IARAS - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, foi alvo de ataques de lideranças do Movimento dos Sem-Terra (MST), hoje, durante ato para lembrar a existência de terras públicas griladas na região de Iaras, no centro-oeste de São Paulo.
O coordenador nacional do movimento, Gilmar Mauro, disse que Mendes se transformou em porta-voz dos setores mais retrógrados da sociedade. Ele recomendou ao presidente do STF que faça cumprir a Constituição, que manda destinar à reforma agrária as terras que não cumprem a função social. "Se a Constituição não é cumprida, que moral ele tem para criticar o MST? Ele que vá dar conselhos aos filhos dele", disse Mauro.
A manifestação reuniu cerca de 600 militantes no Assentamento Zumbi dos Palmares, a três quilômetros da fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, depredada durante invasão do MST no início do mês. Mendes havia criticado a destruição de laranjais na propriedade e sugerido o corte de recursos liberados a entidades ligadas ao MST. Mauro argumentou que, se o Estado fizesse seu papel, não haveria necessidade de repassar verbas para nenhuma entidade.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar as verbas do MST também foi atacada. "Qual é a moral desses deputados?", perguntou o líder do MST. "Eles deveriam vir aqui no meio do mato conversar com esse povo, que não está aqui para fazer piquenique." A CPMI, segundo ele, é uma forma de criminalizar o movimento.
Gilmar Mauro não descartou novas invasões na Cutrale. "Continua na mira, assim como as outras áreas que foram griladas ou são improdutivas. Vamos fazer novas ocupações ainda este ano e no ano que vem. Estamos avisando a todos que vamos continuar aqui."
Já o coordenador estadual Delweck Matheus disse que a região tem 80 mil hectares de terras griladas e que tiveram os recursos naturais destruídos, entre elas as terras ocupadas pela Cutrale. "Por causa de uns pés de laranja se criou uma comoção nacional, passando por cima do grilo."
Ele convocou os sem-terra para "lutar" pela transformação da região "numa grande região de assentamentos". "Vamos fazer ocupações até que as terras sejam arrecadadas." Ele criticou a demora dos processos na Justiça e a falta de ação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "A reforma agrária vai sair na marra", disse.
O ato do MST reuniu militantes de várias regiões, inclusive do Pontal do Paranapanema. Os sem-terra chegaram em nove ônibus, caminhões e carros. Antes, o grupo participou de uma reunião, sem a presença da imprensa, na sede da fazenda Agrocento, transformada em escola de formação de militantes. Sindicatos ligados às centrais Conlutas e CUT, inclusive o dos Metroviários, da Capital, apoiaram o ato com veículos e equipamentos. A manifestação reuniu vereadores e deputados do PT e do Psol.
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