Rodrigo Haidar, iG Brasília
O iG teve acesso ao quarto volume do inquérito do Superior Tribunal de Justiça sobre o suposto esquema de corrupção montado dentro do governo do Distrito Federal (GDF), que envolve a cúpula política da capital, como o governador José Roberto Arruda e deputados distritais.
No início de dezembro, o ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa prestou 16 depoimentos ao Ministério Público Federal. Foi a primeira vez que Barbosa falou aos investigadores sobre o caso após a Polícia Federal deflagrar a Operaçao Caixa de Pandora, em 27 de novembro. Os depoimentos foram prestados em São Paulo e estão anexados ao quarto volume.
No inquérito, o autor de diversas gravações mostrando políticos do DF recebendo dinheiro afirma ter entregue R$ 200 mil para o vice-governador, Paulo Octávio, no Hotel Kubitschek Plaza, "há cerca de um ano e meio". Diferentemente das demais acusações, devidamente registradas em vídeo, desta vez Durval não apresentou qualquer prova ou indicação de que a entrega do dinheiro teria sido realizada.
De acordo com Barbosa, o dinheiro que ele afirma ter entregue ao vice-governador seria de contratos de informática firmados entre empresas do grupo TBA, da empresária Cristina Boner, com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal. Boner é uma das maiores empresárias da capital e suas empresas têm a prerrogativa de venda dos produtos da Microsoft para todos os órgãos do GDF.
Barbosa disse aos investigadores que entregou outros valores - “inúmeras” vezes - a Marcelo Carvalho, principal assessor do vice-governador. O dinheiro também, segundo ele, seria de desvio de verbas do setor de informática do governo Arruda.
Eis trecho do inquérito que se refere à entrega do dinheiro a Paulo Octávio:
“Há cerca de um ano e meio atrás, o declarante recebeu um valor um pouco superior a duzentos mil reais de Cristina Boner, para ser entregue ao vice-governador Paulo Octávio correspondente à propina cobrada em razão de contratos de prestação de serviços no setor de informática celebrados com empresas do grupo empresarial de propriedade de Cristina Boner (...) o declarante entregou este dinheiro pessoalmente a Paulo Octávio em uma das suítes do Hotel Kubitscheck Plaza que é de propriedade do Grupo Paulo Octávio; que essa foi a única vez que o declarante entregou o dinheiro pessoalmente ao vice-governador Paulo Octávio.”
No trecho a seguir, Durval afirma ter entregue dinheiro ao assessor do vice-governador, Marcelo Carvalho:
“(...) que em todas as outras ocasiões, que foram inúmeras, durante o Governo Arruda, o declarante encaminhou o dinheiro de propina para Paulo Octávio, entregando-o nas mãos de Marcelo Carvalho, seu assessor, que vinha pessoalmente buscá-lo no gabinete do declarante, a exemplo das duas ocasiões em que o declarante filmou e entregou as gravações que já se encontram inseridas no inquérito.”
O iG tentou falar com o vice-governador Paulo Octávio. Sua assessoria afirmou que ele nega as acusações e colocou seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, em contato com a reportagem. Almeida Castro afirmou que esses novos depoimentos de Durval não têm qualquer valor, "nem jurídico, nem ético". E perguntou: "Onde está o vídeo? A força da palavra de Durval é a força do vídeo". O advogado, que também defende Marcelo Carvalho, nega também que o assessor de Paulo Octávio tenha recebido dinheiro de Durval. A reportagem não conseguiu falar com a empresária Cristina Boner, dona da TBA, que no entanto divulgou uma nota repudiando as acusações.
Nesse novo volume do inquérito, Almeida Castro afirma só ter tido acesso ao teor completo aos primeiros volumes quando divulgados pelo iG. O portal também exibiu em primeira mão as gravações que mostram o governador Arruda e aliados políticos recebendo dinheiro.
A Operação Caixa de Pandora, em que cumpriu mandados de busca em gabinetes de parlamentares, em secretarias e na residência oficial do governador do Distrito Federal. O objetivo da operação era coletar provas sobre suposta distribuição de recursos ilegais à “base aliada” do GDF.
* Com reportagem de Lucas Ferraz, Matheus Leitão, Fred Raposo e Gustavo Gantoi
O iG teve acesso ao quarto volume do inquérito do Superior Tribunal de Justiça sobre o suposto esquema de corrupção montado dentro do governo do Distrito Federal (GDF), que envolve a cúpula política da capital, como o governador José Roberto Arruda e deputados distritais.
No início de dezembro, o ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa prestou 16 depoimentos ao Ministério Público Federal. Foi a primeira vez que Barbosa falou aos investigadores sobre o caso após a Polícia Federal deflagrar a Operaçao Caixa de Pandora, em 27 de novembro. Os depoimentos foram prestados em São Paulo e estão anexados ao quarto volume.
No inquérito, o autor de diversas gravações mostrando políticos do DF recebendo dinheiro afirma ter entregue R$ 200 mil para o vice-governador, Paulo Octávio, no Hotel Kubitschek Plaza, "há cerca de um ano e meio". Diferentemente das demais acusações, devidamente registradas em vídeo, desta vez Durval não apresentou qualquer prova ou indicação de que a entrega do dinheiro teria sido realizada.
De acordo com Barbosa, o dinheiro que ele afirma ter entregue ao vice-governador seria de contratos de informática firmados entre empresas do grupo TBA, da empresária Cristina Boner, com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal. Boner é uma das maiores empresárias da capital e suas empresas têm a prerrogativa de venda dos produtos da Microsoft para todos os órgãos do GDF.
Barbosa disse aos investigadores que entregou outros valores - “inúmeras” vezes - a Marcelo Carvalho, principal assessor do vice-governador. O dinheiro também, segundo ele, seria de desvio de verbas do setor de informática do governo Arruda.
Eis trecho do inquérito que se refere à entrega do dinheiro a Paulo Octávio:
“Há cerca de um ano e meio atrás, o declarante recebeu um valor um pouco superior a duzentos mil reais de Cristina Boner, para ser entregue ao vice-governador Paulo Octávio correspondente à propina cobrada em razão de contratos de prestação de serviços no setor de informática celebrados com empresas do grupo empresarial de propriedade de Cristina Boner (...) o declarante entregou este dinheiro pessoalmente a Paulo Octávio em uma das suítes do Hotel Kubitscheck Plaza que é de propriedade do Grupo Paulo Octávio; que essa foi a única vez que o declarante entregou o dinheiro pessoalmente ao vice-governador Paulo Octávio.”
No trecho a seguir, Durval afirma ter entregue dinheiro ao assessor do vice-governador, Marcelo Carvalho:
“(...) que em todas as outras ocasiões, que foram inúmeras, durante o Governo Arruda, o declarante encaminhou o dinheiro de propina para Paulo Octávio, entregando-o nas mãos de Marcelo Carvalho, seu assessor, que vinha pessoalmente buscá-lo no gabinete do declarante, a exemplo das duas ocasiões em que o declarante filmou e entregou as gravações que já se encontram inseridas no inquérito.”
O iG tentou falar com o vice-governador Paulo Octávio. Sua assessoria afirmou que ele nega as acusações e colocou seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, em contato com a reportagem. Almeida Castro afirmou que esses novos depoimentos de Durval não têm qualquer valor, "nem jurídico, nem ético". E perguntou: "Onde está o vídeo? A força da palavra de Durval é a força do vídeo". O advogado, que também defende Marcelo Carvalho, nega também que o assessor de Paulo Octávio tenha recebido dinheiro de Durval. A reportagem não conseguiu falar com a empresária Cristina Boner, dona da TBA, que no entanto divulgou uma nota repudiando as acusações.
Nesse novo volume do inquérito, Almeida Castro afirma só ter tido acesso ao teor completo aos primeiros volumes quando divulgados pelo iG. O portal também exibiu em primeira mão as gravações que mostram o governador Arruda e aliados políticos recebendo dinheiro.
A Operação Caixa de Pandora, em que cumpriu mandados de busca em gabinetes de parlamentares, em secretarias e na residência oficial do governador do Distrito Federal. O objetivo da operação era coletar provas sobre suposta distribuição de recursos ilegais à “base aliada” do GDF.
* Com reportagem de Lucas Ferraz, Matheus Leitão, Fred Raposo e Gustavo Gantoi
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