Em um terminal de integração de ônibus, na cidade de Manaus, um vendedor de picolé diz a um amigo seu, que também trabalha neste espaço vendendo bombons, que o único erro do presidente Lula foi o de pensar, enquanto não era presidente, que poderia fazer com que o pobre comesse, vestisse, calçasse e bebesse do bom e do melhor. O vendedor ainda fez aumentar a voz quando falou que pelo presidente Lula o salário mínimo iria para cinco (5) mil reais, mas que depois o próprio Lula entendera que um presidente sozinho não pode fazer tudo para que a democracia seja real. Mesmo assim, os dois amigos concordaram com humor que o presidente Lula vem fazendo uma política muito diferente do antigo presidente que dava aumentos de 8 reais para os trabalhadores em tempos e tempos com distâncias muito longas, enquanto eles entendem que Lula apresenta e efetiva um planejamento salarial real para os trabalhadores e suas famílias.
O presidente Lula, além de implicar novas experiências materiais naqueles que estão sendo beneficiados pelas políticas públicas de seu governo, também proporciona uma experiência imaterial nova às pessoas. Quantas pessoas, junto com as suas famílias, em seus lares agora não assistem mais ao Jornal Nacional e as outras representantes da mídia venal, silenciosas? Mas ao contrário, engendrando argumentos e colocando as suas opiniões de modo ativo em suas existências à medida que percebem o quanto as notícias divulgadas são afastadas da realidade dos fatos. Desta forma, o aparelho de televisão em casa não é mais o simples objeto responsável pelo lazer alienante, mas, em um contraponto inédito, a acusador que se denuncia como o verdadeiro inimigo a ser combatido.
O governo lula confirma que “o pobre é a condição de toda produção”. São eles a condição de riqueza dos ricos, a condição de transformação, a força revolucionária dos meios de produção, a onipresença da gloabalização, a matéria necessária para a sobrevivência de qualquer sistema, a materialidade necessária terrena, a divindade que não transcende, mas se preserva imanente; a alegria que mesmo explorada, subjugada e maltratada pelo mando histórico da mão pesada da burguesia capitalista, produz. O pobre é presente no mundo todo. Toda a separação e classificação do capital em países desenvolvidos e subdesenvolvidos não fez extinguir a força do pobre. É assim que se manifestam Antonio Negri e Michel Hardt sobre os pobres e ainda dizem: “Existe uma Pobreza mundial, mas existe acima de tudo uma Possibilidade Mundial, e só o pobre é capaz disso”.
Consonante a história do vendedor de picolé e o vendedor de bombons que se assumiram como pessoas pobres, entre outros tantos, o governo Lula, contra a acunhada crise e a mídia sequelada, insiste em tornar oblíquo o tradicional equilíbrio entre as formas de acumulação do capital e as estruturas de poder, uma vez que efetiva políticas públicas capazes de fazer com que o povo possa engendrar as condições necessárias para fazer movimentar toda as suas potencialidades de alegria e criação.
Por esta razão, Lula não está satisfeito com os empresários que demitiram e se abraçam no simulacro econômico de uma crise mundial para justificar seus atos.
“A maior parte das empresas brasileiras está capitalizada. Então, como é que um ou dois meses depois dos efeitos maiores da crise financeira se espalharem pela América do Sul, eles começam a demitir, sem sequer tentar medidas intermediárias? Os empresários tem que fazer sua parte no momento de dificuldade também, não é só o governo.”
Lula bem sabe o quanto os empresários são fechados em seus próprios interesses e não conseguem enchergar além deles. Mas como Lula movimenta consigo a potência da pobreza, ele também bem sabe o quanto há de injusto nestas demissões.
Por estas razões, ainda que não possa conter a ganância generalizada dos empresários, o governo de Lula aumenta o salário mínimo, aumenta as parcelas do beneficio do seguro-desemprego e continua firme em um discurso que diverge radicalmente daquele imposto pela mídia dona de uma inetligtzia tão peculiar que já não sabe mais o que fazer para enganar aqueles que lhes são inferiores em diplomas, mas mais plenos de Vida e Alegria, o que faz com que o conhecimento seja mais leve, mais filosófico. Pois “a filosofia não é”, escrevem Negri e Hardt, “a coruja de Minerva que levanta vôo depois que a História se realizou a fim de celebrar seu final feliz; a filosofia é, antes, proposição subjetiva, desejo e práxis aplicados ao evento”. Assim, os pobres são mais do que a filosofia, eles são o próprio movimento do filosofar.
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