sábado, 7 de fevereiro de 2009

COADJUVANTE DE LUXO?

06/02/2009

Mauricio Dias

O governo federal acaricia os resultados de duas pesquisas de opinião realizadas recentemente. Uma delas, a da CNT/Sensus, foi amplamente divulgada e revelou a quase unânime aprovação do desempenho pessoal do presidente Lula (84%) e a espantosa avaliação positiva da administração (72,5%).

Uma segunda pesquisa, feita pelo instituto Vox Populi, é uma sondagem qualitativa que circula internamente no Planalto e avalia a percepção da opinião pública sobre a crise financeira. A pesquisa informa: a sociedade brasileira tem a clara noção de que a crise não foi gerada no Brasil e, na visão dos entrevistados, o governo tem “feito de tudo” para diminuir os problemas que ela pode causar ao País.

Não se sabe até quando esse quadro favorável a Lula pode ser mantido sem sofrer os abalos da crise. Mas, neste momento, os números e a percepção favoráveis a Lula desnorteiam a oposição e a empurram para um maniqueísmo traduzido pela expectativa de torcer para que o mundo acabe antes de 2010. Paralelamente, dentro do PT, a esquerda do partido é levada a reboque dos acontecimentos sem nenhum poder de influência.

Com o DEM (ex-PFL) à beira da insolvência política, apesar do fôlego extra propiciado pela vitória de Kassab para a prefeitura paulistana, são os petistas e os tucanos os dois principais atores no palco político brasileiro. E isso não é de hoje.

Desde 1994, o jogo do poder no Brasil tem sido um persistente antagonismo entre o PSDB e o PT, com o núcleo do confronto em São Paulo, local de origem dessas forças políticas surgidas em momentos diferentes e razões distintas. Os petistas encravados nos movimentos sindicais, religiosos e sociais e os tucanos nascidos de uma clássica dissidência política a partir do PMDB de São Paulo.

Só que, hoje, o PMDB tornou-se coadjuvante influente para a sorte do confronto, seja pela força inexcedível no Congresso, seja pela presença marcante no Legislativo e Executivo de estados e municípios em todos os quadrantes da Federação. Hoje o partido não tem candidato ao papel principal.

Politicamente, o PMDB é o centro político. Nesse sentido, Lula trocou a virtude pelo pragmatismo de um jogador de xadrez que tem conhecimento do papel fundamental das ações no centro do tabuleiro. Por isso entregou ministérios influentes e oferecerá a Vice-Presidência aos peemedebistas. Se a eleição fosse hoje, o nome seria o de Geddel Vieira.

A vitória do PMDB para a presidência do Senado e da Câmara é reflexo disso.

O PSDB, ao apoiar o petista Tião Viana no Senado, visava embaralhar o meio-de-campo que, por enquanto, Lula ocupa com mais peças. Enfim, tudo se resume, sem ilusões, na luta pelo poder, cujo vencedor será conhecido na eleição de 2010.
Comentário.
O partido que se aliar ao PMDB na eleição de 2010 parte, infelizmente, com grande vantagem, devido a estrutura partidária e o tempo no guia eleitoral. Agora, diferentemente do articulista, aposto que, se a eleição fosse hoje, o nome mais forte do partido dos proxenetas, dos fisiologistas seria Hélio Costa(PMDB-MG).

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