Com o Santos praticamente fora da briga pelo título brasileiro e a possível saída do presidente Marcelo Teixeira no final do ano, Wanderley Luxemburgo já vê novo horizonte para 2010. Embora não saiba se seguirá como treinador ou se vai pendurar a prancheta, Luxa, aos 57 anos, quer agora entrar na política.
Em entrevista a Rodrigo Bueno, da Folha de S.Paulo, o técnico santista, recém-filiado ao PT, confirmou planos. O mais ousado deles é concorrer a senador em 2010 pelo estado do Tocantins. “No Norte, é onde precisam de um projeto de esporte, pois não tem. O Tocantins é um estado que promete. Tem só 20 anos e muita coisa a ser feita.”
Confira abaixo trechos da entrevista.
Sem Marcelo Teixeira na presidência, você já disse que sai. Vai para a política?
É outra possibilidade que pode existir na minha vida. Nunca me filiei a partido. Filiei-me ao PT agora, no Tocantins.
Por que o PT?
Sempre me identifiquei com coisas que o PT fazia, mas achava o partido radical. Passou a ser mais moderado e se encaixa mais com a minha cabeça, com o meu pensamento político-ideológico.
Você é amigo do Lula?
Tenho amizade com o Lula, que foi o petista que mais evoluiu. Se você pegar o Lula de anos atrás e pegar o de hoje, verá que evoluiu na ideologia. Algumas coisas que fazia com radicalismo no partido foram mudando. Isso mostra que o PT evoluiu.
Por que o Tocantins? Está preparado para as críticas por não ter identificação com esse estado?
O mundo está globalizado. Qual é o problema? Por que você não pode trabalhar no Rio se for convidado? É anormal? Vocês têm tendência à crítica. Como se fosse proibido eu entender que o Tocantins possa ter uma situação em que seja possível desenvolver um trabalho melhor do que em São Paulo.
Num mundo globalizado, com possibilidades, alternativas de trabalho, você fala inglês fluente e o convidam para um jornal em Nova York. Vai deixar de ir porque é brasileiro? É crescimento. No Norte, é onde precisam de um projeto de esporte, pois não tem. O Tocantins é um estado que promete. Tem só 20 anos e muita coisa a ser feita.
Você já fala como político. É inevitável a entrada nesse meio?
É só uma questão de tempo. Eu vou.
Como é para um técnico top ficar sem lutar pela taça?
Estaria brigando pelo título. Não deixaram, é diferente. Montei um projeto no Palmeiras para brigar pelo título deste ano e pela Libertadores do ano que vem.
Muitos o acham egocêntrico, vaidoso... Assume isso?
É impossível tecer qualquer comentário meu se não me conhece. O cara que trabalha é um profissional, um personagem. Não posso falar nunca dos sentimentos meus. Aqui, na entrevista, sou profissional. Quando você me conhecer, vai poder dizer "o Luxemburgo é metido, radical, egocêntrico".
Tem perguntas que fazem você ter vários tipos de reação, sair pela tangente, ser grosso, contundente, ignorante, firme. Por exemplo, não gosto do Juca Kfouri. Mas não posso esconder que não gosto dele. Não gosto da Folha, mas falo isso. E isso passa como se eu fosse um camarada metido. Tenho meu ponto de vista.
Gosta do personagem Luxemburgo que você criou?
Já mudei. Ele foi se ajustando, sou muito mais velho. Fiz dois "media training" para melhorar minha relação com a imprensa, que achava um pouco desnecessária, minha relação com a arbitragem era muito arrogante da minha parte. Achava sempre que estava acima do bem e do mal e que estavam sempre equivocados. Se pegar minha trajetória, verá que fui mudando. Você vai se ajustando, procura melhorar.
O Instituto Wanderley Luxemburgo está mesmo em crise?
Você não consegue consolidar uma empresa da noite para o dia. Ela tem prejuízo, se equivoca em alguma coisa, você puxa o freio de mão, busca outro investidor. É um negócio que está começando, que pode ter sucesso ou não. Alcançou de imediato o que esperávamos, aí tivemos alguns parceiros que não corresponderam.
O meu parceiro principal teve problemas e, com isso, passou a não investir. Só dei meu nome e meus profissionais ao instituto, tinha a disposição de dar aula. O investidor é outra pessoa. Estamos buscando outras parcerias para o negócio poder funcionar. Se vai dar certo ou não, faz parte da vida.
Pensa em seleção ainda?
Nem penso. Se um dia tiver convite, vou pensar na época. O meu projeto já passou. Fiz o projeto, o Felipão foi para a Copa, ganhou (em 2002), e minha vida continuou. Já cheguei à seleção brasileira.
E a Libertadores?
Telê foi cobrado por não ser campeão mundial, um dos maiores vencedores do Brasil. Sou um dos maiores vencedores e falta a Libertadores. Não falta nada. Não aconteceu. Tenho uma vida de sucesso. Ganhei recorde de títulos em São Paulo, em Brasileiros, cheguei à seleção, tive percentual fantástico, saí por problemas que não tinham a ver com a parte técnica, me tiraram. Do que posso reclamar? Está bom.
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