quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

JARBAS SÓ ISENTA SERRA


18/02/2009

Celso Marcondes

O senador Jarbas Vasconcelos chutou o balde. Falou, confirmou e peitou nos dias seguintes: “não retiro uma vírgula”, esbravejou. Para ele, o PMDB é corrupto, o governo Lula é conivente e, como a oposição tucana/demo, é medíocre. “A classe política é medíocre”, ele disse, literalmente. Se o leitor está pronto a concordar com o senador, chamo atenção à exceção que ele faz bem ao final da entrevista (não apontada por nenhum colunista ou editorial dos grandes diários): José Serra está fora da lista. Nele, Jarbas “acredita muito” e diz que se empenhará em sua candidatura. Como Serra não seria uma “oposição medíocre” ao governo Lula, resta-nos uma esperança, seremos salvos em 2010. Cheguei a pensar que estávamos todos perdidos. Serra e Jarbas iluminarão nosso horizonte.

O que faz Jarbas na entrevista bombástica é tentar estabelecer uma linha divisória dentro da federação peemedebista. Ele tenta empurrar os “corruptos” para o lado de Lula: Geddel, Sarney, Renan, por exemplo. E joga os “íntegros”, apenas ele por enquanto, para o lado da oposição não medíocre. Lula é reduzido na entrevista a uma jogada de marketing, o Bolsa-Família vira o “maior programa oficial de compra de votos do mundo”. O mérito do presidente se reduziria a dar continuidade ao programa econômico de FHC.

O PMDB, para variar, reagiu com a ferocidade de um bovino sonolento em relva plácida. Em nota oficial tão contundente quanto um peteleco em lombo de elefante, relevou os ataques do senador. Foram considerados “meros desabafos”. Entendeu a direção do partido que Jarbas não fez mais que “alegações genéricas”. Será que se referia a esta generalidade: “Hoje, o PMDB é um partido sem norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos”. Qualquer incauto perguntaria diante de tal “alegação genérica”: se é esta m... toda, que diachos o puro Jarbas esta fazendo lá?

Diz-se, por definição, que “partido” vem de “parte”. Tomar partido é tomar parte, um ato opcional, de livre e espontânea vontade. Ninguém entra ou fica num partido porque lhe é apontado um revólver na nuca (embora eu já esteja careca de ver político dizendo que não queria ser candidato a este ou aquele cargo, mas que acabou aceitando o sacrifício “por pressão das bases”). Vai daí que, por concordar com as belas razões que o senador enumerou na citação acima, muito leitor de CartaCapital jamais pensou em bater na porta do PMDB. Já o Jarbas, se lá permanece apesar de tudo que diz, é porque está querendo alguma coisa (e não seria a candidatura ao governo de Pernambuco em 2010, a se acreditar no que afirmou na entrevista).

Como o seu partido preferiu tratar o pretenso míssil supersônico como mero “desabafo” – exceção feita ao governador Sérgio Cabral - e se do Planalto – exceção feita ao assessor Marco Aurélio Garcia -, pelo menos até aqui, não veio nenhuma resposta decente a um ataque tão duro, resta aguardar a manifestação do governador Serra agradecendo penhorado pela deferência. Isso se não tiver havido antes “um combinado” entre ambos.
Fonte:CartaCapital.
Pois é, para Jarbas, José Serra, pai da Máfia do Sanguessuga, um sujeito condenado pelo Justiça Federal por ter dado prejuízo aos brasileiros no caso PROER, um aliado de Daniel Dantas, é um santo.Chega a ser ridículo esse Jarbas.

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