O anúncio da equipe econômica de Dilma Rousseff deixou claro qual será o perfil de seu futuro governo: desenvolvimento com controle da inflação, contenção de gastos públicos com melhoria e modernização do desempenho da máquina estatal, geração de empregos e combate à miséria e à desigualdade social. Tanto os indicados reforçaram estes princípios em suas falas, como as suas biografias confirmam suas afirmações.
Diferentemente de Lula, que teve que acalmar o mercado econômico-financeiro no início de seu mandato e anunciar que não faria mudanças bruscas na condução da política econômica, Dilma pode agora nomear uma equipe econômica de perfil claramente desenvolvimentista.
A autonomia do Banco Central e o seu papel de defensor da moeda foram garantidos pela indicação de Alexandre Tombini, um técnico de carreira do próprio BC, altamente respeitado pela sua competência, mas desprovido dos lastros políticos de seu antecessor. Suas ações deverão estar afinadas com as metas gerais do governo, que serão definidas por Guido Mantega e por Miriam Belchior, além, é claro, da própria presidente da República.
Confirmado como Ministro da Fazenda, pasta à qual o BC está subordinado por lei, Guido Mantega, historicamente identificado como desenvolvimentista, foi claro em afirmar que, além do controle da inflação, “uma das prioridades máximas da política econômica” do futuro governo será a geração de empregos. Apontado pelo “mercado” como integrante do grupo dos “gastadores”, o ministro fez questão de declarar que haverá controle das contas, com “corte nos gastos de custeio para aumentar a poupança pública”. O próximo ano será dedicado à recuperação fiscal e ao início da redução da dívida pública dos atuais 41% do PIB para apenas 30% em 2014.
Fez coro a esse projeto, a fala da futura titular do Ministério do Planejamento, Miriam Belchior, gestora do PAC durante a titularidade de Dilma Rousseff na Casa Civil e ex-secretária da Prefeitura Municipal de Santo André (SP). A futura ministra afirmou que o foco de sua atuação será “avançar ainda mais no planejamento das ações do governo e [na] melhora dos gastos do governo e da gestão pública”. Segundo ela, “o novo governo começa com a responsabilidade de manter o ciclo virtuoso do governo Lula na área social”. Todas as suas ações estarão voltadas para a busca de “um crescimento que reduza ainda mais as desigualdades do país”.
Caminha no mesmo sentido, a confirmação, ainda não oficializada, mas dada como certa, de Luciano Coutinho na presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Coutinho tem o mesmo perfil desenvolvimentista dos dois ministros já anunciados da área econômica e, com certeza, atuará em sintonia com eles.
Revela-se, desta forma, a postura de autônoma da futura presidente da República. Contrariando os que esperavam que ela se mantivesse à sombra de Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff deixa claro, desde os primeiros anúncios de sua equipe de governo, que tem vôo próprio e um projeto de governo bastante delineado. Haverá continuidade, sem dúvida, mas haverá também inovação. Editorial Sul21
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