quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LUZ AMARELA ACESA

Quinta, 18 de setembro de 2008

Crise deve durar 1 ano, prevê ex-diretor do BC
Diego Salmen

A economia brasileira precisa crescer para que o país não seja afetado pela crise que assola a economia mundial. A análise é de Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central.

- Hoje há necessidade até de baixar os juros mais rápido, de acordo com o andar das coisas.

Nesta quinta-feira, as bolsas de valores mostram instabilidade em todo o mundo. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começa o dia em alta, depois de o pregão ter fechado em baixa nos países asiáticos.

Na Europa, o mercado financeiro oscila, influenciado pelo anúncio de que os bancos centrais da Europa, Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Suiça e Canadá atuarão de maneira coordenada para acalmar pressões sobre a economia mundial.

Freitas, no entanto, não vê motivos para nervosismo com a economia brasileira no curto prazo. A princípio, segundo o ex-diretor do BC, a única área atingida será a de oferta de crédito.

- Aqui só vai respingar, como já está acontecendo, no crédito mais caro e mais escasso - explica. - Os bancos lá fora não estão querendo emprestar e qualquer país que toma dinheiro emprestado sente (os efeitos da crise).

A crise nos mercados financeiros se agravou na última segunda-feira, 15, quando o banco de investimento norte-americano Lehman Brothers pediu concordata.

A quebra foi precedida pelo auxílio financeiro dos Estados Unidos a duas outras instituições, as agências hipotecárias Freddie Mac e a Fannie Mae. Ontem, o Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) anunciou um socorro de US$ 85 bilhões para impedir a falência da seguradora AIG (American International Group).

Leia a seguir a entrevista com o ex-diretor do Banco Central:

Terra Magazine - Qual a avaliação que o senhor faz da crise na economia mundial?
Carlos Thadeu de Freitas - Não é passageira. Ela está no meio praticamente. E enquanto nós tivermos ativos ruins nos balanços das instituições financeiras essa crise vai continuar. Eu acho que uma das soluções que deve ser dada é a criação de um fundo nos Estados Unidos para comprar esses ativos ruins. Aí eu acredito que a solução começa a aparecer.

Isso pode respingar no Brasil de alguma maneira?
Não, aqui só vai respingar, como já está acontecendo, no crédito mais caro e mais escasso. Os bancos lá fora não estão querendo emprestar e qualquer país que toma dinheiro emprestado sente (os efeitos da crise). Mas não acho que isso tenha maiores conseqüências imediatas, não.

Esse momento de instabilidade pode servir como argumento para o Banco Central aumentar a taxa de juros?
Há necessidade de aumentar os juros nesse momento? Hoje não. Hoje há necessidade até de baixar os juros mais rápido, de acordo com o andar das coisas. A situação econômica mundial é de queda da produção, queda das atividades. Então os bancos centrais em breve vão começar a reduzir os juros. E aqui também: eu acredito que suba mais uma vez e depois não suba mais.

Então o Brasil precisa de crescimento para que essa crise não contamine o país?Isso, exatamente.

Até quando a crise deve durar, na sua avaliação?
Mais um ano, um ano e pouco.

O governo dos EUA usou dinheiro público para salvar bancos à beira da falência. Como o senhor vê isso?
Não tem alternativa, não tem alternativa. Se não fizer isso, o setor real da economia vai andar bem mais devagar. Pode ter uma depressão, uma recessão. Nessas horas realmente não tem alternativa.

Tem que ser pragmático.Tem que ser pragmático, é verdade.
Terra Magazine

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