Parlamentares e coordenador da bancada querem acusado preso na PF
Felipe Prestes*
Lideranças do Partido dos Trabalhadores demonstram convicção de que o sargento César Rodrigues não agia sozinho. Em entrevista coletiva concedida, nesta quarta-feira (8/9), os deputados Raul Pont e Stela Farias, e o coordenador da bancada do partido na Assembleia Legislativa, João Victor de Oliveira, disseram acreditar que as espionagens saíam do centro do governo do estado do Rio Grande do Sul. Lembraram denúncias antigas contra o ex-chefe-de-gabinete do governo Ricardo Lied, e mostraram que César Rodrigues investigava aliados do governo e adversários com intenções diferentes.
O próprio advogado, que defende o militar, Adriano dos Santos Pereira, garante que seu cliente recebia ordens de pelo menos quatro superiores. Mas reconhece que ele também tinha autonomia para acessar dados do sistema Consultas Integradas, sem comunicar previamente a ninguém. Pereira afirma que seu cliente não fez uso ilegal do sistema. O advogado alega ainda que o sargento foi denunciado por um contraventor como represália à sua atuação em fechamentos de casas de bingo e caça-níqueis. Porém revela que Rodrigues e este contraventor possuíam um amigo em comum, e dá explicação confusa sobre um depósito feito para a mulher do sargento.
Na entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (8/9) os petistas deixaram claro o que pensam sobre o caso do sargento: o militar não agia sozinho, e a espionagem que realizava saía do centro do governo. Raul Pont, Stela Farias e João Victor de Oliveira lembraram a denúncia de espionagem revelada em 2008, em que o então chefe-de-gabinete da governadora Ricardo Lied teria usado o sistema Guardião para prejudicar o petista Luis Fernando Schmidt, que era candidato à prefeitura de Lajeado. “Este processo não é fruto de uma falta de controle do sistema ou da cabeça enlouquecida do sargento. Estamos convencidos de que há uma arquitetura de espionagem que sai do centro do governo”, disse Stela Farias. A deputada também reiterou que as investigações que o sargento fez sobre pessoas ligadas ao governo, como a governadora e suas assessoras, eram diferentes das que fazia de adversários. “Eles foram averiguados para se proteger de investigações. Contra mim queriam encontrar algo que pudesse me prejudicar”.
Para o deputado Raul Pont, o sargento parece ter relação muito próxima com o comando da Casa Militar. “Esse cidadão tinha acesso a uma senha que era totalmente reservada, não era qualquer um que tinha acesso. É surpreendente que ele era portador de uma FG comum a oficiais”, declarou. O presidente estadual do PT entende que o sargento não deva ficar sob custódia da Brigada Militar (hoje ele está preso em um quartel do BOE) nem ser julgado por esta corporação. “Não achamos que o sargento deva ser investigado por seus pares. Entendemos que deveria ficar sob a custódia da PF”.
Os membros do PT revelaram ainda que medidas o partido está tomando. A agremiação vai constituir advogado para acompanhar o caso. A sigla também vai requerer ao colégio de líderes na AL que busquem providências junto ao governo do estado. “Não pode o Parlamento assistir de braços cruzados. No mínimo, precisa haver uma manifestação firme de repúdio”, disse Stela Farias. Para Raul Pont, a Casa Militar precisa acabar com “serviço de espionagem”. “A Casa Militar tem que cuidar da segurança da governadora e dos funcionários próximos. Não cabe a um governo manter um serviço de espionagem. Não é republicano. Isso é atribuição das polícias”.
Além disso, a deputada Stela Farias, por sua vez, garante que o promotor Amilcar Macedo, que cuida do caso, teria lhe dito que o sargento César Rodrigues conhecia os itinerários dos seus filhos. Esse tipo de informação não consta no sistema Consultas Integradas e, portanto, o sargento estaria espionando os filhos da deputada também nas ruas. O promotor, contudo, nega que tenha passado essa informação a Stela Farias.
Para tucano, questão é criminal e não política
O Sul21 entrou em contato com o Palácio Piratini que informou que a bancada do PSDB responderia questões ligadas à entrevista coletiva concedida pelo PT. Para o presidente estadual do PSDB e deputado federal, Cláudio Diaz, a questão é criminal e não política. “O governo está aberto, pronto para auxiliar as investigações”, garantiu. Ah! entendi, tucanos não quebram sigilo, tucanos são bandidos(comentário meu).
Diaz também afirmou que os deputados petistas têm “outros problemas” para se preocupar. “Eles são especialistas nisso aí. Estão muito preocupados. Mas para os problemas do partido deles fazem olho branco”, declarou. O tucano negou de forma irônica estar fazendo referência ao caso da Receita Federal. “Olha, eles têm tantos problemas para se preocupar”, repetiu.
Sobre as afirmações dos petistas, de que o sargento investigava aliados e adversários do governo com objetivos diferentes, disse que “quem pode responder são os promotores, policiais e juízes”.
“Não há dossiê contra ninguém”, diz advogado
Segundo o advogado Adriano dos Santos Pereira, os chefes das casas Civil e Militar, além do tenente-coronel Frederico Bretschneider Filho – que trabalhava na Casa Militar e foi exonerado nesta semana – e do tenente-coronel Abel, assessor da Casa Militar, lhe orientavam para checar este ou aquele dado. Noutras vezes, ele mesmo olhava por conta própria. Mas, garante Pereira, os acessos faziam parte da atribuição do sargento. “O Rodrigues tinha função de inteligência e de contra-inteligência. Ele possuía a senha para isso. O que não pode é usar essa senha de forma errada. Não há dossiê nenhum contra ninguém”. O advogado revela ainda que, de fato, seu cliente pesquisou sobre veículos do Partido dos Trabalhadores. “Havia suspeita de que carros estariam rondando a governadora, por isso foi feita a pesquisa”. Na coletiva, o deputado Raul Pont rebateu este argumento. “Se há suspeita, você pesquisa pela placa do carro”, disse.
O advogado explica ainda que dados podem ter sido checados para auxiliar a assessoria da governadora a saber “uma data de aniversário para enviar um cartão”, ou até mesmo por curiosidade. “O Tarso Genro, por exemplo, foi acessado mais de mil vezes nos últimos meses. As pessoas olham por curiosidade”, afirmou. Ainda segundo Pereira, seu cliente não precisaria revelar os motivos de suas consultas, pois sua função teria sigilo profissional.
Adriano dos Santos Pereira acredita que a denúncia, que partiu de um contraventor, seria represália pela atuação de César Rodrigues em casos de fechamento de casas de bingo e de caça-níquel. E afirma que seu cliente não pode ter extorquido contraventores, porque “vive na pindaíba”, tendo inclusive precisado de empréstimo recente no Banrisul. Ainda assim, dá uma explicação confusa sobre um depósito que foi feito na conta da mulher de Rodrigues: “A mulher do Rodrigues estava em Natal e precisava de um depósito na Caixa Econômica Federal. O contraventor é muito próximo de um compadre do Rodrigues. Este compadre tem uma lotérica e fez o depósito. Depois, o contraventor usou isso contra o Rodrigues”.
*Matéria originalmente publicada no site Sul 21
Felipe Prestes*
Lideranças do Partido dos Trabalhadores demonstram convicção de que o sargento César Rodrigues não agia sozinho. Em entrevista coletiva concedida, nesta quarta-feira (8/9), os deputados Raul Pont e Stela Farias, e o coordenador da bancada do partido na Assembleia Legislativa, João Victor de Oliveira, disseram acreditar que as espionagens saíam do centro do governo do estado do Rio Grande do Sul. Lembraram denúncias antigas contra o ex-chefe-de-gabinete do governo Ricardo Lied, e mostraram que César Rodrigues investigava aliados do governo e adversários com intenções diferentes.
O próprio advogado, que defende o militar, Adriano dos Santos Pereira, garante que seu cliente recebia ordens de pelo menos quatro superiores. Mas reconhece que ele também tinha autonomia para acessar dados do sistema Consultas Integradas, sem comunicar previamente a ninguém. Pereira afirma que seu cliente não fez uso ilegal do sistema. O advogado alega ainda que o sargento foi denunciado por um contraventor como represália à sua atuação em fechamentos de casas de bingo e caça-níqueis. Porém revela que Rodrigues e este contraventor possuíam um amigo em comum, e dá explicação confusa sobre um depósito feito para a mulher do sargento.
Na entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (8/9) os petistas deixaram claro o que pensam sobre o caso do sargento: o militar não agia sozinho, e a espionagem que realizava saía do centro do governo. Raul Pont, Stela Farias e João Victor de Oliveira lembraram a denúncia de espionagem revelada em 2008, em que o então chefe-de-gabinete da governadora Ricardo Lied teria usado o sistema Guardião para prejudicar o petista Luis Fernando Schmidt, que era candidato à prefeitura de Lajeado. “Este processo não é fruto de uma falta de controle do sistema ou da cabeça enlouquecida do sargento. Estamos convencidos de que há uma arquitetura de espionagem que sai do centro do governo”, disse Stela Farias. A deputada também reiterou que as investigações que o sargento fez sobre pessoas ligadas ao governo, como a governadora e suas assessoras, eram diferentes das que fazia de adversários. “Eles foram averiguados para se proteger de investigações. Contra mim queriam encontrar algo que pudesse me prejudicar”.
Para o deputado Raul Pont, o sargento parece ter relação muito próxima com o comando da Casa Militar. “Esse cidadão tinha acesso a uma senha que era totalmente reservada, não era qualquer um que tinha acesso. É surpreendente que ele era portador de uma FG comum a oficiais”, declarou. O presidente estadual do PT entende que o sargento não deva ficar sob custódia da Brigada Militar (hoje ele está preso em um quartel do BOE) nem ser julgado por esta corporação. “Não achamos que o sargento deva ser investigado por seus pares. Entendemos que deveria ficar sob a custódia da PF”.
Os membros do PT revelaram ainda que medidas o partido está tomando. A agremiação vai constituir advogado para acompanhar o caso. A sigla também vai requerer ao colégio de líderes na AL que busquem providências junto ao governo do estado. “Não pode o Parlamento assistir de braços cruzados. No mínimo, precisa haver uma manifestação firme de repúdio”, disse Stela Farias. Para Raul Pont, a Casa Militar precisa acabar com “serviço de espionagem”. “A Casa Militar tem que cuidar da segurança da governadora e dos funcionários próximos. Não cabe a um governo manter um serviço de espionagem. Não é republicano. Isso é atribuição das polícias”.
Além disso, a deputada Stela Farias, por sua vez, garante que o promotor Amilcar Macedo, que cuida do caso, teria lhe dito que o sargento César Rodrigues conhecia os itinerários dos seus filhos. Esse tipo de informação não consta no sistema Consultas Integradas e, portanto, o sargento estaria espionando os filhos da deputada também nas ruas. O promotor, contudo, nega que tenha passado essa informação a Stela Farias.
Para tucano, questão é criminal e não política
O Sul21 entrou em contato com o Palácio Piratini que informou que a bancada do PSDB responderia questões ligadas à entrevista coletiva concedida pelo PT. Para o presidente estadual do PSDB e deputado federal, Cláudio Diaz, a questão é criminal e não política. “O governo está aberto, pronto para auxiliar as investigações”, garantiu. Ah! entendi, tucanos não quebram sigilo, tucanos são bandidos(comentário meu).
Diaz também afirmou que os deputados petistas têm “outros problemas” para se preocupar. “Eles são especialistas nisso aí. Estão muito preocupados. Mas para os problemas do partido deles fazem olho branco”, declarou. O tucano negou de forma irônica estar fazendo referência ao caso da Receita Federal. “Olha, eles têm tantos problemas para se preocupar”, repetiu.
Sobre as afirmações dos petistas, de que o sargento investigava aliados e adversários do governo com objetivos diferentes, disse que “quem pode responder são os promotores, policiais e juízes”.
“Não há dossiê contra ninguém”, diz advogado
Segundo o advogado Adriano dos Santos Pereira, os chefes das casas Civil e Militar, além do tenente-coronel Frederico Bretschneider Filho – que trabalhava na Casa Militar e foi exonerado nesta semana – e do tenente-coronel Abel, assessor da Casa Militar, lhe orientavam para checar este ou aquele dado. Noutras vezes, ele mesmo olhava por conta própria. Mas, garante Pereira, os acessos faziam parte da atribuição do sargento. “O Rodrigues tinha função de inteligência e de contra-inteligência. Ele possuía a senha para isso. O que não pode é usar essa senha de forma errada. Não há dossiê nenhum contra ninguém”. O advogado revela ainda que, de fato, seu cliente pesquisou sobre veículos do Partido dos Trabalhadores. “Havia suspeita de que carros estariam rondando a governadora, por isso foi feita a pesquisa”. Na coletiva, o deputado Raul Pont rebateu este argumento. “Se há suspeita, você pesquisa pela placa do carro”, disse.
O advogado explica ainda que dados podem ter sido checados para auxiliar a assessoria da governadora a saber “uma data de aniversário para enviar um cartão”, ou até mesmo por curiosidade. “O Tarso Genro, por exemplo, foi acessado mais de mil vezes nos últimos meses. As pessoas olham por curiosidade”, afirmou. Ainda segundo Pereira, seu cliente não precisaria revelar os motivos de suas consultas, pois sua função teria sigilo profissional.
Adriano dos Santos Pereira acredita que a denúncia, que partiu de um contraventor, seria represália pela atuação de César Rodrigues em casos de fechamento de casas de bingo e de caça-níquel. E afirma que seu cliente não pode ter extorquido contraventores, porque “vive na pindaíba”, tendo inclusive precisado de empréstimo recente no Banrisul. Ainda assim, dá uma explicação confusa sobre um depósito que foi feito na conta da mulher de Rodrigues: “A mulher do Rodrigues estava em Natal e precisava de um depósito na Caixa Econômica Federal. O contraventor é muito próximo de um compadre do Rodrigues. Este compadre tem uma lotérica e fez o depósito. Depois, o contraventor usou isso contra o Rodrigues”.
*Matéria originalmente publicada no site Sul 21
CartaCapital
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