terça-feira, 2 de junho de 2009

União investe R$ 8,4 bilhões este ano, maior valor desde 2001

Apesar da desaceleração econômica neste começo de 2009, com diminuição do PIB e menor arrecadação de impostos, o governo federal parece ter feito um esforço – investiu o maior montante para o período desde pelo menos 2001. A União (excluindo as estatais) desembolsou R$ 8,4 bilhões em investimentos (execução de obras e compra de equipamentos), valor 14% superior ao aplicado entre janeiro e maio de 2008, quando o país crescia a passos largos (.(veja tabela). A expectativa do presidente Lula e da equipe econômica é manter os investimentos, conforme o prometido nos últimos meses, para tentar minimizar os efeitos da crise financeira mundial no país.

O Ministério dos Transportes mais uma vez liderou os investimentos; desembolsou R$ 2,3 bilhões em obras e projetos ligados à infraestrutura logística ((veja tabela). Apenas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) foi responsável por R$ 1,9 bilhão dessa quantia. O Ministério das Cidades foi a segunda pasta que mais investiu nos cinco primeiros meses do ano (R$ 1,1 bilhão), principalmente por meio do programa de urbanização, regularização e integração de assentamentos precários. Já o Ministério da Defesa aplicou um pouco menos, R$ 1 bilhão, sendo que uma das principais ações beneficiadas foi a de reaparelhamento e adequação da Força Aérea Brasileira.

Mesmo com o recorde de recursos aplicados este ano, a execução orçamentária dos investimentos ainda está longe da ideal. Os R$ 8,4 bilhões desembolsados representam apenas 17% dos recursos previstos para 2009, R$ 50,1 bilhões. Se o ritmo continuar assim até o final do ano, por exemplo, a verba investida alcançaria R$ 20,2 bilhões, ou seja, 40% do total autorizado. No entanto, vale lembrar que a administração pública federal costuma acelerar a aplicação de recursos no segundo semestre dos exercícios.

O especialista em finanças públicas José Matias Pereira acredita que o crescimento dos investimentos é muito positivo, principalmente diante de um cenário de crise. Segundo ele, o Brasil precisa se preparar para sair do mau momento econômico que atinge o mundo. “É fundamental para a sociedade brasileira que o governo faça sucesso, mesmo que o aumento dos investimentos tenha conotação política, devido às eleições do próximo ano”, afirma.

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB), o governo irá investir ainda mais em 2010, pois além do período eleitoral, ele destaca que os efeitos da crise estarão menos acentuados. “Há uma perspectiva de que a crise diminua no ano que vem. Nós já estamos saindo de uma recessão técnica de dois trimestres seguidos”, aponta. O professor afirma ser natural que os governos no poder aloquem mais recursos para investimentos em vésperas de períodos eleitorais para, assim, se manter no poder. “Assim como é natural que a oposição se oponha às políticas da situação. A briga é pelo poder”, diz.

Quanto à execução orçamentária de 17% do montante desembolsado pela União em relação à dotação prevista para o ano, o especialista lembra que em um contexto de dificuldade, com menor crescimento do PIB e menor arrecadação de impostos, a situação já era esperada. “É importante lembrar também que ao final dos anos a execução nunca chega a 100%. Se o governo aplicar 50, 60% este ano, será muito positivo”, conclui.

Leandro Kleber
Do Contas Abertas

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