segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Veja lança "livro-bomba" de Tuma Jr. e o resto da mídia ignora solenemente

Em estilo grandiloquente e fanfarrão, o colunista e blogueiro da revista Veja Augusto Nunes anuncia, ao fim da noite da última sexta-feira (6/12), que “As revelações de Tuma Junior vão confirmar que sábado é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório”. As “revelações” em questão figuram em livro lançado pela edição da revista desta semana.
 
Em seguida, o pistoleiro da revista semanal, encarregado pela direção do veículo de acusar e insultar exclusivamente a presidente da República, seu antecessor, seu partido e seus aliados – e mais ninguém – apresenta uma espécie de micro biografia do autor do livro.
 
Vale conferir, abaixo, a antecipação feita por Nunes da recente matéria da Veja.
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(…) Delegado concursado da Polícia Civil de São Paulo, ex-secretário Nacional de Justiça no governo Lula, ”Tuminha” sabe muito. E está pronto para revidar com provas materiais quaisquer tentativas de desmentir as afirmações que acabou de reunir num livro de alto teor explosivo.
 
Os episódios relatados por Tuminha exumam, por exemplo, pressões exercidas por ministros decididos a transformar em instrumento eleitoral informações sigilosas, a fábrica clandestina de dossiês cafajestes instalada nos porões de um ministério, a movimentação de figurões envolvidos na operação destinada a sepultar os motivos reais do assassinato de Celso Daniel ou detalhes do gigantesco esquema de escutas telefônicas ilegais que não pouparam sequer a cúpula de um dos três Poderes. Fora o resto.
 
Os pecadores vão precisar de desculpas menos bisonhas e versões mais consistentes. Que aproveitem a madrugada insone para tentar encontrá-las.
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Para Veja e seus colunistas e blogueiros amestrados, só existe corrupção no Brasil porque o PT, Lula e Dilma existem. A revista não denuncia, não comenta, não enxerga corrupção em nenhuma outra parte, só no PT e em seus membros e aliados. Há uma década que só faz denúncias contra estes e mais ninguém.
 
Não foi por outra razão que a micro biografia de Tuma Jr. feita por Nunes excluiu o pequeno detalhe de sua saída tumultuada do governo Lula em 2010, após ser flagrado em gravações telefônicas e e-mails interceptados durante investigação sobre contrabando que ligavam o então secretário nacional de Justiça à máfia chinesa, conforme matéria do Estadão.
 
Seja como for, na entrevista concedida à Veja Tuma Jr. deixa ver que seu livro não passa de tentativa de retaliação ao ex-presidente Lula.  À certa altura, pergunta da revista e resposta do entrevistado escancaram o que é que tem no livro Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado.
Confira.
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VEJA – O senhor afirma no livro que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. É uma acusação muito grave.
 
Romeu Tuma Júnior – Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeou secretário nacional de Justiça, não vinha do nada. Era de muito tempo. 0 Lula era informante do meu pai no Dops.
VEJA – O senhor tem provas disso?
 
Romeu Tuma Júnior – Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a um certo informante de codinome Barba.
(…)
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Estranho “Estado policial” esse descrito por Tuma Jr., no qual os mais prejudicados são os aliados desse mesmo Estado, que permite que os membros dessa “ditadura petista” sejam denunciados, julgados e encarcerados enquanto os processos contra seus adversários permanecem engavetados.
 
Mas o que importa é que a sequência de perguntas e respostas entre Veja e Tuma Jr. mostra que seu livro não contém nada além de vento. Perguntado pela revista sobre se existem provas da acusação maluca de que Lula teria sido “informante da ditadura” que o prendeu e combateu duramente, tergiversa.
 
A débil condição moral do denunciante – por ter sido flagrado em conluio com uma organização criminosa –, bem como a escandalosa seletividade “ética” de Veja e a fragilidade aparente das denúncias explicam um fenômeno que seguiu-se à chegada da revista às bancas.
 
Praticamente nenhum grande jornal, grande portal de internet ou telejornal deram bola ao grandiloquente aviso de Augusto Nunes sobre a edição da Veja desta semana. As únicas exceções foram o Jornal da Record e umamatéria escondidinha no portal do Jornal O Globo.
 
Assim mesmo, foi pífia a repercussão da “denúncia” de Veja e do autor do livro-bomba, que está mais para “livro-traque”. Afinal, para uma mídia que, de alguns meses para cá, vem tentando se livrar da pecha de ser partidarizada, dar credibilidade a alguém que foi flagrado na situação de Tuma Jr. e que escreve um livro com acusações tão frágeis, pega muito mal.
 
Eduardo Guimarães.

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