quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Caso de polícia não é de política


O governo está dando o tratamento correto às questões da Receita Federal e do suposto lobby junto à Casa Civil, que a oposição, com apoio da mídia, tenta transformar em assunto político. Tanto a quebra do sigilo fiscal de centenas de brasileiros, como as denúncias de tráfico de influência do filho da ministra Erenice Guerra são crimes comuns e como tal devem ser tratados.
Nenhum dos dois casos tem qualquer ligação com a candidatura de Dilma Rousseff. O primeiro ocorreu em 2009, quando ela nem era candidata, e vitimou muita gente além de três ou quatro tucanos. O segundo, e mais recente, envolve um período da Casa Civil em que Dilma nem estava mais lá.


Assim como o fato de a empresa da filha de Serra ter violado o sigilo bancário de quase 60 milhões de brasileiro, em 2001, como revelou Carta Capital, nada tem a ver com a candidatura tucana nesse momento. Se Serra e Dilma se beneficiaram de alguma irregularidade em algum desses momentos, isso precisa ser provado, e o melhor lugar é a Justiça, não a campanha eleitoral.


Na verdade, o que existe até agora são apenas acusações. E diante de acusações, investiga-se. Se há culpados, pune-se. Se não os há, encerra-se o caso. Simples assim.


O governo mostrou não temer a investigação e colocou a Polícia Federal para atuar nos dois casos. A corrupção pública é o crime mais combatido pela PF no governo Lula, com a prisão efetiva de um número considerável de servidores, inclusive de alguns de seus próprios agentes.
De 2003, primeiro ano do governo Lula, até o início desse mês, a PF realizou mais de mil operações, efetuando 14 mil prisões, sendo 1.700 servidores públicos de todos os níveis de governo. Nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, foram apenas 28 operações, o que revela quem se empenhou mais em combater a corrupção no país.


A Justiça não tem lado. E Lula já manifestou mais de uma vez que não teme punir corruptos, doa a quem doer. Todas as medidas possíveis para o esclarecimento pleno desses dois casos já foram tomadas. Sua exploração política agora, seja por Serra ou pela mídia, é mero oportunismo.


Aliás, a coluna de Janio de Freitas de terça-feira na Folha de S.Paulo é muito elucidativa nesse sentido. Ele afirma que "ou os adversários de Dilma conseguem afinal comprometê-la com alguma prova, ao menos com algum indício inexplicável, ou Dilma chegará à eleição santificada por uma pureza jamais imaginada entre tantas bandalheiras nacionais."


O jornalista, naturalmente, não se referiu ao jornal em que trabalha como um dos adversários de Dilma, mas sua crítica se encaixa como uma luva ao diário paulista, quando escreve "o bombardeio incessante na base do `filho da sucessora` ou `filho do braço direito` que `teria feito`, e da responsabilidade por quebra de sigilos na Receita..., ficam como acusações só por acusar. E o acúmulo dos seus insucessos compõe um atestado de idoneidade exemplar."



Mair Pena Neto, Direto da Redação

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