Brasil subiu cinco posições e ficou em 53º no ranking internacional de competitividade, divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial. A guinada, contudo, não significa melhorias. Na verdade, a pontuação brasileira continua a mesma do ano passado: 4,43, em uma escala que vai de zero a sete. O fato é que a crise internacional levou várias nações a perderem competitividade, o que acabou dando um empurrãozinho ao desempenho nacional. Apesar do avanço na colocação geral, em itens como infraestrutura, educação e eficiência dos gastos públicos, o país ainda está entre os piores do mundo, especialmente devido à situação precária das estradas e dos aeroportos, além da pesada carga tributária.A pesquisa revela que o Brasil continua menos competitivo que economias pouco expressivas, como Panamá, Omã, Tunísia, Chipre e Malta. O novo ranking mostrou que o Brasil superou a Índia — que caiu cinco posições — e ficou em segundo lugar, atrás da China, entre os países do Brics (grupo que reúne as economias emergentes e que inclui Brasil, Rússia, Índia e China, além da África do Sul). O relatório apontou ainda Suíça, Cingapura e Suécia como as três economias mais competitivas do mundo. Devido à crescente dívida pública, ao deficit fiscal e à instabilidade macroeconômica, os Estados Unidos caíram da terceira para a quarta posição.
Erik Camarano, presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC), considera que os dados sobre a educação e a infraestrutura são os mais preocupantes. "O gargalo está sobretudo na área de transportes. Apesar das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o avanço ainda é muito lento", disse. Ele ressaltou ainda que a precariedade da educação levou a uma escassez generalizada de mão de obra qualificada, com destaque para as áreas de engenharia e ciências aplicadas. "Sem cérebros, a tendência é que o país perca pontos no pilar da inovação, um dos mais importantes entre as economias desenvolvidas", argumentou.
Base fraca
O melhor resultado do Brasil foi o do pilar "instituições", no qual ganhou 16 posições, ficando em 77º. Mas Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e de Competitividade da Fundação Dom Cabral, alertou para a fragilidade dessa evolução: "Não podemos nos iludir. Se não houver compromisso e esforço concentrado pelas reformas estruturais e pelo fim dos gargalos da economia, o país viverá um "efeito bengala": depois de ganhar posições, voltará a cair".
Arruda classificou a situação brasileira como disfuncional. O motivo é simples: o país vai mal entre os pilares considerados básicos, como educação e infraestruta, mas está bem em pontos sofisticados, como mercado financeiro e eficiência empresarial. "Isso é o oposto do que ocorre nos demais países. Primeiro, eles avançam nos quesitos básicos, para depois se desenvolverem nos sofisticados. Isso mostra que a base do crescimento brasileiro é fraca", sustentou.
Da redação, com informações do Correio Braziliense.
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