23/09/2010
AYRTON CENTENO
O chefe de Gabinete da governadora Yeda Crusius (PSDB), Ricardo Lied, foi exonerado. Um dos nomes de maior confiança de Yeda, Lied teve a exoneração publicada pelo Diário Oficial do estado na terça-feira, mesmo dia em que surgiram mais 29 nomes de políticos, procuradores, militares, delegados, advogados, jornalistas e empresários espionados ilegalmente através do Sistema de Consultas Integradas, da Casa Militar, do Palácio Piratini. Também anteontem, a promotoria de Justiça que investiga o caso revelara que o nome de Lied aparece em e-mails trocados com a Casa Militar. Em uma das mensagens, de 2008, o chefe de gabinete pedia informações sigilosas sobre o ex-deputado estadual Luis Fernando Schmidt (PT).
AYRTON CENTENO
O chefe de Gabinete da governadora Yeda Crusius (PSDB), Ricardo Lied, foi exonerado. Um dos nomes de maior confiança de Yeda, Lied teve a exoneração publicada pelo Diário Oficial do estado na terça-feira, mesmo dia em que surgiram mais 29 nomes de políticos, procuradores, militares, delegados, advogados, jornalistas e empresários espionados ilegalmente através do Sistema de Consultas Integradas, da Casa Militar, do Palácio Piratini. Também anteontem, a promotoria de Justiça que investiga o caso revelara que o nome de Lied aparece em e-mails trocados com a Casa Militar. Em uma das mensagens, de 2008, o chefe de gabinete pedia informações sigilosas sobre o ex-deputado estadual Luis Fernando Schmidt (PT).
Desde a prisão do sargento César Rodrigues de Carvalho, da área de inteligência da Casa Militar, que precipitou outra crise no governo gaúcho, Lied passou a ser um dos personagens mais referidos no escândalo da arapongagem. Citado pelo sargento como um dos superiores de quem recebia ordens para acessar dados sigilosos, Lied deverá ser um dos próximos depoentes na investigação dirigida pelo promotor Amílcar Macedo.
Ricardo Lied tem negado qualquer implicação nas violações de sigilo. Uma primeira denúncia contra ele foi feita em 2009 pelo então ouvidor da segurança pública Adão Paiani, mas não surtiu qualquer efeito. Ao contrário, o chefe de Gabinete continuou prestigiado pela governadora, que demitiu o denunciante. Na época, Paiani apresentou oito gravações de áudios à OAB, autorizadas judicialmente, quatro delas mostrando Lied em conversa com o vereador Márcio Klaus (PSDB), do município de Lajeado. No sétimo diálogo, captado às 21h14 de 16 de setembro, Lied e Klaus discorrem sobre a ficha do então candidato do PT à Prefeitura de Lajeado, Luis Fernando Schmidt, e também os investimentos dos governos federal e estadual na região.
Klaus pergunta a Lied: “Ô Ricardo, aquela questão tu ficou devendo, aquele negócio lá do PT.”
O chefe de gabinete responde: “O que?”.
E Klaus: “O negócio do DAER e a ficha do Luis Fernando…”
Lied: “Não tem nada o Luis Fernando (Schmidt). Não tem nada na ficha dele; nada, nada, nada; eu tenho comigo, não tem nada; ele só tem uma perda de documento. Nunca teve nada na ficha”.
Klaus insiste: “E o negócio do DAER (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, órgão estadual)?
Lied – “O negócio do DAER eu não passei porque quem mais fez investimento foi o PT. O PT pagou 6 milhões, a Yeda tá pagando 400 mil e ainda tem que pagar 1,6 milhão atrasados. Quem mais teve investimento foi o PT (…)”
Cerca de 96.000 acessos de dados sigilosos foram realizados através do sistema operado no Palácio Piratini em menos de dois anos – em 2009 e até agosto de 2010. Mais de 60 vítimas foram identificadas até agora pela promotoria. Da relação constam, por exemplo, o ex-ministro Tarso Genro, hoje candidato ao governo gaúcho pelo PT, o senador Sérgio Zambiasi (PTB), um deputado federal, quatro deputados estaduais, entre eles a presidente da CPI da Corrupção, Stela Farias (PT), que vasculhou os bastidores da administração tucana.
Também aparecem como tendo seus dados acessados o procurador federal Adriano Raldi, que denunciou a governadora por improbidade administrativa, além do então marido de Yeda, Carlos Crusius, mais assessores e aliados políticos – posteriormente Yeda foi retirada da ação, que tramita na Justiça Federal, por ter foro privilegiado. E empresários como Jayme Sirotsky, presidente emérito do grupo RBS e integrante do comitê executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Brasília Confidencial
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