quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os Zorros do Tonto

 

 
Na infância e adolescência, meu herói preferido, entre tantos dos seriados na TV, era o Zorro da capa e espada. Adorava as aventuras de Don Diego de La Vega, o aristocrata que se transformava no “bandido” mascarado e lutava contra os tiranos espanhóis que oprimiam seu povo. Zorro raramente matava seus adversários em combate. Preferia desmoralizá-los, com sua insuperável destreza com a espada, fazendo suas calças caírem ou marcando o “Z” em suas camisas. Sua vítima predileta era o bonachão sargento Garcia que, obviamente, jamais conseguia prendê-lo.
Além deste, havia outro Zorro na TV. Era o Zorro milico, do exército dos EUA, que também usava máscara. Mas em vez de espada, suas armas eram revólveres. Este Zorro ainda tinha um parceiro, espécie de Robin do Batman, chamado Tonto. Tonto, era um índio “convertido”, fiel e obediente ao seu amo. Era o símbolo da subserviência, da inferioridade racial de todos os peles vermelhas frente ao homem branco, invasor de suas terras. Este Zorro parecia herói, foi concebido para ser herói, mas não agradou e sumiu da programação. Afinal, onde já se viu um índio ser ajudante de um soldado mascarado cujo exército dizimava seu povo?
 
 
Enfim, o Zorro da capa e espada era um herói de verdade. Idealista, inteligente e simpático, estava sempre ao lado dos pobres e oprimidos. O outro era uma aberração criada para justificar o genocídio das tribos indígenas americanas.
 
 
Os capas-pretas do STF julgam-se, e são vendidos à opinião publicada, como os Zorros da capa e espada. Mas agem como Zorros do Tonto. Certamente foram-lhes prometidos consagração e um lugar garantido na história em troca de rasgarem a Constituição e condenarem sumariamente os réus da 470. Precisamente durante as campanhas eleitorais deste ano.
 
 
Que os capas-preta não entendem de campanhas eleitorais, já demonstraram desde o início do espetáculo que protagonizam. Só o tempo dirá se as exceções que nortearam este julgamento serão corrigidas ou servirão para condenar outros inimigos, em processos futuros. Mas perante a comunidade jurídica nacional e internacional o trabalho dos capas-preta vale menos que uma nota de 3 reais.
 
 
 
Depois do que vimos neste julgamento, podemos afirmar que será muito fácil para o PiG manipular o STF. Suas publicações e emissoras de TV, podem alimentar a vaidade dos capas-preta Ad Infinitum. Barbosa dará ao PiG as imagens e manchetes que tanto queriam até o fim desta semana. Tudo de acordo com o script político-eleitoral previamente acordado entre as partes.
 
 
Embora tenha sido inútil para seus propósitos imediatos, há quem aposte que o PiG continuará associado aos capas-preta em perseguição implacável a Lula, Dilma e o PT para, no mínimo, evitar que cheguem em 2014 com a força da aprovação popular estratosférica que dispõem atualmente e sejam favoritos para disputar o governo de São Paulo e a presidência do país.
 
 
Obviamente que sou um leigo no que diz respeito aos aspectos técnicos do julgamento da 470. Minha convicção sobre tudo isso ser uma farsa golpista se deve ao meu próprio senso de justiça: até onde eu sei, o réu era inocente até que se provesse o contrário e o ônus da prova sempre cabia ao acusador.
 
 
Já li dezenas de artigos assinados por especialistas em direito desde o início deste julgamento. Não há um único parecer favorável sobre as deliberações criminosas que tem ocorrido no STF. O PiG está carimbando Barbosa como um justiceiro implacável. Dizem aqui e ali que é potencial candidato à presidência. Sei… um negro. A elite racista, escravagista, decadente, estacionada no Brasil Império, vai aceitar um negro como seu presidente? Depois de um operário e de uma mulher, um negro? Justo eles, que botam a polícia mais violenta do Brasil para higienizar São Paulo, assassinando negros da periferia diariamente? Nem Barak Obama eles engoliram! E olha que Obama governou a favor dos mesmos interesses imperialistas de todos os seus antecessores.
 
 
Resta saber se o PiG, que assumiu o controle do STF e da oposição, terá forças e coragem de seguir adiante em suas manobras rasas. Porque as urnas deram uma banana aos golpistas e os quinze minutos de fama dos capas-preta estão chegando ao fim.
 

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