sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tarso vence no primeiro turno, conforme Datafolha


Paulo Cezar da Rosa

24 de setembro de 2010

Na pesquisa Datafolha para governador do Rio Grande do Sul divulgada nesta quinta, 23 de setembro, Tarso Genro (PT) aumentou a diferença com relação a José Fogaça (PMDB) e vence no primeiro turno, com 54% dos votos válidos. Pela pesquisa, o candidato do PT tem o dobro de Fogaça: 46% a 23%. E Yeda (PSDB) subiu de 11% para 15%.

A diferença de Tarso diante de Fogaça e Yeda somados é de oito pontos na pergunta induzida. Na espontânea, que a esta altura ainda é mais importante, a diferença é maior: 10 pontos percentuais. Na espontânea, Tarso faz 33%, Fogaça faz 13% e Yeda, 10%. Em um eventual segundo turno, Tarso teria 55% e Fogaça, 33%.

Ou seja, todos os elementos indicam uma provável vitória de Tarso Genro no primeiro turno. E secundariamente, a pesquisa sinaliza a possibilidade de Yeda ultrapassar José Fogaça nesta reta final.

A distância de Yeda e Fogaça na induzida é pequena. Yeda tem 10% e Fogaça tem 13%. A rigor, é um empate técnico. A campanha de Fogaça vem de mal a pior nas últimas semanas. Já a de Yeda, se não consegue mostrar força, vem revelando ousadia e determinação. Como o clima geral é de jogo jogado, a tendência do eleitor antipetista, a partir de agora, será a de marcar posição. E para marcar posição contra o PT, o voto anti-Tarso migrará para Yeda.

A falência da neutralidade ativa – A principal informação da pesquisa para sustentar a afirmação anterior não é nem a pesquisa para o governo. É na pesquisa para o Senado do Datafolha que as tendências do momento se revelam com mais força. No Senado, Ana Amélia (PP, coligado com o PSDB de Yeda) e Paim (PT) se distanciaram de Rigotto (PMDB). Ana Amélia tem 49%, Paim tem 45% e Rigotto, 38%. Verdade que, para o Senado, principalmente porque são dois votos, ainda há uma grande margem para mudanças, mas o que indicávamos semana passada está se confirmando.

Cabe aqui um registro. Paim, na sua eleição oito atrás, passou de um quarto lugar em todas pesquisas para o segundo nas urnas. Ungido senador, disse que foi Deus quem o elegeu. Dessa vez, será obrigado a render tributo à Dilma, a Lula e ao PT. E a sua reeleição, mesmo que provável, ainda não está segura. Há milhões de votos indefinidos para o Senado.

Além de dever seu mandato para o PT, para Dilma e para Lula, Paim deverá também agradecer aos seus maiores adversários, principalmente ao senador Simon, que embalou a estratégia do PMDB gaúcho para esta eleição. Simon desenvolveu a tese da neutralidade junto com Fogaça. Esta tese paralisou o PMDB gaúcho. Além de refletir mal nas bases, a neutralidade ativa deixou um território livre para a campanha de Tarso crescer.

Simon está, ao que tudo indica, enterrando Fogaça e, junto com ele, o seu candidato a senador, Germano Rigotto.

Lula e o capitalismo gaúcho - A vitória no Rio Grande do Sul é uma vitória do lulismo. Como no país, a direita golpista e o PIG gaúcho estão amargando uma derrota política profunda. Nesta sexta, a campanha de Dilma e Tarso ainda terá um novo impulso de reta final. Ao final do dia, um comício em Porto Alegre deve reunir mais de 20 mil pessoas. O ato deverá lançar mais um impulso na final nas campanhas de Dilma, Tarso e Paim.

A atividade contará com a presença de Lula. O presidente, depois de bater o martelo da capitalização da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo e inaugurar a fábrica da Braskem no Pólo Petroquímico de Triunfo, vai ao comício “depois do expediente”.

O PIG gaúcho jogou a toalha - As maiores provas de que a eleição gaúcha vai se decidir no primeiro turno não são das pesquisas publicadas nos jornais. A primeira prova é a do sentimento das ruas. Nesta reta final, o clima geral é de uma decisão tranquila em favor de Dilma e de Tarso. Essa é a tendência visível da maioria. A segunda maior prova são as manchetes dos principais jornais do PIG gaúcho destes últimos dias. Na quinta-feira, 23 de setembro, a manchete no jornal Zero Hora foi: “Sobrepeso coloca em risco 51% dos gaúchos”. No jornal Correio do Povo foi: “Metade dos gaúchos está acima do peso”. Na sexta-feira, Zero Hora manchetou: “Multas por falta de uso do cinto dobram”. E o Correio do Povo: “Prisão expõe ação do PCC no Sul”.

Convenhamos! São manchetes bastante reveladoras do que não dizem. Fosse qualquer outro o presidente, a manchete seria a inauguração da Braskem e a capitalização da Petrobras. A fábrica no Pólo Gaúcho é a maior do mundo. É um marco da indústria química em favor do meio ambiente, porque produz plástico a partir da cana-de-açúcar, uma fonte renovável.

Na verdade, PIG gaúcho parece ter jogado a toalha. E isso, se não for entusiasmo de minha parte, é muito bom. Vai comprovar uma coisa que disse há muito tempo aqui: que estas seriam as eleições mais livres que o Brasil já conheceu porque o PIG não tem mais poder. O PIG, hoje, só determina a opinião de seus seguidores fiéis, e olhe lá!

Vendo de perto, são aqueles 4% que odeiam o Lula.


Paulo Cezar da Rosa


Paulo Cezar da Rosa é jornalista e publicitário. Publicou o livro O Marketing e a Comunicação da Esquerda. É diretor da Veraz Comunicação e da Red Marketing, ambas sediadas em Porto Alegre

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