sexta-feira, 3 de junho de 2011

O desmonte da Infraero


Na terça-feira 31 de maio, a presidenta Dilma Rousseff anunciou a concessão de três aeroportos, Guarulhos, Viracopos (Campinas) e Brasília, que passarão ao controle societário da iniciativa privada, que, também, será responsável pela operação desses locais.


Dois dias depois, foi anunciado que também serão privatizados os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Belo Horizonte.


A presidenta Dilma Rousseff ignorou o documento elaborado pela Infraero e encaminhado às autoridades competentes pelo conselho de administração da empresa, que aniquila inteiramente o relatório da multinacional McKinsey, que, contratada pelo governo, elaborou o relatório Estudo do Setor do Transporte Aéreo no Brasil, que norteia as decisões tomadas agora.


Uma observação à parte: a iniciativa mostra um descaso absoluto com a engenharia nacional.


Se o governo supôs que os técnicos nacionais optariam pela manutenção do modelo (estatal) existente, deveria considerar que as empresas estrangeiras, como a McKinsey, estão inevitavelmente comprometidas com o processo de privatização.


O modelo da concessão prevê a entrega de 51% do controle dos aeroportos para os investidores privados. A Infraero ficará com 49%. Isso marca uma mudança de modelo que, na prática, significa a implosão da Infraero, uma das mais bem-sucedidas empresas aeroportuárias do mundo.


Criada na década de 1970, a Infraero administra hoje 67 aeroportos, 34 terminais logísticos de cargas, torres de controle e outros meios auxiliares de navegação aérea. Nesse estoque, formado também para atender a conveniências políticas, é possível notar que a empresa administra aeroportos pequenos como o Júlio César, em Belém (PA), com 30 mil passageiros por ano, e gigantes como Cumbica, em Guarulhos (SP), com 20 milhões.
A concessão muda radicalmente a lógica do sistema implantado no Brasil, que, na verdade, reflete o modelo de países de dimensões continentais, como o nosso, nos quais o serviço aéreo é um meio essencial para o transporte de pessoas e mercadorias. Isso significa que o estado não pode abrir mão do controle do sistema. É o que o Brasil está fazendo agora.


Curioso é que os nossos “patriotas”, que olham para os Estados Unidos com o sentimento de que admiram a sociedade perfeita, desconheçam que, lá, o poder público controla o sistema aeroportuário.


Todos os grandes aeroportos do mundo, excetuando Londres e Cingapura, são controlados e operados por empresas públicas. No Brasil, isso permite que os aeroportos lucrativos, como os do Rio e São Paulo, financiem aqueles de pequeno movimento, como Londrina (PR) e Cuiabá (MT), que, no entanto, são também essenciais para a economia nacional. Os lucrativos financiam os não lucrativos.

Pergunta: a iniciativa privada sustentará isso? Claro que não. E isso faz sentido. Mas será justo os
empresários ficarem com o filé e o Estado com o osso?


O sistema federal que, a partir de agora, começa a ser desmontado em benefício das regras ortodoxas da privatização seguiu cegamente à seleção feita pela McKinsey, que se norteou somente pelos grupos interessados na privatização.

Tudo isso foi precedido pelas tentativas de sufocar a Infraero e provocar pequenos escândalos inspirados pelos interesses privados, em detrimento das necessidades dos usuários. Um exemplo: as tarifas portuárias nos custos operacionais das empresas aéreas, de 1,5%, estão bem abaixo da média internacional, de 3,8%.CartaCapital

7 comentários:

José Maria disse...

REQUIÃO EM 2014.

Se ele se candidatar terá meu voto.
Ele tem coragem e não mede palavras.

REQUIÃO EM 2014

Anônimo disse...

É uma boa pedida, mas do jeito que as coisas andam neste país, temo que tenhamos Bolsonaro ou Silas Malafaia da República Cristã Fundamentalista de Extrema Direita do Brasil.

Anônimo disse...

Em 2014 - Kassab e Kátia Abreu

Zé disse...

Kassab e Kátia Abreu?

Só se for pra acabar de vez com o Brasil. Esse sujeito não consegue nem ser prefeito. Imagina isso na presidência.

Eu choro de rir dos demos.

Anônimo disse...

PaloXXi em 2014.

Roberto Santos disse...

Temos a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Será que o Estado conseguiria ser rápido o suficiente para executar as mudanças e implementações necessárias?
Será que a engenharia do tráfego aéreo será entregue à iniciativa privada?
Será que a privatização tão combatida na campanha eleitoral passada agora não se mostra uma solução viável?

VERA disse...

DILMA em 2014!!!

XÕ, TUCANALHA MALDITA!!!