contava com a burrice do eleitor do resto do país – supostamente tão fácil de manipular quanto o eleitor paulista.
Agora, em função das evidências, Serra partiu para o jogo perigoso do golpismo que, ironicamente, é o mesmo que conheceu, do lado oposto, na época de estudante. De vítima em 64, tenta ser o algoz em 2010. Apesar de não sermos mentalmente o mesmo povo, nem país, a disposição ao enfrentamento armado, antes exclusiva de uma minoria de cães raivosos anti-petistas, chegou a se manifestar nos eleitores pró-Dilma nos últimos dias. E isso mostra o quão perigosa pode ser essa trama. Não se sabe, ainda, a quem e até que ponto, Serra conseguirá vender sua “hora da virada” golpista. O que faz dos nossos próximos 30 dias, um período de provação: seremos capazes de resguardar nosso ainda jovem estado de direito democrático, conquistado depois de tantos sacrifícios? Ou sucumbiremos às forças do retrocesso que acenam com a tomada do poder pela força, travestida de tapetão? Será preciso chegarmos a este impasse?
Até agora, o PIG fez a campanha de Serra abertamente e de forma vil, através da manutenção da audiência aos factoides e à retórica enganosa da oposição. Queremos acreditar que o TSE e STF continuarão a não se deixarem contaminar por este jogo rasteiro do PSDB e seus aliados.
Mas, seja qual for o desfecho deste processo, só o fato da mídia brasileira dar voz aos flertes golpistas de um candidato visivelmente desequilibrado – flertes que nos remeteram às terríveis lembranças dos tempos da ditadura – já nos revela, a nós mesmos e ao mundo, como uma democracia frágil, muito distante ainda do ideal que privilegia o debate honesto, plural e civilizado.
Do amigo Roni Chira, do blog O que será que me dá?
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