sábado, 4 de junho de 2011

A luta contra a miséria, necessária política de governo

 
No discurso em que apresentou o Plano Brasil sem Miséria, nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff foi ao ponto: já culparam os pobres por sua própria má sorte, disse ela, combatendo argumentos conservadores e surrados, próprios das classes dominantes retrógradas. Entre esses argumentos, pontifica o de que a pobreza dos brasileiros pode ser explicada pelo longo passado escravista de nosso país.

Mas Dilma deu o verdadeiro nome para esta realidade cínica, injusta e cruel. "Foram precisos mais de quatro séculos para que o combate à pobreza se convertesse de fato em política prioritária de governo”, disse, lembrando que foi somente no governo do ex-presidente Lula que a situação dos mais pobres passou a ser encarada como uma questão de Estado. Efetivamente, a história republicana brasileira é pontilhada de experiências de governos elitistas, conservadores, apanágios das classes dominantes opressoras, calvário do povo pobre e oprimido.

Com o novo programa social lançado nesta quinta-feira (2), a presidente aperfeiçoa a benéfica herança recebida de Lula e dá novos passos no combate à miséria. O programa anunciado, que envolve o Bolsa Família e outros programas sociais do governo federal, vai usar R$ 20 bilhões ao ano mais um crédito adicional de R$ 1,2 bilhão em 2011 para tirar, em três anos, 16,2 milhões de brasileiros da miséria absoluta (são 8,5% do total, incluindo aqueles que vivem com uma renda per capita de R$ 70 por mês).

O plano vai ampliar o atendimento do Bolsa Família, incluindo maior número de jovens hoje desatendidos, além de outras medidas. Em todo o Brasil, 16,2 milhões de pessoas vivem na miséria, o equivalente a 8,5 % da população, e beneficia principalmente brasileiros que vivem no campo, sem luz, água, saneamento ou qualquer outro benefício da civilização. E atende sobretudo negros e mestiços, que constituem a enorme maioria dos pobres brasileiros.

A ação do governo dá mais um importante passo para reduzir a extrema desigualdade da qual o país é um dos campeões mundiais. E caminha num rumo onde mais passos precisam ser dados para que o país se torne de fato uma pátria justa para todos os brasileiros. O orçamento do plano corresponde a apenas uma parte daquilo que o governo gasta em juros anualmente para alimentar a ciranda da dívida e da especulação financeira que beneficia o capital monopolista-financeiro. Somente no ano passado, foram transferidos mais de R$ 100 bilhões aos especuladores desta ciranda financeira; isto é, gastou com os especuladores cinco vezes aquilo que prevê usar para combater a miséria extrema.

Dilma cumpre a promessa que fez em seu discurso de posse e consolida a inclusão do combate à pobreza como política de governo, aprofundando as políticas iniciadas por Lula. A medida faz parte do esforço civilizatório inédito iniciado desde a posse do ex-presidente em 2003. Significa a busca do desenvolvimento da nação e de seu povo ao lutar contra uma chaga que infelicita milhões de brasileiros. E indica uma política que precisa ser fortalecida principalmente com o combate aos escandalosos privilégios de especuladores financeiros que engordam suas contas bancárias parasitando, via juros, a economia nacional.

O programa anunciado pela presidente Dilma é merecedor de todos os aplausos. É indispensável agregar que as abissais desigualdades que fazem de nosso país uma das mais cruéis ditaduras sociais do mundo contemporâneo constituem fenômeno complexo, porque correspondem à vigência de um sistema intrinsecamente injusto, que é o capitalismo dependente, em cujo vértice estão as classes dominantes – a oligarquia financeira, a grande burguesia monopolista associada ao imperialismo e os latifundiários – detentores de superlucros oriundos da espoliação de milhões de brasileiros.

O Plano Brasil sem Miséria faz todo sentido, principalmente se conjugado com a luta por um Plano Nacional de Desenvolvimento com valorização do trabalho, justiça e progresso social e distribuição de renda, o que só será possível com a realização de reformas estruturais de caráter democrático, patriótico e popular.Portal Vermelho

Um comentário:

Roberto Santos disse...

A Dilma vai ter que conviver com um PMDB que vai tentar dar rasteira nela e com setores da imprensa que já tentam até dá-la como morta.
Toda mudança encontra forças de resistência e a mudança iniciada por Lula é irreversível e terá continuidade com Dilma. Estou com ela.
É preciso acabar não só com a miséria econômica mas também a miséria educacional.