Hamlet é um clássico do teatro. Escrita por William Shakespeare entre 1599 e 1601, a peça explora temas como traição, vingança, incesto, moralidade e corrupção. Reconta a história de como o príncipe Hamlet, da Dinamarca, tenta vingar a morte de seu pai, o rei Hamlet, que foi envenenado por seu tio Cláudio, que tomou o trono casando-se com a rainha, sua mãe. É nesta tragédia que surgiu a frase "há algo de podre no reino da Dinamarca". A frase virou jargão utilizado até hoje para se referir às suspeitas de corrupção ou imoralidade.
E ela se encaixa perfeitamente no cenário de suspeição que começa a ser montado em torno da empresa Vale do Rio Doce. A Vale não é a Dinamarca. Mas chega perto. Possui, hoje, valor de mercado superior a 210 bilhões de dólares, muito maior que o PIB da maioria dos países do mundo, inclusive maior que o da Dinamarca, que é de pouco mais de US$ 200 bilhões.
A empresa, que era estatal, foi privatizada em maio de 1997, durante o governo entreguista de Fernando Henrique Cardoso - com financiamento subsidiado pelo cofres da União, disponibilizado aos compradores pelo BNDES. Sua venda foi um verdadeiro estelionato contra o patrimônio público. Basta lembrar que foi vendida pela bagatela de US$ 3,3 bilhões.
O crime de lesa-pátria cometido pelo governo neoliberal de FHC só não foi maior porque uma parte das ações da empresa ficou com fundos de pensão de empresas estatais, como o Previ, do Banco do Brasil, e outra parte com o próprio BNDES. Portanto, ainda que seja uma empresa privada, o setor público tem interesse direto em sua gestão. Mas não só por isso. A Vale tem um papel estratégico para o desenvolvimento do país. Além disso, ela controla recursos naturais e jazidas de minérios que pertencem ao povo e seu ramo de atividade e importância econômica são vitais para a soberania nacional. Foi por estes motivos que, em 2007, os movimentos sociais fizeram uma grande campanha pela sua reestatização, proposta que, infelizmente, o atual governo tratou, na época, como "brincadeira política".
Mas, agora, uma outra "brincadeira política" faz acender o sinal de alerta para o governo. Trata-se da informação de que a empresa gastou a absurda quantia de R$ 178,8 milhões em publicidade nos últimos 12 meses.
"A empresa privada que mais investe no Brasil", agora é também a empresa privada que mais dá dinheiro para a grande mídia. Só naquela edição em que revista Veja acusa o Brasil de "imperialismo megalonanico", a Vale publicou um anúncio de 8 páginas que seguramente deve ter pago todo o custo de impressão da revista. É demais pedir para tratar como coincidência o fato de duas edições depois, a Veja ter publicado extensa matéria defendendo a empresa da "sanha estatatizante" do governo.
E o pior: a conta de propaganda da mineradora foi entregue ao publicitário Nizan Guanaes, tido e havido nos meios políticos como o marqueteiro predileto do PSDB. Já trabalhou para Serra e FHC.
O jornalista Fernando Rodrigues levanta, em seu blog, um outro dado curioso: "mineradoras no mundo todo não costumam fazer publicidade, pois o seu produto (minério) não é vendido ao consumidor final".
Pode ser que a empresa esteja apenas tentando fortalecer sua imagem entre os brasileiros, depois de ter sido cobrada pelo governo a investir mais no País. Mas, pode ser que o objetivo seja outro, talvez inconfessável. Na dúvida, torna-se inevitável deixar no ar uma pergunta: estaria a Vale irrigando, por antecipação, o caixa-dois da campanha tucana de 2010?
Seja qual for a resposta a esta indagação, permanece válida a frase de inspiração shakesperiana: há algo de podre no reino da mineradora. Editorial do Portal Vermelho.
E ela se encaixa perfeitamente no cenário de suspeição que começa a ser montado em torno da empresa Vale do Rio Doce. A Vale não é a Dinamarca. Mas chega perto. Possui, hoje, valor de mercado superior a 210 bilhões de dólares, muito maior que o PIB da maioria dos países do mundo, inclusive maior que o da Dinamarca, que é de pouco mais de US$ 200 bilhões.
A empresa, que era estatal, foi privatizada em maio de 1997, durante o governo entreguista de Fernando Henrique Cardoso - com financiamento subsidiado pelo cofres da União, disponibilizado aos compradores pelo BNDES. Sua venda foi um verdadeiro estelionato contra o patrimônio público. Basta lembrar que foi vendida pela bagatela de US$ 3,3 bilhões.
O crime de lesa-pátria cometido pelo governo neoliberal de FHC só não foi maior porque uma parte das ações da empresa ficou com fundos de pensão de empresas estatais, como o Previ, do Banco do Brasil, e outra parte com o próprio BNDES. Portanto, ainda que seja uma empresa privada, o setor público tem interesse direto em sua gestão. Mas não só por isso. A Vale tem um papel estratégico para o desenvolvimento do país. Além disso, ela controla recursos naturais e jazidas de minérios que pertencem ao povo e seu ramo de atividade e importância econômica são vitais para a soberania nacional. Foi por estes motivos que, em 2007, os movimentos sociais fizeram uma grande campanha pela sua reestatização, proposta que, infelizmente, o atual governo tratou, na época, como "brincadeira política".
Mas, agora, uma outra "brincadeira política" faz acender o sinal de alerta para o governo. Trata-se da informação de que a empresa gastou a absurda quantia de R$ 178,8 milhões em publicidade nos últimos 12 meses.
"A empresa privada que mais investe no Brasil", agora é também a empresa privada que mais dá dinheiro para a grande mídia. Só naquela edição em que revista Veja acusa o Brasil de "imperialismo megalonanico", a Vale publicou um anúncio de 8 páginas que seguramente deve ter pago todo o custo de impressão da revista. É demais pedir para tratar como coincidência o fato de duas edições depois, a Veja ter publicado extensa matéria defendendo a empresa da "sanha estatatizante" do governo.
E o pior: a conta de propaganda da mineradora foi entregue ao publicitário Nizan Guanaes, tido e havido nos meios políticos como o marqueteiro predileto do PSDB. Já trabalhou para Serra e FHC.
O jornalista Fernando Rodrigues levanta, em seu blog, um outro dado curioso: "mineradoras no mundo todo não costumam fazer publicidade, pois o seu produto (minério) não é vendido ao consumidor final".
Pode ser que a empresa esteja apenas tentando fortalecer sua imagem entre os brasileiros, depois de ter sido cobrada pelo governo a investir mais no País. Mas, pode ser que o objetivo seja outro, talvez inconfessável. Na dúvida, torna-se inevitável deixar no ar uma pergunta: estaria a Vale irrigando, por antecipação, o caixa-dois da campanha tucana de 2010?
Seja qual for a resposta a esta indagação, permanece válida a frase de inspiração shakesperiana: há algo de podre no reino da mineradora. Editorial do Portal Vermelho.
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