Uma pesquisa encomendada pelo governo federal aponta que a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 desperta orgulho na população. Pouco mais de 81% dos 1.078 entrevistados nas 12 cidades-sede dos jogos afirmaram ter esse sentimento pelo país por sediar o evento. No entanto, apesar do orgulho, uma parcela expressiva se mostra descrente quanto aos investimentos necessários: 37% acham que os recursos aplicados em seus respectivos municípios serão desviados por práticas corruptas.
A realização da Copa é considerada muito importante ou importante pela maioria da população das cidades-sede: 80%. Apenas 9% dos entrevistados afirmaram ser pouco importante, ou que não tem importância alguma. A promoção do desenvolvimento do país foi o item que obteve maior percentual de indicação para justificar a opinião de que a realização do evento no Brasil é importante ou muito importante: 62% dos entrevistados.
Para 53%, a realização do evento é importante ou muito importante porque irá ampliar a oferta de vagas de emprego; enquanto a ampliação dos negócios turísticos foi indicada por 41%; a melhoria na infraestrutura foi citada por 40% e 28% indicaram o aumento de visibilidade do Brasil diante do mundo.
Para 36% da população brasileira, entre os 267 municípios pesquisados, totalizando agora 5 mil pessoas entrevistadas, a realização da Copa é a oportunidade para unir o país em torno do mesmo objetivo, estimulando a autoestima e o orgulho de ser brasileiro. Outros 33% entendem que será o momento de promover o desenvolvimento e modernização do país. Essa percepção quanto à oportunidade gerada pelo evento, no entanto, difere entre a população residente em cidades-sede da população das demais cidades.
Enquanto nos municípios que sediarão os jogos a população entende que a Copa será o momento de unir o país e estimular o orgulho e a autoestima de ser brasileiro, nas demais cidades a população entende que o evento é o momento de mostrar ao mundo a capacidade de organização do Brasil, a sua tecnologia, a força econômica e belezas naturais.
Por outro lado, entre aqueles que julgam ser pouco importante ou nada importante a realização da Copa no Brasil, 64% têm a percepção de que existem outros problemas mais importantes para o governo e a população se preocuparem. Outros 30% creem que a Copa apenas servirá aos interesses políticos de quem está no poder. Para 16% dos entrevistados, as obras da Copa serão superfaturadas e esses recursos poderiam ser aplicados em saúde, educação e segurança.
Quanto à execução das obras, 48% acreditam que os empreendimentos serão poucos e feitos de forma parcial, enquanto 44% dos entrevistados afirmam que as obras serão feitas com seriedade.
O interesse em acompanhar os jogos da Copa de 2014 é manifestado por 92% dos residentes de cidades que sediarão os jogos. No entanto, apenas 23% dizem que pretendem assistir aos jogos ao vivo, indo ao estádio. Já 81% afirmam que verão os jogos pela televisão e 16% em bares com amigos.
Vantagens e problemas nas sedes
As condições atuais das cidades-sede para receber os visitantes na Copa de 2014 foram avaliadas como boas ou ótimas por 44% dos entrevistados. Outros 30% acham essas condições regulares. O percentual de entrevistados que consideram as condições de sua cidade como ruins ou péssimas é de 23%. As condições atuais do sistema de transporte foram as que receberam maior percentual de avaliação ruim ou péssimo: 36%. O melhor índice de avaliação ótimo ou bom foi para as redes hoteleiras: 68%.
A segurança lidera a lista de necessidades das cidades para sediar a Copa de 2014: 65% dos entrevistados apontaram esse item como uma necessidade em suas cidades. Questões relacionadas ao transporte, como ampliação de linhas e quantidade de ônibus e metrô, aparecem em seguida na lista de necessidades. Estádios de futebol – até agora nenhuma arena no país tem condições de receber partidas da Copa – aparecem apenas na 5ª posição, indicado por 19% dos entrevistados. Na foto ao lado, projeto do Mané Garrincha, em Brasília.
Vaias e agressões aos adversários
A percepção quanto ao comportamento das pessoas de suas cidades é positivo: na opinião de 94% dos entrevistados as pessoas de suas respectivas cidades são receptivas; 92% acham que os moradores são simpáticos e 86% afirmam que os cidadãos do seu município são tolerantes. De uma maneira geral, 95% acreditam que os visitantes serão bem recebidos em suas cidades, e para 77% dos entrevistados as pessoas de sua cidade respeitarão os adversários. No entanto, 18% avaliam que os moradores de sua cidade irão vaiá-los ou agredi-los.
Entre os residentes das cidades-sede, 61% afirmaram que mesmo se o Brasil começar a Copa perdendo, continuarão acompanhando os jogos. Por outro lado, 31% afirmaram que perderão o interesse pela competição.
Conclusões dos pesquisadores
Para os pesquisados, a população residente em cidades que sediarão os jogos da Copa não apresenta diferenças significativas de opinião quanto aos principais aspectos avaliados pelo estudo, se comparados com a população residente nas cidades que não sediarão jogos da Copa. Em linhas gerais, os níveis de importância atribuídos ao evento, assim como as percepções quanto às oportunidades que o mesmo deverá propiciar, e os sentimentos decorrentes da realização da Copa no Brasil são similares, independentes da cidade ser sede ou não do evento.
“Esse resultado evidencia e fortalece o sentimento de determinação em uma idéia de união nacional em torno do mesmo objetivo: a realização dos jogos em suas cidades irá fortalecer o sentimento de união do país”, afirmam.
O estudo realizado pela Meta Pesquisas de Opinião foi encomendado pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República e divulgado no fim de maio. Os pesquisadores entrevistaram pessoas com mais de 16 anos residentes em domicílios particulares em todo o território brasileiro, entre homens e mulheres de diferentes renda familiar mensal e escolaridade. A pesquisa foi aplicada em uma amostra de 5 mil domicílios, totalizando a realização de 5 mil entrevistas em 267 municípios de todos os estados, sendo 1.078 entrevistas realizadas nas 12 cidades-sede.
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