terça-feira, 23 de novembro de 2010

O sonho de José Serra está prestes a ser realizado

Como sabido, o sonho de Serra era ser presidente do Brasil.Como não deu, ele deve se contentar com a presidência do instituto tucano de picaretagem.

Serra deve presidir instituto tucano

O Estado de S. Paulo


Nem aposentadoria, nem a presidência do partido: PSDB quer colocar o ex-presidenciável à frente de centro de estudos e pesquisas

O PSDB já tem a fórmula para não entregar a presidência nacional do partido ao candidato derrotado José Serra, nem tampouco forçar a aposentadoria do expoente tucano, deixando-o sem tribuna. Para preservar aquele que arrebanhou 43,7 milhões de votos e valorizar o "racha" do eleitorado pela oposição, Serra deverá assumir a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV) de estudos e pesquisas do PSDB.

Esta é a alternativa que os tucanos vislumbram para reservar a Serra um espaço confortável na estrutura partidária, que lhe permita agir como oposição tucana e não afronte as resistências à ideia de abrigá-lo na presidência da legenda, como ocorreu depois da eleição de 2002.

O tucanato avalia que a saída tem múltiplas vantagens, a começar por livrar Serra do título de "candidato derrotado", conferindo-lhe um posto de "presidente" sem aprofundar o racha entre paulistas e mineiros ligados ao senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG).

Além de ser um instituto que fica acima da legenda, o ITV tem a vantagem de ser a única estrutura que tem recursos próprios, pois conta com os repasses legais e obrigatórios do partido. No cargo de presidente, Serra vai gerir um orçamento que este ano beirou os R$ 4 milhões, suficientes para contratar uma pequena equipe de assessores.

Mais que isso: no ITV, Serra terá mobilidade para viajar pelo País e comandar a tal "refundação do PSDB" sugerida por Aécio, tarefa que também poderá ocupar o presidente de honra Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente da legenda Tasso Jereissati, que não conseguiu se reeleger senador pelo Ceará.

Visibilidade. Parece muito pouco para o presidenciável que sete meses atrás governava o Estado mais rico e mais populoso do Brasil, mas o partido entende que o posto pode dar visibilidade a Serra no momento em que, oito anos de governo Lula depois, os tucanos se propõem a defender a gestão FHC (1995-2002) e o trabalho dos seus governadores e prefeitos em Estados e cidades importantes do País.

Como atualmente o ITV é presidido pelo deputado serrista Luiz Paulo Vellozo Lucas, que também foi derrotado na briga pelo governo do Espírito Santo, os tucanos não veem dificuldade na substituição.

O deputado é economista de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e já comentou com correligionários que quer voltar à instituição porque lhe faltam apenas mais quatro anos - período em que ficará sem mandato eletivo - para se aposentar.

Os estudos, pesquisas e análises de conjuntura semanais que o instituto produziu nos últimos quatro anos foram de pouca utilidade e praticamente nenhuma divulgação. Não interessava ao partido liderar um debate de conteúdo com Serra estando à frente nas pesquisas de intenção de voto. O PSDB preferiu focar no projeto eleitoral e o debate de conteúdo na oposição ao governo e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou interditado.

Os tucanos admitem que no debate do petróleo do pré-sal, por exemplo, o PSDB se manteve escondido. O deputado Luiz Paulo ficou sozinho no discurso em defesa do modelo de exploração herdado do governo Fernando Henrique Cardoso. Agora, no entanto, os dirigentes nacionais da legenda avaliam que foi um erro que não deve ser repetido, sob pena de, mais uma vez, comprometer a candidatura presidencial tucana em 2014.


O INSTITUTO

Órgão de estudos e formação política ligado ao PSDB com sede em Brasília, o Instituto Teotônio Vilela (ITV) foi criado em 1995 e atua em 26 Estados. Responsável pelo aperfeiçoamento e divulgação da doutrina social-democrata no País, promove seminários, debates e palestras sobre a realidade nacional e dispõe de um variado acervo bibliográfico para uso de acadêmicos, pesquisadores, cientistas sociais e estudantes. Conta com 28 intelectuais e políticos em seu Conselho Deliberativo

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