segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A força que vem da grana

Patrimônio de interino no Distrito Federal é o maior entre governadores
Empresário do ramo imobiliário, Paulo Octávio declarou em 2006 bens no valor de R$ 320 mi

Andréia Sadi, do R7


.O governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), declarou um patrimônio milionário na eleição de 2006, que supera o dos governadores dos 26 Estados do país, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Paulo Octávio venceu as eleições como vice na chapa de José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido), afastado do governo e preso desde a última quinta-feira na carceragem da Polícia Federal, em Brasília. Ele é suspeito de pagar propina para deputados distritais em troca de apoio a projetos de seu interesse, esquema que ficou conhecido como mensalão do DEM.

Dados levantados pelo R7 na Justiça eleitoral mostram que só em um dos bens de Octávio corresponde a R$ 319,4 milhões em cotas de capital da Paulo Octavio Investimentos Imobiliários, holding de sua propriedade fundada em 1975. Ele declarou também possuir obras de arte no valor de R$ 15 mil, cotas de hotéis e apartamentos de até R$ 249 mil. O total chega a R$ 323,5 milhões.

Procurada pela reportagem, a assessoria do vice disse que o patrimônio declarado é o que consta no TSE, que não existe nenhuma irregularidade no valor e que ele é dono de 20 empresas.

O patrimônio declarado por Paulo Octávio supera as declarações somadas dos principais governadores do país. O de São Paulo, José Serra (PSDB), o de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), todos eleitos em 2006, têm, juntos, patrimônio declarado de R$ 2,3 milhões. Os tucanos registraram bens como apartamentos, carros, salas comerciais, que juntos deram R$ 872 mil para Serra e R$ 831 mil para Aécio, enquanto o governador do Rio declarou R$ 647,5 mil.

Já o patrimônio de Arruda, de acordo com acompanhamento das declarações junto à Justiça Eleitoral, teria passado de R$ 600 mil, em 2006, para R$ 7 milhões este ano. Arruda rebateu a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo e alegou que seu patrimônio era de R$ 682 mil em 2007 e passou para R$ 1 milhão em 2008, variação de 46%.

Apesar de ter assumido o governo do Distrito Federal com a prisão de Arruda, Paulo Octávio, também está sob suspeita no caso do mensalão do DEM. Foi citado várias vezes como beneficiário do esquema, o que ele nega.

Por essa razão, a Câmara Legislativa do Distrito Federal já recebeu quatro pedidos de impeachment contra o interino. Dois deles vieram de partidos – PT e PSB – e outros dois da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do DF e da OAB-DF (Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil).

Ele também pode acabar expulso do DEM no que depender do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que em entrevista ao Jornal O Estado de S. Paulo, publicada na edição de ontem, disse que vai apresentar seu pedido de expulsão na próxima quinta-feira (18).

Em resposta, Paulo Octávio afirmou que vai conversar com dirigentes da legenda porque não cogita a possibilidade de deixar o DEM.

Nenhum comentário: