sábado, 14 de fevereiro de 2009

ESSA BRIGA ENTRE TUCANOS VAI LONGE

E Aécio cuida de dar o troco
13/02/2009

Mauricio Dias

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, maquinista-chefe do PSDB, botou a locomotiva paulista nos trilhos para atropelar a pré-candidatura presidencial do mineiro Aécio Neves dentro do partido.

Anfitrião de um grupo de tucanos na quarta-feira 11, FHC orientou os aliados para a necessidade de definir logo um candidato para “assumir posição claramente oposicionista”, conforme tradução do encontro feita pelo deputado Paulo Renato.

É uma precipitação danosa que atiça o confronto interno no partido. Talvez desnecessariamente. A possibilidade de desistência, pelo constrangimento que está sendo imposto a ele, é uma variável incluída e de consequências já analisadas no planejamento de longo prazo do governador de Minas Gerais.

Dentro do “aecismo” o sentimento predominante é de que Aécio sairá da disputa. No entanto, uma vitória do tucano José Serra em 2010 criaria um obstáculo insuperável para o futuro de Aécio, por mais que a juventude dos 49 anos dê a ele tempo biológico de espera. A questão, entretanto, é o tempo político.

Para Aécio, a chegada ao Planalto passa, no entanto, por mais de um caminho. Um deles é a possibilidade de trocar de partido.

Quase como resposta imediata à aglutinação dos tucanos feita por FHC, o governador mineiro posou com um cuidado calculado, sem sorrisos, ao lado do novo presidente do Senado, José Sarney, voz influente no PMDB e adversário implacável de Serra.

A consolidação de uma candidatura própria no PMDB é difícil. Porém, a perspectiva de ter um candidato que hoje detém um porcentual elevado de intenção de voto (35% na Sensus, sem a presença de Serra), pode empolgar os peemedebistas que se resignaram a um papel secundário nas quatro últimas eleições presidenciais. No entanto, ninguém jamais conseguiu montar o mosaico do PMDB com todas as peças que a agremiação dispõe. Até mesmo Tancredo Neves, o avô de Aécio, viu-se fustigado pela ala “autêntica” do MDB, que, posteriormente, agregou um P à sigla por imposição do regime militar.

Mas, se Aécio efetivamente se afastar da disputa, a continuidade da vida política dele ficará inextricavelmente ligada à derrota de Serra. “Mesmo que ele não a deseje”, diz um bem situado observador mineiro em conversa telefônica. A qualidade da ligação tornou impossível perceber ironia na voz dele. Mas que os paulistas tenham cuidado.

Aécio Neves é um tucano que não se cobre com penas de cores alegres, e, sim, com o pelo discreto das raposas políticas mineiras. Pelo andar da carruagem, ações como essa de FHC tornam pouco provável que ele sirva leite para o café de Serra em 2010. E, se depender de Aécio, isso ocorrerá de forma amável. E, naturalmente, silenciosa.
Fonte:CartaCapital
Comentário.
E Dilma, deitada em berço esplêndido, agradece a confusão.

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