"O Brasil tem governo demais e oposição de menos", sentencia Miriam Leitão em sua coluna desta terça-feira (27), no jornal O Globo. Como um fürher de saias, a versátil e intrépida jornalista espinafra sem piedade o PSDB, o DEM e adjacências, deixando claro quem está no comando na coligação entre o PIG (Partido da Imprensa Golpista) e a oposição convencional. Pergunta a Miriam: e o PIG, está com essa bola toda?
Por Bernardo Joffily
"O presidente Lula fala e faz o que bem entende sem um contraponto. A oposição tem medo da popularidade do presidente e acha melhor não apontar suas falhas sequenciais", denuncia a colunista de jornal, comentarista de TV e rádio, blogueira de língua afiada.
Ela dá nome aos bois: o PSDB, omisso; o DEM, temático; e sobra até para os oposicionistas em legendas da base do governo. Só escapa, por um tris, o PV, que segundo Miriam "começa a desenhar uma alternativa".
Partido de Bush virou exemplo
Miriam invoca o exemplo da oposição republicana nos Estados Unidos – essa mesma, de George W. Bush, inimiga da saúde pública. Louva-a por ter sabatinado durante uma semana a juíza Sonia Sotomayor. Enquanto "aqui, bastou meia dúzia de perguntas dos partidos de oposição, durante uma tarde", e José Antonio Toffoli foi aprovado para o Supremo.
A coluna é, à primeira vista, uma proposta de plataforma tática que Miriam Leitão recrimina a oposição convencional por não abraçar e levar adiante. Porém uma segunda leitura traz à tona o tom agastado, colérico até, e prepotente, de uma superiora a comunicar ukases.
Não sobra pedra sobre pedra, nem da ação do governo Lula, nem muito menos da ação oposicionista. O pré-sal, o PAC, a transposição do Rio São Francisco, o funcionamento colegiado dos órgãos de controle das obras do governo, o Programa Bolsa Família...
A oposição tem medo, o PIG não
"A oposição sabe a lista de absurdos encontrados nas obras do PAC ou fora dele?", admoesta a colunista. E, linhas abaixo: "A oposição tem medo de criticar".
Miriam Leitão, está visto, não tem medo de criticar. As Organizações Globo, que pagam seu salário (ou serão vários, um para cada multifunção? e de quanto?) não tem medo de criticar. O PIG não tem medo de criticar. E cobra igual intrepidez de seus aliados da oposição convencional.
Ocorre que os desgraçados oposicionistas do mundo político real terão de pedir votos para continuarem à tona nas eleições daqui a 11 meses. É compreensível que não tenham toda a bravura que Miriam exige deles, para sair à liça numa ofensiva geral de denúncias do execrável governo Lula. Não enquanto o execrável for aprovado por 82% dos eleitores, nas próprias pesquisas tucanas.
O PIG não teme porque não depende do eleitorado. Responde única e exclusivamente à vontade dos seus editores, diretores, 'publishers', dos seus donos. Os seus segredos de alcova, esses ninguém desvenda.
Mensagem final de confiança no PIG
Alguém bem podia replicar a Miriam Leitão, interpelando o PIG e seus caciques (e 'cacicas') sobre o desempenho que anda tendo. O último escândalo nacional, no Senado, sem alcançar seu objetivo. Pior: esgotou-se faz cinco meses, e ainda não há outro na praça. A denúncia contra a ANP (agência Nacional de Petróleo), revelada pela mídia, terminou se revelando uma fraude forjada por um ex-araponga nomeado pelo genro do ex-presidente Fernando Henrique.
O fato é que o PIG tampouco está dando no couro. Vive à cata de alguma pegadinha como a infeliz metáfora de Lula sobre o Brasil, Jesus e Judas. Não anda fazendo justiça aos gloriosos idos de 2005, quando conquistou o galardão da bela sigla.
Porém o autor destas linhas confia. O PIG não há de nos desapontar. Mais dia, menos dia, a sequência dos escândalos há de ser retomada. O Brasil tem oposição de menos, mas, yes, nós temos PIG, PIG para dar e vender. E de que vale a opinião pública estar com Lula, se a opinião publicada estíver contra?!
Para o deleite do amigo internauta, publico abaixo, na íntegra, a coluna da colega Miriam Leitão:
"O papel da oposição"
"O Brasil tem governo demais e oposição de menos. O presidente Lula fala e faz o que bem entende sem um contraponto. A oposição tem medo da popularidade do presidente e acha melhor não apontar suas falhas sequenciais. O PSDB se omite em questões importantes, o DEM é temático, o PSB é oficialmente da base, o PV começa a desenhar uma alternativa, o PMDB é governo e sempre será.
O novo ministro do Supremo José Antonio Toffoli não foi escolhido por seu currículo, mas por sua extensa folha de serviços prestados ao PT.
Nos Estados Unidos, a juíza Sonia Sotomayor foi sabatinada por uma semana pelo Senado, e os republicanos quiserem saber o sentido de cada ato e declaração dela antes de aprová-la.
Aqui, bastou meia dúzia de perguntas dos partidos de oposição, durante uma tarde, e ele foi aprovado. Na posse de Toffoli, lá estava na primeira fila batendo palmas para ele o governador José Serra, que é o nome da oposição que está na frente em todas as pesquisas de intenção de votos.
O anúncio do pré-sal foi montado como um palanque para a candidata Dilma Rousseff, e o projeto de regulação tem uma sucessão de erros, mas lá estava Serra no lançamento, reclamando apenas dos royalties.
Cabe à oposição, de qualquer partido, mostrar os equívocos do caminho escolhido que favorece uma empresa de capital aberto, tira transparência do processo de escolha de investidores e não pesa o custo ambiental da exploração.
O PAC das cidades históricas é uma versão empobrecida de um projeto do governo passado, mas lá estava batendo palmas o governador de Minas, Aécio Neves, outro pré-candidato do PSDB.
O presidente deu uma entrevista em que nem Cristo foi poupado. Tudo o que Serra disse foi uma ironia de pouco alcance: Quando Lula ficou três dias num carnaval fora de hora, em cima de um palanque, com dinheiro público, alegando fiscalizar uma obra, Serra falou algo sobre irrigação nas terras ribeirinhas, e há um movimento de se saber o custo da viagem.
Mas a transposição do Rio São Francisco deve ser discutida também por uma série de outros motivos. Teve licença ambiental condicionada a exigências até agora não cumpridas. O rio sofre com assoreamento, esgoto sanitário de inúmeras cidades ribeirinhas, e destruição da mata ciliar. A população não pode ficar na situação de apenas se queixar ao bispo.
O presidente Lula tem atacado o TCU sucessivamente e avisa que vai apresentar uma lista de absurdos que pararam obras importantes.
A oposição sabe a lista de absurdos encontrados nas obras do PAC ou fora dele?
É melhor que saiba porque o governo informa que está pensando em criar um conselho para que as obras contestadas sejam liberadas em rito sumário.
O governo atrasa a restituição de Imposto de Renda às pessoas físicas; desmoraliza, por erros gerenciais e falta de controle, o programa de avaliação do ensino médio; planeja construir dezenas de termoelétricas a combustível fóssil nos próximos anos; permite que o setor elétrico se transforme em feudo familiar de um aliado; faz ameaças públicas a uma empresa privada; o Rio afunda numa angustiante crise de segurança. Isso para citar alguns eventos recentes sobre os quais os políticos de oposição ou fazem protesto débil ou frases de efeito.
O Bolsa Família é um programa que distribui renda para quem precisa e tem o direito de receber. Mas um dos seus méritos iniciais, quando nasceu como Bolsa Escola em experiências municipais, era não ser uma concessão assistencialista. Está perdendo essa virtude.
Seu maior desafio como política pública era ter uma porta de saída, ser uma alavanca para a mobilidade social. O governo não formatou essa porta de saída e o programa começa a perder qualidade.
A oposição tem medo de criticar o que está errado no projeto, tem medo de desmascarar o uso político-eleitoral do programa, e de propor avanços. Toda política pública é uma ferramenta. O Bolsa Família pode e deve ser aperfeiçoado, sem ser abandonado."
Com informações de O Globo
Por Bernardo Joffily
"O presidente Lula fala e faz o que bem entende sem um contraponto. A oposição tem medo da popularidade do presidente e acha melhor não apontar suas falhas sequenciais", denuncia a colunista de jornal, comentarista de TV e rádio, blogueira de língua afiada.
Ela dá nome aos bois: o PSDB, omisso; o DEM, temático; e sobra até para os oposicionistas em legendas da base do governo. Só escapa, por um tris, o PV, que segundo Miriam "começa a desenhar uma alternativa".
Partido de Bush virou exemplo
Miriam invoca o exemplo da oposição republicana nos Estados Unidos – essa mesma, de George W. Bush, inimiga da saúde pública. Louva-a por ter sabatinado durante uma semana a juíza Sonia Sotomayor. Enquanto "aqui, bastou meia dúzia de perguntas dos partidos de oposição, durante uma tarde", e José Antonio Toffoli foi aprovado para o Supremo.
A coluna é, à primeira vista, uma proposta de plataforma tática que Miriam Leitão recrimina a oposição convencional por não abraçar e levar adiante. Porém uma segunda leitura traz à tona o tom agastado, colérico até, e prepotente, de uma superiora a comunicar ukases.
Não sobra pedra sobre pedra, nem da ação do governo Lula, nem muito menos da ação oposicionista. O pré-sal, o PAC, a transposição do Rio São Francisco, o funcionamento colegiado dos órgãos de controle das obras do governo, o Programa Bolsa Família...
A oposição tem medo, o PIG não
"A oposição sabe a lista de absurdos encontrados nas obras do PAC ou fora dele?", admoesta a colunista. E, linhas abaixo: "A oposição tem medo de criticar".
Miriam Leitão, está visto, não tem medo de criticar. As Organizações Globo, que pagam seu salário (ou serão vários, um para cada multifunção? e de quanto?) não tem medo de criticar. O PIG não tem medo de criticar. E cobra igual intrepidez de seus aliados da oposição convencional.
Ocorre que os desgraçados oposicionistas do mundo político real terão de pedir votos para continuarem à tona nas eleições daqui a 11 meses. É compreensível que não tenham toda a bravura que Miriam exige deles, para sair à liça numa ofensiva geral de denúncias do execrável governo Lula. Não enquanto o execrável for aprovado por 82% dos eleitores, nas próprias pesquisas tucanas.
O PIG não teme porque não depende do eleitorado. Responde única e exclusivamente à vontade dos seus editores, diretores, 'publishers', dos seus donos. Os seus segredos de alcova, esses ninguém desvenda.
Mensagem final de confiança no PIG
Alguém bem podia replicar a Miriam Leitão, interpelando o PIG e seus caciques (e 'cacicas') sobre o desempenho que anda tendo. O último escândalo nacional, no Senado, sem alcançar seu objetivo. Pior: esgotou-se faz cinco meses, e ainda não há outro na praça. A denúncia contra a ANP (agência Nacional de Petróleo), revelada pela mídia, terminou se revelando uma fraude forjada por um ex-araponga nomeado pelo genro do ex-presidente Fernando Henrique.
O fato é que o PIG tampouco está dando no couro. Vive à cata de alguma pegadinha como a infeliz metáfora de Lula sobre o Brasil, Jesus e Judas. Não anda fazendo justiça aos gloriosos idos de 2005, quando conquistou o galardão da bela sigla.
Porém o autor destas linhas confia. O PIG não há de nos desapontar. Mais dia, menos dia, a sequência dos escândalos há de ser retomada. O Brasil tem oposição de menos, mas, yes, nós temos PIG, PIG para dar e vender. E de que vale a opinião pública estar com Lula, se a opinião publicada estíver contra?!
Para o deleite do amigo internauta, publico abaixo, na íntegra, a coluna da colega Miriam Leitão:
"O papel da oposição"
"O Brasil tem governo demais e oposição de menos. O presidente Lula fala e faz o que bem entende sem um contraponto. A oposição tem medo da popularidade do presidente e acha melhor não apontar suas falhas sequenciais. O PSDB se omite em questões importantes, o DEM é temático, o PSB é oficialmente da base, o PV começa a desenhar uma alternativa, o PMDB é governo e sempre será.
O novo ministro do Supremo José Antonio Toffoli não foi escolhido por seu currículo, mas por sua extensa folha de serviços prestados ao PT.
Nos Estados Unidos, a juíza Sonia Sotomayor foi sabatinada por uma semana pelo Senado, e os republicanos quiserem saber o sentido de cada ato e declaração dela antes de aprová-la.
Aqui, bastou meia dúzia de perguntas dos partidos de oposição, durante uma tarde, e ele foi aprovado. Na posse de Toffoli, lá estava na primeira fila batendo palmas para ele o governador José Serra, que é o nome da oposição que está na frente em todas as pesquisas de intenção de votos.
O anúncio do pré-sal foi montado como um palanque para a candidata Dilma Rousseff, e o projeto de regulação tem uma sucessão de erros, mas lá estava Serra no lançamento, reclamando apenas dos royalties.
Cabe à oposição, de qualquer partido, mostrar os equívocos do caminho escolhido que favorece uma empresa de capital aberto, tira transparência do processo de escolha de investidores e não pesa o custo ambiental da exploração.
O PAC das cidades históricas é uma versão empobrecida de um projeto do governo passado, mas lá estava batendo palmas o governador de Minas, Aécio Neves, outro pré-candidato do PSDB.
O presidente deu uma entrevista em que nem Cristo foi poupado. Tudo o que Serra disse foi uma ironia de pouco alcance: Quando Lula ficou três dias num carnaval fora de hora, em cima de um palanque, com dinheiro público, alegando fiscalizar uma obra, Serra falou algo sobre irrigação nas terras ribeirinhas, e há um movimento de se saber o custo da viagem.
Mas a transposição do Rio São Francisco deve ser discutida também por uma série de outros motivos. Teve licença ambiental condicionada a exigências até agora não cumpridas. O rio sofre com assoreamento, esgoto sanitário de inúmeras cidades ribeirinhas, e destruição da mata ciliar. A população não pode ficar na situação de apenas se queixar ao bispo.
O presidente Lula tem atacado o TCU sucessivamente e avisa que vai apresentar uma lista de absurdos que pararam obras importantes.
A oposição sabe a lista de absurdos encontrados nas obras do PAC ou fora dele?
É melhor que saiba porque o governo informa que está pensando em criar um conselho para que as obras contestadas sejam liberadas em rito sumário.
O governo atrasa a restituição de Imposto de Renda às pessoas físicas; desmoraliza, por erros gerenciais e falta de controle, o programa de avaliação do ensino médio; planeja construir dezenas de termoelétricas a combustível fóssil nos próximos anos; permite que o setor elétrico se transforme em feudo familiar de um aliado; faz ameaças públicas a uma empresa privada; o Rio afunda numa angustiante crise de segurança. Isso para citar alguns eventos recentes sobre os quais os políticos de oposição ou fazem protesto débil ou frases de efeito.
O Bolsa Família é um programa que distribui renda para quem precisa e tem o direito de receber. Mas um dos seus méritos iniciais, quando nasceu como Bolsa Escola em experiências municipais, era não ser uma concessão assistencialista. Está perdendo essa virtude.
Seu maior desafio como política pública era ter uma porta de saída, ser uma alavanca para a mobilidade social. O governo não formatou essa porta de saída e o programa começa a perder qualidade.
A oposição tem medo de criticar o que está errado no projeto, tem medo de desmascarar o uso político-eleitoral do programa, e de propor avanços. Toda política pública é uma ferramenta. O Bolsa Família pode e deve ser aperfeiçoado, sem ser abandonado."
Com informações de O Globo
Fonte:Portal Vermelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário