terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Demo tenta se livrar no STF.Ih! Esse fillme é antigo

ARRUDA TENTOU BARRAR OPERAÇÃO

Jornal do Brasil - 01/12/2009

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, tentou evitar a realização da Operação Caixa de Pandora, na qual a Polícia Federal descobriu seu envolvimento num esquema de propinas. Na quinta-feira, véspera da ação da PF, Arruda foi recebido pelo ministro Fernando Gonçalves, do STJ, segundo revela com exclusividade o Informe JB. O governador pediu mais tempo para provar sua inocência. Gonçalves, contudo, não lhe deu esperanças. Arruda ligou ainda para o governador Aécio Neves (PSDB-MG), que também entrou no circuito. Em vão. Após a realização da operação, o DEM tenta, pelo menos, blindar o partido. Na surdina, a cúpula da legenda promoveu ontem à noite um jantar com quatro ministros do STF.

Pressionado pela oposição, por entidades da sociedade civil como a Ordem dos Advogados do Brasil e pelas investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), se reuniu segunda-feira com a cúpula do DEM, que pediu ao governador que apresentasse publicamente a sua versão sobre as denúncias. Parte da direção da legenda defendeu a expulsão imediata de Arruda dos quadros do DEM, mas a maioria optou por aguardar a reação pública às explicações do governador antes de adotar a medida.

A decisão sobre a permanência de Arruda na legenda será tomada, em definitivo, pela Executiva Nacional do DEM após reunião prevista para ser realizada terça-feira. Os democratas temem prejuízos à imagem da oposição nas eleições presidenciais de 2010, mas apenas três dos oito dirigentes do partido que participaram do encontro com Arruda defenderam publicamente a expulsão sumária, e imediata, do governador: os senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Demóstenes Torres (DEM-GO) e o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Também participaram do encontro o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (DEM), os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI) e Adelmir Santana (DEM-DF), o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) e o secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga.

No encontro, Arruda se defendeu das acusações e reiterou que é inocente do suposto esquema de propina. Na saída da residência oficial de Arruda, os democratas foram cercados por manifestantes que jogaram panetones em cima dos carros que saíam do local.

Os aliados locais e nacionais do DEM não deram a Arruda o mesmo privilégio. O PSDB nacional decidiu recomendar a seus filiados Márcio Machado e José Humberto Pires que se afastem do governador. Márcio Machado é secretário de Obras do governo Arruda e presidente do diretório regional do PSDB. José Humberto Pires ocupa a secretaria de Governo. Machado e Humberto são citados no inquérito da Polícia Federal encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e prestaram esclarecimentos segunda-feira ao vice-presidente nacional do PSDB, deputado federal Edson Aparecido (SP).

O PPS também deixou segunda-feira a base do governo Arruda e pediu o afastamento do governador. Sairão da administração do DF os secretários de Saúde, Augusto Carvalho, e de Justiça, Alírio Neto, deputados federal e distrital pela legenda, respectivamente. Além deles, todos os filiados ao PPS que ocupam cargos em qualquer escalão devem pedir demissão do governo.

Após a reunião com a cúpula do DEM, Arruda disse que pretende ficar no partido apesar da ameaça de expulsão. O governador afirmou que vai “lutar até o fim” para provar que é inocente e atribuiu ao ex-governador do DF Joaquim Roriz (PSC) a responsabilidade sobre o esquema de corrupção, de quem disse ter herdado uma “herança maldita”. Arruda afirmou que o seu governo reduziu o repasse de verbas para as empresas de informática participantes do esquema, o que contrariou “interesses” de Durval Barbosa, responsável pelas gravações envolvendo o governador em conversa na qual supostamente negociaria recursos para serem encaminhados aos aliados.

Segundo o governador, os recursos “eventualmente” recebidos por integrantes do governo do DF foram destinados a ações sociais em 2004, 2005 e 2006 – e foram legalmente registrados na Justiça Eleitoral. Arruda também levantou dúvidas sobre as gravações realizadas por Barbosa, entre elas a que aparece recebendo recursos do seu antigo colaborador.

– Quanto ao diálogo gravado no dia 21 de outubro, fica claro que foi conduzido para passar uma versão previamente estudada. A avaliação preliminar dos nossos advogados me alerta que os supostos defeitos ou aquecimento ou resfriamento do aparelho de gravação, tudo isso nos exatos termos que consta dos autos, podem ter truncado e comprometido o teor e o sentido da conversa. Inclusive com a desconfiguração dos dados armazenados – observou Arruda.

O governador concluiu as explicações afirmando que seus advogados estão estudando o inquérito da Polícia Federal para decidir o que fazer e que vai colaborar com “tudo o que for necessário” para as investigações do Ministério Público Federal e do Superior Tribunal de Justiça.

Nenhum comentário: