Por Redação Correio do Brasil, do Rio de Janeiro
Mais de 32 milhões de trabalhadores brasileiros trabalhavam com carteira assinada em 2009, ou seja, 59,6% da população que estava empregada. O total revela a entrada de 483 mil trabalhadores na formalidade em 2009, na comparação com o cenário do mercado de trabalho do ano anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Mesmo com a crise mundial, a pesquisa mostrou um aumento de quase dois pontos percentuais no contingente de trabalhadores com carteira assinada. Todo o reflexo nos postos de trabalho não foi suficiente para atrapalhar a qualidade do trabalho no país – afirmou Cimar Azeredo, gerente de integração da Pnad/Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
O aumento da formalidade entre 2008 e 2009 foi constatado em quase todas as atividades. Entre os trabalhadores domésticos, por exemplo, neste mesmo período, a formalidade teve crescimento de 12,4% em 2009, ou seja, 221 mil trabalhadores passaram a ter a garantia trabalhista. Se comparado a 2004, a Pnad constatou que “enquanto o contingente de trabalhadores domésticos cresceu 11,9%, o número de trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada cresceu 20%”.
O grupamento agrícola foi o único que registrou redução na formalidade em 2009 na comparação com 2008 (38,6% para 35,1%).
– A atividade agrícola continua aumentando, mas há uma redução do contingente de pessoas empregadas na atividade agrícola principalmente em função da mecanização – explicou Azeredo.
Segundo a pesquisa, em 2009, quase 50% da população ocupada estava em atividades da área de serviços, como alimentação, transporte, armazenagem e comunicação, administração pública, educação, saúde e serviços sociais, entre outros. No comércio, a mão de obra ocupada era de 17,8% seguido pela indústria (14,7%) e pela construção (7,4%). Quase metade da população ocupada no ano passado tinha pelo menos o ensino médio completo. Os trabalhadores com nível superior completo representavam 11,1% em 2009.
Crise mundial
Os efeitos da crise global sobre o mercado de trabalho brasileiro no ano passado foram maiores do que apontavam os dados iniciais e, segundo a PNAD, houve aumento de quase 20% na desocupação ante 2008. Outros indicadores, como o de rendimento, no entanto, não sofreram igualmente. De 2008 para 2009, o número de pessoas sem emprego que tomaram iniciativa para tentar entrar no mercado de trabalho subiu de 7 milhões para 8,4 milhões no país.
– Isso foi um efeito claro da crise, uma vez que o mercado não gerou vagas suficientes para atender a demanda – disse Azeredo.
A coordenadora da PNAD Márcia Quintslr lembra que a PNAD tem cobertura nacional, enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) cobre as seis maiores regiões metropolitanas do país.
– O efeito da crise na PNAD foi mais expressivo que na PME. A desocupação mostra isso de maneira clara e nítida – acrescentou
Pelos dados da PME, a desocupação tinha ficado praticamente estável entre 2008 e 2009.
– A PME sinalizou bem o que aconteceu com a ocupação e com o emprego com carteira, mas na desocupação não. O comportamento real foi diferente – destacou Quintslr.
Os pesquisadores do IBGE avaliam que há vários fatores por trás desse aumento da desocupação.
– O fato da procura por trabalho aumentar pode significar que a pessoa perdeu seu emprego na crise e está tentando voltar; ela pode estar tentando recompor a perda salarial da família ou porque a pessoa espera melhora do mercado no futuro – disse Quintslr.
Com a baixa geração de postos e a expansão da desocupação, a taxa de desemprego encerrou 2009 no maior patamar desde 2006. A taxa média foi de 8,3%, ante 7,1% em 2008. No ano passado, indústria e setor agrícola foram os que mais perderam postos de trabalho. Nas regiões Norte e Nordeste, a taxa de desemprego subiu de 6,5 para 8,6% e de 7,5 para 8,9%, respectivamente.
– Os mais jovens são sempre os mais penalizados e, em mercados menos estruturados como esses, é natural que com uma crise o efeito seja maior – avaliou Cimar Pereira Azeredo.
Melhora no rendimento
Apesar do aumento da desocupação e da taxa média de desemprego, o comportamento do mercado de trabalho em um ano de crise foi taxado como positivo pelo IBGE. Além do aumento do emprego com carteira, houve em 2009 expansão do rendimento e do índice de Gini (indicador usado para medição da desigualdade).
– Pode-se dizer que houve mais qualidade no mercado de trabalho ou manutenção dela – afirmou Quintslr.
O índice de Gini medido pelo IBGE manteve a tendência de queda em 2009, ficando em 0,518 ante 0,521 em 2008. Quanto mais perto de zero, menor é o nível de desigualdade de um país, segundo critérios internacionais. O indicador baixou em todas as regiões com exceção da Norte. Mesmo assim, de acordo com o IBGE, os 10% mais ricos concentravam no ano passado 42,5% dos rendimentos totais do trabalho, enquanto os 10% mais pobres detinham apenas 1,2% das remunerações.
O rendimento do trabalhador brasileiro com 10 anos de idade ou mais avançou 2,2% entre 2008 e 2009 e foi estimado em R$ 1.106. Apesar da expansão, o país ainda não conseguiu recuperar as perdas acumuladas em 13 anos. O recorde foi registrado em 1996, quando o salário do trabalhador bateu R$ 1.144.
– Ao longo da história da PNAD houve diversos planos econômicos. Entre as idas e vindas de planos que provocam ganhos e perdas, a recuperação da renda fica difícil. Houve ainda impacto de várias crise externas’ – avaliou Azeredo.
Mais de 32 milhões de trabalhadores brasileiros trabalhavam com carteira assinada em 2009, ou seja, 59,6% da população que estava empregada. O total revela a entrada de 483 mil trabalhadores na formalidade em 2009, na comparação com o cenário do mercado de trabalho do ano anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Mesmo com a crise mundial, a pesquisa mostrou um aumento de quase dois pontos percentuais no contingente de trabalhadores com carteira assinada. Todo o reflexo nos postos de trabalho não foi suficiente para atrapalhar a qualidade do trabalho no país – afirmou Cimar Azeredo, gerente de integração da Pnad/Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
O aumento da formalidade entre 2008 e 2009 foi constatado em quase todas as atividades. Entre os trabalhadores domésticos, por exemplo, neste mesmo período, a formalidade teve crescimento de 12,4% em 2009, ou seja, 221 mil trabalhadores passaram a ter a garantia trabalhista. Se comparado a 2004, a Pnad constatou que “enquanto o contingente de trabalhadores domésticos cresceu 11,9%, o número de trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada cresceu 20%”.
O grupamento agrícola foi o único que registrou redução na formalidade em 2009 na comparação com 2008 (38,6% para 35,1%).
– A atividade agrícola continua aumentando, mas há uma redução do contingente de pessoas empregadas na atividade agrícola principalmente em função da mecanização – explicou Azeredo.
Segundo a pesquisa, em 2009, quase 50% da população ocupada estava em atividades da área de serviços, como alimentação, transporte, armazenagem e comunicação, administração pública, educação, saúde e serviços sociais, entre outros. No comércio, a mão de obra ocupada era de 17,8% seguido pela indústria (14,7%) e pela construção (7,4%). Quase metade da população ocupada no ano passado tinha pelo menos o ensino médio completo. Os trabalhadores com nível superior completo representavam 11,1% em 2009.
Crise mundial
Os efeitos da crise global sobre o mercado de trabalho brasileiro no ano passado foram maiores do que apontavam os dados iniciais e, segundo a PNAD, houve aumento de quase 20% na desocupação ante 2008. Outros indicadores, como o de rendimento, no entanto, não sofreram igualmente. De 2008 para 2009, o número de pessoas sem emprego que tomaram iniciativa para tentar entrar no mercado de trabalho subiu de 7 milhões para 8,4 milhões no país.
– Isso foi um efeito claro da crise, uma vez que o mercado não gerou vagas suficientes para atender a demanda – disse Azeredo.
A coordenadora da PNAD Márcia Quintslr lembra que a PNAD tem cobertura nacional, enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) cobre as seis maiores regiões metropolitanas do país.
– O efeito da crise na PNAD foi mais expressivo que na PME. A desocupação mostra isso de maneira clara e nítida – acrescentou
Pelos dados da PME, a desocupação tinha ficado praticamente estável entre 2008 e 2009.
– A PME sinalizou bem o que aconteceu com a ocupação e com o emprego com carteira, mas na desocupação não. O comportamento real foi diferente – destacou Quintslr.
Os pesquisadores do IBGE avaliam que há vários fatores por trás desse aumento da desocupação.
– O fato da procura por trabalho aumentar pode significar que a pessoa perdeu seu emprego na crise e está tentando voltar; ela pode estar tentando recompor a perda salarial da família ou porque a pessoa espera melhora do mercado no futuro – disse Quintslr.
Com a baixa geração de postos e a expansão da desocupação, a taxa de desemprego encerrou 2009 no maior patamar desde 2006. A taxa média foi de 8,3%, ante 7,1% em 2008. No ano passado, indústria e setor agrícola foram os que mais perderam postos de trabalho. Nas regiões Norte e Nordeste, a taxa de desemprego subiu de 6,5 para 8,6% e de 7,5 para 8,9%, respectivamente.
– Os mais jovens são sempre os mais penalizados e, em mercados menos estruturados como esses, é natural que com uma crise o efeito seja maior – avaliou Cimar Pereira Azeredo.
Melhora no rendimento
Apesar do aumento da desocupação e da taxa média de desemprego, o comportamento do mercado de trabalho em um ano de crise foi taxado como positivo pelo IBGE. Além do aumento do emprego com carteira, houve em 2009 expansão do rendimento e do índice de Gini (indicador usado para medição da desigualdade).
– Pode-se dizer que houve mais qualidade no mercado de trabalho ou manutenção dela – afirmou Quintslr.
O índice de Gini medido pelo IBGE manteve a tendência de queda em 2009, ficando em 0,518 ante 0,521 em 2008. Quanto mais perto de zero, menor é o nível de desigualdade de um país, segundo critérios internacionais. O indicador baixou em todas as regiões com exceção da Norte. Mesmo assim, de acordo com o IBGE, os 10% mais ricos concentravam no ano passado 42,5% dos rendimentos totais do trabalho, enquanto os 10% mais pobres detinham apenas 1,2% das remunerações.
O rendimento do trabalhador brasileiro com 10 anos de idade ou mais avançou 2,2% entre 2008 e 2009 e foi estimado em R$ 1.106. Apesar da expansão, o país ainda não conseguiu recuperar as perdas acumuladas em 13 anos. O recorde foi registrado em 1996, quando o salário do trabalhador bateu R$ 1.144.
– Ao longo da história da PNAD houve diversos planos econômicos. Entre as idas e vindas de planos que provocam ganhos e perdas, a recuperação da renda fica difícil. Houve ainda impacto de várias crise externas’ – avaliou Azeredo.
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